Novas Soluções e Nichos de Mercado, uma aposta das PME
A indústria é um dos motores decisivos para o desenvolvimento do país, sendo o grande impulsionador das exportações nacionais. A aposta na exportação e internacionalização foi uma estratégia crucial das indústrias portuguesas aos efeitos da crise financeira que o país atravessou. E neste caminho as PME encontraram novas dinâmicas de competitividade. Algumas passaram por seleccionar nichos ou por apostar na diferenciação através da especialização.
Concorrer com gigantes do mercado que possuem produção em massa e consequentemente baixos custos pode não ser uma boa estratégia para pequenas e médias empresas. Por outro lado atuar no mercado de nicho também é um desafio para as grandes empresas, uma vez que os seus processos inviabilizam respostas a segmentos com necessidades específicas.
Vimos nos últimos anos uma corrida das empresas para produzir mais e com baixo custo. Esta estratégia foi e ainda é vencedora, especialmente quando falamos do mercado de massa nas regiões em desenvolvimento económico.
Enquanto as grandes empresas ganham com altos volumes, as PME podem apostar em nichos que conceptualmente devem entregar margens unitárias maiores e por esse motivo, mesmo com volumes reduzidos, os resultados financeiros podem ser muito interessantes.
As pequenas e médias empresas possuem maior capacidade de adaptação às características dos nichos, pequenos segmentos de mercado com necessidades exclusivas e que pagam mais por isso. Processos produtivos flexíveis, capacidade de personalização, expedição e entrega fracionada são características necessárias para quem quer atuar nesse tipo de negócio.
E é nesta oportunidade que a inovação desempenha um papel fundamental, uma vez que ela é capaz de gerar vantagens competitivas a médio e longo prazo.
A inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos de uma empresa, diferenciando-a, ainda que momentaneamente, no ambiente competitivo. Ela é ainda mais importante em mercados com alto nível de competição e cujos produtos são praticamente equivalentes. Aqueles que inovam neste contexto, seja de forma incremental ou radical, de produto, processo ou modelo de negócio, ficam em posição de vantagem em relação aos demais.
Inovar é fundamental permitindo que as empresas possam aceder a novos mercados, aumentem as suas receitas, realizem novas parcerias, adquiram novos conhecimentos e aumentem o valor das suas marcas.
De um modo geral, as empresas são o centro da inovação. É por meio delas que as tecnologias, invenções, produtos, enfim, ideias, chegam ao mercado. Apesar deste papel central exercido pelas empresas, a interação entre parceiros é fundamental. Sem ela, as inovações são dificultadas.
O processo de inovação potencia-se num contexto sistémico formado por universidades, centros de pesquisa, investidores, governo e empresas com os seus clientes, fornecedores, concorrentes ou outros parceiros.
O COMPETE 2020 tem instrumentos de política orientados para estimular processos de inovação nas empresas, colocando-as em patamares de excelência e aptas a competir em mercados exigentes.
Nesta Newsletter vamos apresentar-lhe alguns dos projetos que apostam na inovação para responder a mercados muitos específicos :
- Projeto Wooden - For Your Health Care
No âmbito deste projeto, a empresa J&J Teixeira pretende apresentar uma nova linha de mobiliário hospitalar, denominada Linha Wooden, cujas principais características são a incorporação de funcionalidades antibacterianas e anti estáticas, de nível permanente (ou seja, mantém-se com o uso), possuindo ao mesmo tempo um design apelativo. Além desta linha de mobiliário, a empresa irá também disponibilizar um serviço inovador ao cliente, designado “Idea to Production in 24h” e que visa entregar uma encomenda de um produto do seu mix de produção em 24 horas após a aprovação técnica do cliente.
- Projeto “Inovgrass”
O projeto, liderado pela Exporplás S.A vai produzir, por extrusão, um novo monofilamento polimérico de polietileno que será utilizado em tapetes de relva artificial, com características únicas, como o aspeto natural, a marcada durabilidade e resistência à ação oxidante dos raios UV da luz solar, ao desgaste mecânico e ao fogo, bem como ao nível do controlo da humidade. Os tapetes de relva artificial são particularmente apreciados em países com temperaturas ambientes extremas (desérticos ou gelados), onde os tapetes de relva natural têm muita dificuldade em manter-se em bom estado de conservação. Este novo conceito de relva tem, também, uma vertente ambiental, na medida em que não requer consumo de água para a sua própria preservação.
- Projeto “3 ways to care”
A empresa Dorel Portugal-Artigos para Bébé, Unipessoal, Lda. dedica-se à produção e comercialização de artigos de segurança automóvel para bebés . Com este projeto, a empresa vai apresentar ao mercado novas soluções:
- Cadeira-auto grupo 1 (direcionada para crianças dos 64 aos 105cm) inovadora, com incorporação de sistema de airbag ativo - o conceito deste produto é disruptivo face aos sistemas de segurança em cadeiras-auto existentes no mercado, não existindo a nível internacional qualquer sistema de retenção com airbag incorporado.
- Este produto vem assim elevar os níveis de segurança deste tipo de produtos no mercado em termos de prevenção de lesões no pescoço e nos ombros das crianças, em caso de sinistro automóvel;
- Base versátil de fixação de sistemas de retenção, com sistema de isofix, que permite acoplar 3 sistemas de retenção distintos, direcionados para etapas de crescimento da criança consecutivas, permitindo o transporte de crianças desde o seu nascimento até atingirem 105cm;
- Alcofa de segurança com sistema de fixação através de isofix. Apesar de existirem já no mercado alcofas de segurança, não existe uma alcofa com sistema de fixação isofix.
- Paralelamente a empresa vai apostar na implementação de uma estratégia de marketing inovadora, com o desenvolvimento de uma plataforma online para customização dos produtos (conceito inovador no sector da puericultura a nível nacional).
- Projeto QUIMONO
O projeto promovido pela VYGON compreende a criação de uma nova unidade industrial, criada de raiz, no concelho de Paredes, para produção de uma gama de dispositivos médicos que incorporam uma inovação tecnológica designada QIMONO. O novo produto, apelidado de QIMONO, surge para suprir uma falha de mercado. As investigações ao nível internacional demonstraram que as precauções tomadas para a manipulação de agentes citotóxicos são insuficientes.A unidade industrial da VYGON será dotada de condições ímpares em termos de ambiente protegido bacteriologicamente, recorrendo a equipamentos de elevada sofisticação tecnológica. Estes dispositivos médicos são o resultado de um longo processo de investigação e desenvolvimento tecnológico realizado em parceria com o Institut Carnot- Curie Cancer.
A patente do produto QIMONO já foi requerida pelo grupo Vygon.