Indústria Automóvel | forte dinâmica empresarial alavancada pelo COMPETE 2020

A indústria automóvel portuguesa conta com algumas décadas de história. Ao longo destes anos tem-se vindo a assistir a uma clara evolução deste setor da indústria transformadora. Inicialmente uma indústria pouco qualificada, dispersa e pouco desenvolvida a nível tecnológico, evoluiu no sentido da modernização tecnológica e competitividade.

O setor automóvel português desenvolveu-se ao longo da segunda metade do século XX, e pode ser dividido em três grandes fases, que contribuíram de diferentes maneiras para a sua importância nos dias de hoje. Durante o Estado Novo assistiu-se a uma inibição das importações e a um isolamento face ao resto do mundo, que foi contrariado no fim da década de 70 e na década de 80, caraterizando-se pela abertura ao investimento estrangeiro (Projeto Renault). Com a implantação da Autoeuropa em Portugal, o setor automóvel registou (nos anos 90) um crescimento significativo. A indústria automóvel é hoje a 3ª maior no âmbito da indústria transformadora em Portugal.

A indústria automóvel é um sector verdadeiramente estratégico para Portugal. Esta afirmação, que é consensual, não se baseia apenas no valor das exportações de veículos automóveis e respectivos componentes e no seu peso no conjunto das exportações, mas está também relacionada com o facto de existir um verdadeiro cluster formado pelos diversos sectores da indústria transformadora, que reúne desde empresas do sector metalúrgico e dos moldes, passando pelo fabrico de pneus e outros componentes em borracha e plástico, até aos têxteis, vidros e electrónica.  Responsável por uma percentagem importante do PIB e de uma grande fatia das exportações nacionais, esta indústria concentra um universo de milhares de empresas, que compreende uma percentagem muito significativa dos trabalhadores em Portugal. Distinguem-se nesta indústria dois grandes sectores: o sector da produção automóvel – onde pontuam fábricas tão importantes como a Autoeuropa, a da Peugeot-Citroën, a Mitsubishi Fuso e a Toyota Caetano – e o sector dos componentes automóveis que envolve um crescente e enorme número de pequenas e médias empresas, responsáveis por uma importante parcela da investigação e desenvolvimento em Portugal.

No ano de 2014 foram produzidos em Portugal 162 mil veículos, tendo 96,3% da produção sido destinada à venda ao exterior. O principal destino das vendas do sector neste período foi a Alemanha, seguida da China, de França, do Reino Unido e da Áustria.

Depois de um ano de 2014 onde se registou um crescimento de 4,9% relativamente ao ano anterior, no mês de Maio de 2016, foram produzidos em Portugal 14.793 veículos automóveis, tendo-se registado uma queda de 13,1 por cento face ao mês homólogo do ano anterior.

Esta evolução negativa da produção no mês de Maio foi determinada pela queda homóloga no fabrico de automóveis ligeiros de passageiros (-24,5%), já que se verificou um crescimento na produção de veículos comerciais ligeiros (32,4%) e de veículos pesados (9,6%). (Fonte: ACAP)

Dedicam-se ao fabrico de veículos automóveis em Portugal as unidades industriais da VW Autoeuropa, da Peugeot Citroen, da Mitsubishi Fuso Truck Europe e da Toyota Caetano. Do total de veículos produzidos em Maio de 2016, 14.026 destinaram-se à exportação, ou seja, 94,8 por cento da produção nacional. Registou-se, igualmente, no mês em causa um decréscimo de 15,1 por cento nas exportações face a igual mês do ano anterior. A indústria automóvel em Portugal é particularmente significativa, tendo um forte contributo no emprego e no PIB português. As suas três principais áreas de atividade são o fabrico de moldes, o fabrico de componentes e o fabrico de viaturas automóveis.

Segundo a AFIA - Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, o setor de componentes para automóveis é o mais significativo, agregando cerca de 200 empresas, o que representa 42.000 postos de trabalho.

Em 2015, o setor de produção de componentes exportou 84 por cento da sua produção, sendo que entre 2007 e 2015 as exportações aumentaram 20 por cento.

Os principais mercados de exportação deste setor são Espanha, Alemanha, França e Reino Unido, o que demonstra a importância do mercado europeu para o setor. É visível que as empresas deste setor fornecem componentes para a maior parte dos modelos automóveis produzidos na Europa.

Sendo um dos setores com maior peso nas exportações, a indústria de componentes para automóveis registou, no ano de 2015, 6.700 milhões de euros em exportações, com um crescimento de sete por cento. Relativamente ao volume de negócios, registou 8.000 mil milhões de euros, um crescimento de cinco por cento.

De referir ainda que o volume de negócios deste setor é mais elevado na atividade metalúrgica e metalomecânica (32 por cento), seguida pela atividade elétrica e eletrónica (29 por cento). Os plásticos e as borrachas dizem respeito a 19 por cento, os têxteis e outros revestimentos a 10 por cento, a montagem de sistemas a oito por cento e as outras atividades a dois por cento.

A maior parte das empresas deste setor produz componentes e acessórios para veículos automóveis, mais especificamente 48,5 por cento. De seguida, surgem as empresas, cerca de 14,5 por cento, que produzem artigos de matérias plásticas, e cerca de seis por cento das empresas produz artigos de borracha.

Cerca de 51 por cento das empresas instaladas em Portugal têm capital maioritariamente estrangeiro, enquanto as restantes 49 por cento apresentam capital maioritariamente nacional.

Em termos de localização, a maior parte das empresas deste setor encontra-se no norte do país, essencialmente nos distritos de Aveiro, Porto e Braga. 

Sendo a Península Ibérica uma das mais importantes regiões de produção automóvel na Europa, Portugal apresenta uma posição bastante importante e competitiva para atrair investimento. Portugal tem vindo assim a assistir a um crescente número de investimentos no setor. Cada vez mais, empresas da indústria de componentes para automóveis instaladas em Portugal investem em projetos de expansão e em novas localizações no nosso país, com contributos fundamentais para as exportações, o emprego e a inovação.

Nesta edição da Newsletter apresentamos-lhe alguns dos projetos apoiados pelo COMPETE 2020 que contribuem para tornar esta indústria cada vez mais competitiva por apostando na inovação e na diferenciação. E como é de esperar associada a qualidade máxima procurada pelos grandes players do setor no mundo.  

 

  • BOP - Projeto de Investigação para nova Bomba de Óleo com componentes em Polímero

A Renault Cacia entendeu avançar para a investigação de uma solução sustentável, dinamizando a criação de um consórcio entre esta e o CENTIMFE(Centro Tecnológico da Indústria de Moldes Ferramentas e Plásticos), entidade SI&I que possui um currículo abrangente nesta temática. Nasce assim, o projeto de I&D em co-promoção BOP que versa a investigação sobre polímeros de elevado desempenho para aplicação em componentes de bombas de óleo. Este servirá como estudo de referência cujos resultados contribuirão para conceber uma nova bomba de óleo inovadora, totalmente em polímero, cumprindo todos os requisitos e especificações, solução que não existe no mercado.

 

  • Projecto Exhaust2Energy 

Um projeto liderado pela Universidade do Minho (UMinho), com a participação da Universidade do Porto e do Instituto Superior Técnico, com o cofinanciamento do COMPETE 2020, está a desenvolver um sistema inovador de recuperação da energia perdida no escape dos automóveis para produção de eletricidade. A multinacional BorgWarner (EUA), assim como a Cimpor e a Lipor já demonstraram interesse na tecnologia. Veja o vídeo e leia a entrevista ao COMPETE 2020 onde Francisco Brito, do Centro de Tecnologias Mecânicas e Materiais da Universidade do Minho explica o projeto que está a liderar.

 

  • Projecto Novos sistemas de fechadura e ignição de veículos 

A HUF Portuguesa prepara-se, por via deste projeto, para se iniciar ao nível da produção de um conjunto de produtos que constituirão a nova geração dos sistemas de fecho e ignição das viaturas. Estes novos produtos baseiam-se em telemática e software, trazendo benefícios claros aos consumidores, como o acesso e o acionamento da marcha das viaturas com muito menos esforço, mais conforto, segurança e fiabilidade. 

 

  • FibreInSurface: Inclusão de fibras em materiais plastificados para utilização visível em superfícies no interior automóvel

TMG Automotive aposta em criar produtos inovadores de elevado valor acrescentado, com base em três pilares principais: sustentabilidade, reciclagem e redução de peso, sendo o foco do projeto FibreInSurface o desenvolvimento de um acabamento de um painel de instrumentos e de um componente estrutural do painel de porta para o sector dos transportes

16/11/2017 , Por Paula Ascenção