O COMPETE 2020 alavanca 600 milhões de euros de investimento empresarial em I&I.
O investimento em I&I ( Investigação&Inovação) é um indicador fundamental da capacidade para construir uma economia baseada no conhecimento e na inovação, o que justifica o comprometimento crescente de muitos países, incluindo a generalidade dos Estados Membros da UE, com políticas públicas de estímulo ao investimento empresarial em I&I. Um investimento regular e elevado em I&I pelo setor empresarial, particularmente em atividades de média-alta e alta tecnologia, é tido como fundamental para gerar e manter um fluxo regular de inovação na atividade económica capaz de sustentar a competitividade de uma economia . Esse comprometimento é evidente nas políticas públicas de um crescente número de países que definem objetivos concretos para a intensidade de I&I empresarial e consideram esses objetivos como referências fundamentais na construção dos seus planos de desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação de médio e longo prazos. É um fenómeno à escala mundial que não se restringe aos países tecnologicamente mais avançados e/ou que mais investem em I&I.
No atual contexto competitivo, boa parte da capacidade competitiva das empresas presente e futura, depende da sua capacidade para produzir, endogeneizar, transferir, usar e proteger o conhecimento científico e tecnológico. O conhecimento tornou-se o fator competitivo por excelência, que se destaca de outros fatores produtivos outrora mais relevantes por ser muito mais difícil de replicar dada a sua componente tácita, por estar muito relacionado com o contexto onde é produzido e utilizado, e pelo facto da matriz do conhecimento de muitas indústrias recentes ser de origem científica. Para prosperar numa economia baseada no conhecimento e na inovação, países como Portugal, com uma percentagem reduzida de empresas e produtos de média-alta e alta tecnologia e investimento empresarial em I&I historicamente baixo, o aumento do investimento privado em I&I é crucial.
O COMPETE 2020 dispõe dos instrumentos necessários para alavancar o investimento empresarial em I&I, nomeadamente através dos sistemas de incentivos diretos às empresas e promovendo o trabalho conjunto com os Centros de conhecimento, porquanto se o investimento das empresas em actividades de I&D tem aumentado em Portugal na última década , ainda se verifica uma insuficiente articulação entre as empresas e as restantes entidades do Sistema de I&I ( não empresariais) , dificultando a transferência tecnológica com efeitos favoráveis na cadeia de valor gerado para a economia, fator acentuado pela prevalência de uma reduzida cultura de cooperação interempresarial, sobretudo no domínio internacional, determinante para a valorização económica da I&I.
Dados reportados a 30 de junho 2018,mostram que o COMPETE 2020 aprovou 592 projetos de I&I empresarial, num total de 592 milhões de investimento , correspondendo a 364 milhões de incentivo (FEDER). Nesta edição da Newsletter vamos apresentar-lhe 4 projetos de empresas que lhe apresentam soluções diferenciadores porque a amplitude do conhecimento é ilimitada:
1. AgroDoIT .: Transformação digital da indústria agro-alimentar
O AgroDoIT, promovido pela INOVA+, surge para melhorar a competitividade e eficiência da indústria agroalimentar Nacional ao estimular de uma forma inovadora a utilização das TIC ao longo de toda a cadeia agroalimentar.O AgroDoIt resultará no desenvolvimento de um novo serviço totalmente integrado com todas as fases e iterações da cadeia agroalimentar, tendo ainda como externalidade positiva um módulo de software para agricultura de precisão e aspetos ambientais sob a forma de uma framework para monitorização de dados adquiridos por sensores de diversos fabricantes com análise e gestão integrada dos dados adquiridos, resultando em sugestões de ações para o agricultor.Fruto das atividades desenvolvidas no âmbito do projeto AgroDoIT, a INOVA+ é uma das entidades fundadoras do Hub Digital para a Agricultura em Portugal. O DSTHUB4AGRI é uma iniciativa que visa promover a competitividade das empresas do setor agrícola por via da transformação digital com base numa rede de cooperação multissetorial.
2. TechFur: Desenvolvimento de processos sustentáveis para a obtenção de pelo animal com elevada qualidade e desempenho
A Cortadoria Nacional do Pêlo S.A., localizada em S. João da Madeira foi criada em 1943 e tem vindo a crescer como uma empresa altamente qualificada na preparação de pelo de coelho, lebre e castor, para a indústria de Chapelaria, Feltro Industrial e Lanifícios. A CORTADORIA é hoje a maior empresa do setor a nível mundial, com 40% de quota de mercado.O projeto , desenvolvido em consórcio com o CeNTI - Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes e o INEGI - Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, vai permitir obter um pelo diferenciado - capacidade feltrante elevada (e maior brancura), maior grau de limpeza e resistência superior a micróbios e traças, utilizando processos de produção sustentáveis e eco-eficientes.
3. Sugar D-Wash: A inovação nos detergentes de loiça manuais
Pelas mãos da Mistolin, com a participação da Universidade de Coimbra, foi desenvolvido um projeto que criou uma família de detergentes de loiça manuais para solucionar problemas ambientais, nomeadamente através da introdução de biotensioativos à base de açúcar, facilmente biodegradáveis.Para além disso, a ultra-eficiência e ultra-concentração da formulação permitirá a utilização de quantidades muito inferiores de produto comparado com a aplicação habitual, permitindo a diminuição da utilização das embalagens de plástico com ganhos ambientais, logísticos e consequentemente económicos.
4. Comfordriver: a inovação no interior dos camiões
O projeto Comfordriver associou a empresa Borgstena Group Portugal ao CeNti, para desenvolverem soluções de estruturas têxteis inovadoras para três componentes principais do interior do habitáculo do camião, considerados de maior relevância para a promoção do conforto do condutor, nomeadamente, capas de assento, capa de colchão e cortina. Objetivos : mais conforto termofisiológico, ergonómico e sensorial para encontrar soluções que maximizem o conforto do condutor durante a sua atividade de condução e durante o seu período de descanso.