O COMPETE 2020 ao lado do setor têxtil e do vestuário no longo desafio da Inovação. A história do setor que se reinventou

O ano de 2016 representa um marco para a indústria têxtil e do vestuário ao atingir um recorde de 7,3 mil milhões de euros de volume de negócios, um saldo líquido anual da balança comercial de mais de 1,1 mil milhões de euros.

Segundo os dados do INE (tratados pela ATP), as exportações de têxteis e vestuário, em 2016, registaram um crescimento superior a 5%, face a 2015, tendo alcançado 5063 milhões euros, ultrapassando assim as estimativas da Associação que apontavam para 5055 milhões de euros.

O vestuário e os acessórios de malha foram os produtos da ITV que mais cresceram em 2016 nas exportações comparativamente com ano anterior, atingindo 3102 milhões de euros, ou seja mais 227 milhões do que em 2015, o que representa uma subida de 12% nas vendas ao exterior.

As exportações de vestuário passaram de 2874 milhões de euros em 2015 para 3102 milhões no ano passado. Os têxteis (excepto têxteis-lar) subiram de 1238 milhões para 1248, enquanto os têxteis-lar e outros artigos têxteis confeccionados deram um salto de 704 milhões para 712.

As matérias-primas de algodão, incluindo fios e tecidos, apresentaram uma crescimento de 19,4% no valor exportado em 2016, equivalente a um acréscimo de 27 milhões de euros.

Os tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados e artigos para usos técnicos de matérias têxteis, com um aumento nas exportações de 10,4%, equivalente a um acréscimo absoluto de 21 milhões de euros.

E é precisamente este segmento – têxteis técnicos – que apresenta um enorme potencial de crescimento e onde as empresas apostam através dos instrumentos do COMPETE 2020, sobretudo os sistemas de incentivos de I&DT e actividades de transferência de tecnologia.

Este segmento que exige grande incorporação de tecnologia, está presente sobretudo na indústria automóvel, no desporto e na proteção individual.

A indústria têxtil e vestuário portuguesa é um cluster dinâmico, onde se podem encontrar empresas de todos os subsetores da fileira – fiações, tecelagens, acabamentos, malhas, confeção, têxteis-lar e têxteis técnicos - que funcionam de forma complementar e sinérgica, apoiadas por um desenvolvido sistema científico e tecnológico, no qual se destacam o Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e Vestuário (CITEVE) e o Centro de Nanotecnologia e Materiais Avançados (CENTI).

 

O PROGRAMA INTERFACE VAI APOIAR A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO TÊXTIL

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, alertou, no âmbito do iTechStyle Summit, os diferentes parceiros do sector têxtil para o lançamento recente do Programa Interface que visa apoiar a inovação tecnológica.

Com apresentação agendada para dia 23 de fevereiro, no Páteo da Galé, este programa vai contribuir para dar outra dimensão ao trabalho das entidades de interface , como os centros tecnológicos, incentivar a transferência de tecnologia e colocar os produtos nacionais em segmentos de alto valor acrescentado.

Nesta edição da Newsletter vamos apresentar-lhe alguns dos projetos  na área dos têxteis “inovadores” desenvolvidos com o apoio do COMPETE 2020

> Smart CLOTHIUS: a procura da diversificação e de novos posicionamentos no mercado levou a empresa a apostar na inovação e com este projeto a CLOTHIUS vai conferir aos seus artigos as mais-valias tecnológicas pretendidas pelo mercado têxtil, particularmente, o internacional, tendo como objetivo estar na vanguarda do estado de arte têxtil através da oferta de 3 gamas inovadoras de produtos:SSC - SMART SPORT CLOTH - Vestuário de controlo e monitorização,SSS - SMART SPORT SHOES - Calçado desportivo inteligente, SHF - SMART HIGH FASHION - Vestuário de alta-costura inteligente. A CLOTHIUS - TECELAGEM, é uma indústria de tecelagem de malhas circulares dotada de um parque de máquinas, pessoal capacitado e experiente que permite desenvolver e responder às exigências dos clientes com a maior qualidade e num curto lead time (4 semanas), sendo este o principal fator de distinção face à concorrência.

 

> Projeto TERRY_Advance: Desenvolvimento de uma nova geração de estruturas de tecidos de felpos customizados tem como objetivo o desenvolvimento de um novo conceito de felpos, que potencie a absorção e sua velocidade da estrutura de felpo, realçando a sensação de secura, toque suave e agradável ao uso, incorporando diversas funcionalidades consoante o tipo de aplicação. Para a implementação do projeto TERRY_Advance – Desenvolvimento de uma nova geração de estruturas de tecidos de felpos customizados foi constituída uma equipa de investigação composta por elementos internos à Mundotêxtil, e por elementos do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil (2C2T), da Universidade do Minho, mais propriamente do Grupo Fibrenamics, representados neste projeto pela TecMinho.

 

> CLEVERFIL: Inovando a Fiação, Acompanhando as Tendências com Produtos Diferenciadores - A CLEVERFIL é uma empresa recente, que resultou de uma conjugação de sinergias e conhecimento dos seus sócios-gerentes que identificam na fiação de fios têxteis Sistema Open End fiados com fibras sintéticas e suas misturas (acrílica, poliéster e viscose), em cru ou em cor, uma oportunidade de negócio com elevado sucesso.O projeto promovido pela CLEVERFIL prevê a criação de novas instalações dotadas da mais avançada e sofisticada tecnologia produtiva, organizacional e gestionária que possibilitará o crescimento da empresa pela elevada capacidade de resposta e pela capacidade de inovação que a mesma deterá. A empresa reunirá as condições para ser a pioneira na produção de fios sintéticos.

 

> Projeto TexBioPro: Com este projeto pretende-se produzir micropartículas não tóxicas e com materiais amigos do ambiente e biodegradáveis para posterior incorporação em substratos têxteis. O desenvolvimento da formulação para a produção destas micropartículas será através de um processo batch, pretendendo-se, de seguida, fazer a transposição para um processo contínuo usando a tecnologia NETmix.Com o uso da tecnologia NETmix consegue-se obter uma melhor distribuição de reagentes e um controlo da sua taxa de fluxo na entrada, permitindo assim uma produção em função das necessidades, conduzindo a uma redução da quantidade de reagentes usados e diminuindo os custos de operação.Por outro lado, com a incorporação de micropartículas produzidas a partir de materiais biodegradáveis nos substratos têxteis, pretende-se introduzir características inovadoras nos têxteis.O projeto é desenvolvido por um consórcio de três entidades de interesse estratégico e de complementaridade mutua, a Devan Micropolis e dois centros de excelência em I&D (Universidade do Porto e Universidade de Coimbra).

20/02/2017 , Por Paula Ascenção