A integração do Registo Português de Transplantes com os sistemas informáticos dos hospitais
Enquadramento
Atualmente o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) tem por missão garantir e regular, a nível nacional, a atividade da medicina transfusional e da transplantação e garantir a dádiva, colheita, análise, processamento, preservação, armazenamento e distribuição de sangue humano, de componentes sanguíneos, de órgãos, tecidos e células de origem humana.
As atividades na área da medicina de transplantação são atualmente suportadas pela aplicação RPT - Registo Português de Transplantes. O RPT é um sistema de âmbito Nacional, localizado em 53 Instituições Hospitalares, bem como, em Instituições do Ministério da Saúde, e por diversos utilizadores (médicos, enfermeiros e técnicos).
No âmbito das atividades desenvolvidas pelo RPT, desde a identificação e análise detalhada do dador, registo de consultas de pré-transplante, quer na fase de transplante, bem como, o registo de consultas de follow-up de doentes transplantados, é realizado um conjunto vasto de análises (Hematologia/Bioquímica; Virologia; Microbiologia) que visam caracterizar clinicamente não só o potencial dador, mas também o recetor.
Atualmente estas análises são registadas e guardadas nos sistemas laboratoriais presentes nas diferentes instituições hospitalares não existindo comunicação entre o RPT e os sistemas que possuem os resultados das análises. Esta situação implica a dupla digitação entre dois sistemas de modo que informações críticas para a qualidade de todo o processo de transplantação sejam registadas no sistema RPT. A dupla digitação tem como consequência:
- A diminuição do desempenho geral do processo;
- Inexistência de histórico de análises de um dador no sistema RPT devido ao não registo das informações por parte dos utilizadores do sistema;
- Inexistência de histórico de análises do doente na fase de pré-transplante, bem como, quando transplantado;
- Redução da qualidade geral de todo o processo de transplante.
O Projeto
Este projeto tem o objetivo de implementar a solução de suporte ao RPT nos Hospitais, assegurando a devida validação e incorporando desenvolvimentos adicionais necessários à adequação às necessidades resultantes da reestruturação, nomeadamente no que diz respeito a relatórios, à bio vigilância e ao sistema de alarmes.
A integração entre o RPT e os diferentes sistemas hospitalares, proposto neste projeto, torna mais robusto um processo que pelas suas características é eminentemente imponderável. Com efeito, o evento da dádiva é, pelas suas características, totalmente imprevisível. Como resultado o profissional de saúde não tem à partida uma noção concreta da hora nem do volume de dádiva prevista para o seu plano de trabalho.
Na fase de análise e manutenção do dador, a integração tecnológica proposta neste projeto permitirá vários benefícios:
- Libertar o clínico de tarefas burocráticas que irão reduzir, pelo seu grande volume, o tempo que o profissional de saúde possui para tomar as decisões necessárias nos procedimentos clínicos a realizar no dador;
- Aumentar o tempo útil gasto em tarefas que permitam efetivamente melhorar a qualidade dos órgãos presentes no dador;
- Aumentar o tempo útil que o profissional de saúde possui para realizar tarefas não integrantes no processo de transplantação mas que são igualmente críticas para a unidade e doentes com quem interage.
De igual modo nas fases de pré e pós-transplante a integração proposta permitirá obter dois grandes benefícios:
- Possibilidade de criação de um histórico laboratorial para as fases de pré e pós transplante que permitam, através da correlação entre resultados laboratoriais e procedimentos clínicos um melhor resultado do enxerto;
- Redução do tempo em procedimentos burocráticos por parte do profissional de saúde, aumentando assim o tempo despendido em atividades de real valor acrescentado.
A integração proposta permitirá assim reduzir um número considerável de horas-homem que atualmente são gastas em procedimentos burocráticos sem nenhum valor acrescentado.
Ecossistema tecnológico e procedimentos de comunicação entre sistemas
A integração do RPT com os sistemas laboratoriais implicou uma análise cuidada de quais as soluções tecnológicas presentes nas 53 Instituições Hospitalares onde o RPT estará presente e pertencentes à Rede Nacional de Colheita e Transplantação regulada pelo IPST.
Essa análise foi realizada tendo-se chegado à conclusão que existem cerca de 8 sistemas diferentes onde são registados os resultados das análises laboratoriais. A maioria desses sistemas estão situados na RIS (Rede Informática da Saúde), ou seja, a via de comunicação com as aplicações está, numa primeira abordagem, garantida. Por outro lado os processos tecnológicos de comunicação com as aplicações também está relativamente definida, existindo 3 protocolos que poderão ser utilizados para a troca de dados.
A análise efetuada concluiu também que as diferentes organizações de saúde estão em estádios diversos de organização tecnológica o que implica uma cuidada prospeção para que a integração tecnológica possa ser adaptada à realidade de cada caso. A existência de um cenário tecnológico diverso entre as diferentes organizações de saúde acrescenta um nível de complexidade ao projeto que não pode ser ignorado.
A integração proposta neste projeto é fundamental para a eficiência e fiabilidade do sistema, para o desempenho geral do processo, bem como, o cumprimento da Lei.
O Apoio do COMPETE 2020
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio da Modernização da Administrativa (SAMA), envolvendo um investimento elegível de 524 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de 298 mil euros.