A Região Norte a Investir com o COMPETE 2020

O COMPETE 2020 aposta de forma muito significativa no crescimento inteligente e no desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento e na inovação, designadamente nos domínios da Estratégia de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente. As empresas, em particular as PME, são destinatários preferenciais, procurando o Programa estimular o empreendedorismo, a capacidade inovadora e o desenvolvimento de estratégias mais avançadas, baseadas em recursos humanos qualificados e com um forte enfoque na cooperação e noutras formas de parceria, como redes e clusters.

Visando a temática da competitividade, estando orientado sobretudo para as regiões menos desenvolvidas do Continente – Norte, Centro e Alentejo (é de abrangência nacional nos projetos do Fundo de Coesão), é complementado pelos Programas Operacionais Regionais do Continente, com os quais forma uma rede através da qual são colocados no terreno um conjunto diversificado de instrumentos de política pública com regras e objetivos comuns.

Esta edição é a primeira que dedicamos a olhar a relevância dos apoios do COMPETE 2020 para alterar os paradigmas produtivos e colocar as ditas regiões menos desenvolvidas em patamares de competitividade sustentável e contribuir para uma maior coesão territorial.

Olhamos para a região do Norte , que para o efeito corresponde ao nível III da Nomenclatura de Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS), aprovada pela Comissão Europeia e que envolve as regiões : Alto Minho, Cávado, Ave, Área Metropolitana do Porto, Alto Tâmega, Tâmega e Sousa, Douro e Terras de Trás os Montes.

Com cerca de 3,6 milhões de habitantes, a Região do Norte concentra quase 35% da população residente em Portugal, assegura perto de 39% das exportações nacionais e representa cerca de 29% do PIB da economia nacional.

De acordo com o Boletim “Norte Conjuntura” relativo ao 1º trimestre de 2017, publicado pela CCDR- Norte , este período, marcado a nível nacional por indicadores de crescimento, foi para a região norte um período de aceleração do crescimento do emprego, das exportações e de alguns dos principais indicadores disponíveis relacionados com o consumo e com o investimento.

O valor das exportações de mercadorias por parte das empresas com sede na Região do Norte conheceu, no 1º trimestre de 2017, uma importante aceleração do seu ritmo de crescimento, registando, em termos homólogos, a variação mais acentuada dos últimos cinco anos. As indústrias transformadoras tradicionais com forte concentração na Região Norte assistiram a nível nacional, ao crescimento do volume de negócios.

Inegável o contributo dos Fundos da União Europeia para alavancar o investimento das empresas localizadas na região e o seu esforço de internacionalização , visível nos pontos de situação publicados pela Autoridade de Gestão do COMPETE 2020.

Dados reportados a 30 de junho 2017 (Ponto de Situação, Incentivos às Empresas Portugal 2020, N.º 24), mostram que no âmbito dos Sistemas de Incentivos, a região Norte representa 48% do total do incentivo aprovado, ou seja 1,6 mil milhões de euros, correspondendo a 3 mil milhões de investimento.

Considerando apenas o contributo do COMPETE 2020 (Ponto de Situação COMPETE 2020, N.º 24), a região Norte mantém a liderança, representando 40% do total do incentivo aprovado, ou seja 1,04 mil milhões de euros, correspondendo a 1,9 mil milhões de investimento.

Nesta edição dedicada a projetos empresariais da região Norte vamos falar-lhe de projetos de Inovação, Investigação e Desenvolvimento que garantem a diferenciação, que mostram um território que atrai mão de obra altamente qualificada, investimento estrangeiro e que aposta em segmentos de upper scale.

 

  • Projeto “Ultra-Light Felts - Nova geração de feltros leves

O projeto “Ultra-Light Felts - Nova geração de feltros leves” promovido pela FEPSA, visa o desenvolvimento de uma nova geração de feltros leves com gramagens abaixo dos 80 gramas (referência feltro leve - copa B / aba 8 cm), reforçando as características e os níveis de qualidade, tendo como objetivo atingir as 40/50 gramas.

A FEPSA é líder mundial no fabrico de feltros para chapéus, é a empresa que melhor domina este fenómeno, conseguindo produzir estruturas tridimensionais com gramagens que variam entre 80 gramas (referência feltro leve - copa B / aba 8 cm) e 250 gramas (referência feltro pesado - tipo cowboy). Este novo sistema permitirá o desenvolvimento de um novo processo de feltragem a aplicar na FEPSA, o que contribuirá para a continuidade do sucesso e pioneirismo desta empresa, reforçando a sua posição de liderança no mercado já existente, e conquistando novos segmentos de mercado cujo público-alvo não é um consumidor habitual de chapéus de feltro.

 

  • Projeto Pillow2Bed

O projeto Pillow2Bed tem como objetivo desenvolver um artigo engenhoso e multifuncional para o lar, assente num conceito inovador. Pretende-se através de um design criativo e inteligente e a combinação de materiais e estruturas têxteis, desenvolver uma almofada decorativa que seja facilmente convertida numa cama confortável e adaptável a diferentes condições de utilização. É objetivo deste projeto obter um artigo inovador e diferenciador, que seja prático, conveniente, fácil de transportar e sustentável.

A aposta na investigação passa também, por explorar estruturas têxteis à base de materiais renováveis e materiais reciclados por vias ecológicas. Para obter propriedades funcionais em estruturas têxteis com fibras naturais serão estudados materiais e processos de funcionalização de modo a conferir-lhes as propriedades funcionais desejadas como por exemplo repelência à água e sujidades, propriedades antialérgicas, gestão de humidade e secagem rápida (funcionalidades de elevada importância para o produto em questão).

Com este projeto o promotor, a Têxteis Penedo S.A., pretende consolidar a sua aposta em produtos de elevado valor acrescentado, dando continuidade ao esforço de valorização dos seus produtos no mercado externo.

 

  • Projetos INNOVCAR e o iFACTORY

O INNOVCAR e o iFACTORY são dois grandes projetos promovidos pela Bosch Car Multimedia Portugal, S.A em parceria com a Universidade do Minho, uma estratégia integrada de aquisição de conhecimento científico e de desenvolvimento de tecnologia.

O projeto INNOVCAR inclui um conjunto articulado de linhas de I&D em torno do desenvolvimento de novos produtos e serviços e dos processos de suporte ao desenvolvimento de produto, das ferramentas de controlo de qualidade e dos processos de fabrico necessários à capitalização dos novos produtos no mercado. As inovações deste projeto irão traduzir-se em pelo menos 12 novas patentes e estima-se que contribuam para vendas internacionais na ordem dos 1,1 mil milhões de euros entre 2019 e 2025. O projeto contribui para o aumento das capacidades de I&D dos copromotores e para o aumento do emprego jovem, através da contratação 151 quadros jovens para afetação exclusiva à I&D.

O projeto iFactory pretende responder aos constantes desafios no setor automóvel  com uma estratégia de inovação integrada que envolve a investigação e desenvolvimento de novos materiais e dispositivos para controlo de qualidade, industrialização, fabrico e gestão da fabrica; a investigação e desenvolvimento de novas técnicas, sistemas e ferramentas de controlo de qualidade; a investigação e desenvolvimento de novos processos e técnicas de prototipagem e de fabrico, e a investigação e desenvolvimento de tecnologias de comunicação e de sistemas de informação e de apoio à decisão para a gestão das operações da fábrica.

As inovações deste projeto irão traduzir-se em pelo menos 10 novas patentes e estima-se que contribuam para vendas internacionais na ordem dos 1,1 mil milhões de euros entre 2019 e 2025. O projeto contribui para o aumento das capacidades de I&D dos copromotores e para o aumento do emprego jovem através da contratação de 117 quadros jovens para afetação exclusiva a I&D.

 

  • Projeto Leica 2020: Desenvolvimentos de Produtos Óticos em Portugal

O Departamento de I&D da Leica Portugal criado em 2015 permitiu que esta empresa desenvolvesse as competências necessárias para criar objetivas e binóculos com elevada performance ótica e alta fiabilidade mecânica, bem como um design intemporal característico da marca Leica. Durante o desenrolar do projeto, procedeu-se à formação de novos colaboradores bem como à aquisição de meios técnicos necessários para a investigação. Foram definidas formas de interagir com a produção, utilizando as sinergias inerentes da proximidade à Fabrica, sendo esta uma mais-valia que não se encontra na casa mãe na Alemanha. A Leica Portugal garantirá pela primeira vez o desenvolvimento de produtos ópticos da marca Leica em território nacional. 

31/07/2017 , Por Paula Ascenção