As TIC e o setor da Saúde | a relação virtuosa que muda a nossa visão da doença e da saúde

A economia nacional tem assistido ao aparecimento de sectores muito inovadores, que se têm lançado na internacionalização e que têm obtido excelentes resultados em termos de exportações. São geralmente sectores de alto valor acrescentado, com uma grande aposta ao nível da tecnologia e que investem fortemente em investigação e desenvolvimento. Um dos sectores que se tem vindo a destacar pelo crescimento significativo e pela posição de destaque no conjunto das exportações nacionais é o sector da saúde.

Neste setor o impacto da incorporação das tecnologias de informação tem permitido o desenvolvimento de soluções vastas que atuam como coadjuvantes da atividade médica. Mas a utilização das novas tecnologias na área de saúde não está restrita, apenas, aos equipamentos de última geração que são utilizados em hospitais, centros de diagnóstico, clínicas ou unidades básicas de saúde.

O desenvolvimento das Tecnologia da Informação tornou o cidadão protagonista na chamada medicina preventiva, onde o foco é a antecipação da doença, ou mesmo, o diagnóstico mais precoce da enfermidade, promovendo a agilidade no tratamento.

Mais relevante, estas inovações estão a mudar a nossa compreensão da doença e da saúde, redefinindo os conceitos de doença, de medicina e de corpo. Os conceitos de saúde e de estilo de vida encontram-se cada vez mais ancorados na ideia de um corpo saudável e com potencialidades de melhoria por via da técnica, o que é elucidativo da crescente entronização do valor da saúde nas sociedades modernas, como também é um indicador expressivo do impacto das novas tecnologias médicas na produção de novos significados sobre o corpo, a saúde e a própria vida humana.

As inovações tecnológicas no setor da saúde contribuem para uma alteração de paradigma, onde o foco é a preocupação com bem-estar e com o cuidado de vida do ser humano, de maneira mais equilibrada. A disseminação de tecnologias voltadas para a conectividade de todas as informações da vida da pessoa, como hábitos alimentares, físicos, procedimentos cirúrgicos realizados, predisposições a doenças, tornam se essenciais para um acompanhamento mais minucioso, mais preventivo da saúde da população.

A incorporação do saber contribui para o aumento da qualidade e da expectativa de vida. O volume e a velocidade de dados gerados diariamente na saúde tornam cada vez maior a necessidade de uso de tecnologias capazes de capturar, cruzar e interpretar informações em tempo real.

A ilustrar esta importância do sector da saúde na economia portuguesa está o seu crescente reconhecimento internacional, através da concessão de prémios e de bolsas para investigação, o que também é fruto de uma contínua produção de artigos científicos e de avanços na investigação e de uma política muito bem definida de participação em concursos internacionais e em parcerias com outras instituições internacionais.

Trata-se, portanto, de uma actividade muito dinâmica, que se tem vindo a assumir como uma área estratégica para a economia nacional, quer pelas suas exportações, quer pelo apoio que dá ao Serviço Nacional de Saúde (nomeadamente as empresas farmacêuticas), quer ainda pelo número crescente de pessoas que emprega e de empresas que vão surgindo.

Portugal duplicou o valor da exportação de medicamentos desde o início desta década: passou de 444 milhões de euros em 2010 para 910 milhões de euros nos primeiros 11 meses de 2016. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o aumento foi também significativo quando comparado com 2015: mais 13,8%. Nesse ano, as exportações valeram 799 milhões de euros. Entre os principais países compradores estão os Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.

Nesta Newsletter vamos apresentar-lhe alguns dos projetos onde se promove esta relação virtuosa , projetos de investigação fundamentais para apresentar ao mercado soluções que serão certamente reconhecidas como inovadoras :

 

  • Projeto SOCIALITE - Arquiteturas, Soluções e Ambiente para uma Internet das Coisas Orientada para as Pessoas

Na primeira pessoa, Fernando Boavida, investigador responsável do projeto SOCIALITE conta-nos quais os fatores diferenciadores, os desafios e o papel que os fundos da união europeia tiveram e têm no projeto que coordena. Um projeto que pretende criar uma definição de uma arquitetura de IoT que possa ser utilizada como base de aplicações centradas nas pessoas, em vários domínios como, por exemplo, aplicações em áreas sociais ou aplicações para apoio de pessoas com problemas de saúde, contemplando diversos tipos de utilizadores, possibilitando diferentes formas de comunicação e interação, e garantindo privacidade e segurança.

 

  • Projeto MIND&GATE

O projeto MIND&GAIT decorre de uma necessidade expressada por profissionais de saúde em ambientes regionais de atendimento primário e hospitalar e em instituições sociais para idosos, com o objetivo de ter uma estratégia mais integrada, criativa e dinâmica para prevenir a fragilidade de pessoas idosas. Com este projeto, pretende-se intervir na promoção do envelhecimento ativo, incluindo exercícios físicos e atividades que promovam o atraso e / ou a manutenção da saúde cognitiva e física de idosos frágeis.

O projeto aposta no desenvolvimento de uma aplicação multimédia que permitirá efetuar  exercícios de estimulação cognitiva pré-definidos e monitorizar em tempo real a efectividade da solução.

Numa sociedade onde o envelhecimento é uma questão crucial para pensar o equilíbrio de uma competitividade sustentável e inclusiva este projeto reveste-se de grande importância ao contribuir para um envelhecimento ativo.

 

  • Projeto Physio@Home: uma solução inovadora nos tratamentos de fisioterapia e reabilitação

Com este projeto a Plux, em consórcio com a Fraunhofer Portugal AICOS, cria um novo sistema para auxiliar as sessões de fisioterapia feitas nas clínicas e em casa do paciente, visando, melhorar a qualidade dos tratamentos e acelerar o processo de reabilitação.

Em declarações ao COMPETE 2020, André Lemos, Software & Product Director na Plux, sintetiza o caminho percorrido no âmbito do projeto Physio@Home e a importância do apoio do COMPETE 2020 para o consórcio.

“O objetivo do projeto physio@home é desenvolver um sistema que engloba três elementos que se encontram cada vez mais presentes no dia-a-dia das pessoas: um telemóvel, um tablet e um wearable - este último desenvolvido pela PLUX. É objetivo deste projeto … melhorar não só a qualidade dos tratamentos de fisioterapia, como também acelerar o processo de reabilitação. Isto é feito através de tecnologias que complementam a fisioterapia realizada hoje em dia com equipamentos do dia-a-dia, para que haja uma mais fácil adaptação.

Assim, este é um projeto que tem um elevado potencial de disrupção num mercado que causa 600 milhões de dias de baixas do trabalho (patologias relacionadas com o sistema músculo-esquelético).”

 

  • Projeto KnowLogis

Numa parceria com o INESC TEC, a Glintt concebeu o KnowLogis, solução que visa facilitar a tomada de decisão na logística hospitalar através de um dashboard inteligente, que auxilia na gestão, previsão de necessidades, monitorização e coordenação dos encargos com medicamentos, dispositivos médicos e materiais.

Estima-se que o projeto permita uma assinalável redução de custos e ganhos de eficiência para as instituições de saúde e para o sistema de saúde como um todo, potenciando melhorias ao nível da despesa e afiançando, de modo indireto, ganhos de saúde para os pacientes.

Para Ricardo Gil Santos, Manager na Glintt, «o projeto KnowLogis é estratégico para a empresa dado responder ao desafio de uma gestão mais eficiente, desafio esse que é transversal ao setor da Saúde e, em particular, numa área core como é a Logística Hospitalar.”

31/10/2017 , Por Paula Ascenção