O COMPETE 2020 apoia projetos empresariais que colocam Portugal nas rotas dos céus

A indústria aeronáutica constitui um setor crucial , ao produzir um conjunto de produtos de alta tecnologia com um amplo e variado campo de aplicação. Trata-se de uma atividade estratégica, do ponto de vista industrial, comercial e tecnológico.

A indústria aeronáutica caracteriza-se pelo grande valor acrescentado dos produtos que fabrica. O seu sucesso depende muito do progresso tecnológico e do apoio governamental para o fomento da I&D empresarial. Além disso, trata-se de uma indústria fortemente condicionada pela escala e pelo tempo. Nos últimos anos, os principais fatores influenciadores foram a globalização, a emergência dos países asiáticos, a democratização do transporte aéreo, mercê do crescimento da atividade das companhias “low cost”, as ameaças terroristas e a recessão generalizada dos países ocidentais, a qual teve o seu pior momento em 2008.

Um dos setores mais permeáveis às alterações dos contextos económicos e geopolíticos a nível mundial ou regional é a indústria aeronáutica. Esse facto deriva das suas características próprias: necessidade de grandes investimentos, períodos longos de investigação e desenvolvimento, demorado retorno dos capitais investidos e interdependência entre o fabrico de produtos militares e o fabrico de produtos para utilização civil.

Os elevados custos de desenvolvimento dos novos aviões, a procura dos preços mais baixos e a existência de capacidade laboral especializada em diversas regiões do mundo, fomentaram a dispersão geográfica da indústria e o crescente aumento dos programas internacionais de I&D, em lógicas de parcerias internacionais onde Portugal ganha terreno.

Portugal presenciou eventos importantes para a história da Aeronáutica: em 1709, Bartolomeu Lourenço de Gusmão faz subir a Passarola, um aeróstato de cujas características técnicas se têm um conhecimento escasso, de sua invenção, lançando-o do Castelo de S. Jorge. Em 1922 deu-se a primeira travessia do Atlântico Sul. Iniciada em Lisboa, às 16:30h no dia 30 de Março, com Sacadura Cabral como piloto e Gago Coutinho como navegador. Este último teve um papel importante na aeronáutica pois criou um horizonte artificial adaptado a um sextante para medir a altura dos astros, revolucionando a navegação aérea na altura.

Atualmente no contexto da indústria aeronáutica em Portugal grandes empresas como a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, S.A (OGMA), a TAP Manutenção e Engenharia (TAP M&E), a EMBRAER integram um ecossistema  de PME, muitas das quais não se dedicam exclusivamente à aeronáutica. Existem em Portugal diversas capacidades aeronáuticas, as quais consistem, principalmente, em atividades de MRO e de fabrico de componentes e aeroestruturas sob licença. Existe também um conjunto de empresas dedicadas às áreas da eletrónica, dos sistemas e das tecnologias da informação e dos veículos não tripulados.

O país possui capacidade de formar engenheiros aeronáuticos e aeroespaciais e técnicos especializados. A criação dos referidos cursos de engenharia partiu do pressuposto que, a falta deles, seria um fator impeditivo ao desenvolvimento da indústria aeronáutica portuguesa. Têm especial relevância as atividades de I&D aeronáutica realizadas na Universidade, nas empresas, em centros de engenharia e na Defesa. Grande parte destas atividades tem vindo a ser executada para os grandes construtores aeronáuticos.

A importância crescente deste setor em Portugal concretizou-se na realização da cimeira “Portugal air Summit", que decorreu dias 24 a 27 de maio, no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor. Durante 4 dias exposições, conferências, workshops e demonstrações do melhor da tecnologia atual, com o foco apontado ao futuro do setor da aeronáutica, incluindo a componente da aviação não tripulada civil e militar.

Neste contexto favorável apresentamos nesta edição da Newsletter alguns dos projetos apoiados pelo COMPETE 2020 que vão contribuir para colocar Portugal nas rotas dos ceús :

• Projeto ALIR_mcs – Advanced Lightweight Impact Resistant: materials, components and structures

O projeto ALIR_mcs visa conceber uma solução compósita de baixo peso com capacidade de resistir a solicitações de impacto de baixa, média e alta energia. Pretende-se que esta solução venha a obter a certificação aeronáutica civil (EASA CS-VLA), de modo a poder aplicar-se a aeronaves não tripuladas. As inovações propostas neste projeto serão utilizadas em todo o setor dos transportes, desde a industrial automóvel, às indústrias ferroviárias e de transporte marítimo.

Este projeto é desenvolvido em consórcio pela empresa XAEROSYSTEMS, S.A. (XAS) , o INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial , o CICECO | Universidade de Aveiro , pela Critical Materials, S.A e pelo CINAMIL - Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da Academia Militar.

• Projeto FLEXCRAFT - Flexible Aircraft

Com este projeto pretende-se validar o conceito Utility, uma aeronave com capacidade STOL (Short Take-Off and Landing), procurando melhorar novas configurações de aeronaves, desenvolver novos processos de produção, integrar novos materiais, de forma a criar uma solução sustentável, eficiente, flexível e adaptável ao tipo de utilização solicitada.

O projeto é desenvolvido pela SETsa (Sociedade de Engenharia e Transformação S.A.) em co-promoção com a Almadesign, Lda., a Embraer Portugal S.A., o INEGI (Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial) e o Instituto Superior Técnico.

• Projeto Elevar: Estudo Localizado de Estruturas Verticais com Aeronaves Robotizadas

Liderado pela Tekever ASDS (Aerospace, Defense and Security), num consórcio com o IST – Instituto Superior Técnico e o LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, I.P., o projeto Elevar visa obter um protótipo funcional de uma aeronave autónoma equipada com sensores e algoritmos de navegação por visão, que colmata insuficiências já identificadas, permitindo, assim, disponibilizar um serviço que não existe a nível internacional.

• CAER Industrialization

A indústria aeronáutica encontra-se em constante evolução e crescimento, sendo que o surgimento de novos modelos de aeronaves origina um conjunto de novas oportunidades para os produtores de componentes. Neste sentido, este projeto de inovação vai dotar a Caetano Aeronáutica S.A. (CAER) da capacidade técnica e tecnológica para angariar novos pacotes de fornecimento junto dos principais fabricantes da indústria aeronáutica, nomeadamente a Airbus e a Boeing.