A inovação no admirável mundo novo dos têxteis

O ano de 2016 representou um marco para a indústria têxtil e do vestuário ao atingir um recorde de 7,3 mil milhões de euros de volume de negócios, um saldo líquido anual da balança comercial de mais de 1,1 mil milhões de euros.

Segundo os dados do INE as exportações de têxteis e vestuário, em 2016, registaram um crescimento superior a 5%, face a 2015, tendo alcançado 5063 milhões euros, ultrapassando assim as estimativas da Associação que apontavam para 5055 milhões de euros.

As exportações de vestuário passaram de 2874 milhões de euros em 2015 para 3102 milhões no ano passado. Os têxteis (excepto têxteis-lar) subiram de 1238 milhões para 1248, enquanto os têxteis-lar e outros artigos têxteis confeccionados deram um salto de 704 milhões para 712.

As matérias-primas de algodão, incluindo fios e tecidos, apresentaram um crescimento de 19,4% no valor exportado em 2016, equivalente a um acréscimo de 27 milhões de euros.

Os tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados e artigos para usos técnicos de matérias têxteis, com um aumento nas exportações de 10,4%, equivalente a um acréscimo absoluto de 21 milhões de euros.

A indústria têxtil e do vestuário portuguesa é um cluster dinâmico, onde se podem encontrar empresas de todos os subsetores da fileira – fiações, tecelagens, acabamentos, malhas, confeção, têxteis-lar e têxteis técnicos - que funcionam de forma complementar e sinérgica, apoiadas por um desenvolvido sistema científico e tecnológico, no qual se destacam o Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e Vestuário (CITEVE) e o Centro de Nanotecnologia e Materiais Avançados (CENTI).

Olhamos para todos os subsectores da fileira para lhe apresentar projetos de inovação que colocam as empresas nacionais em posições de liderança em nichos de mercado ou em fases de processo.

A vantagem competitiva das empresas resulta, hoje e cada vez mais, da capacidade para se diferenciarem continuamente da concorrência local e global, cumprindo e ultrapassando as expectativas das partes interessadas, com destaque para os clientes, através de inovação suportada em investigação e desenvolvimento, consequente e permanente, nos produtos e nos serviços fornecidos.

Usar conhecimento técnico-científico orientando a investigação e desenvolvimento para a resolução de problemas, o desenvolvimento de produtos, melhorar os processos, criar novas funcionalidades em novos produtos e serviços, obtendo benefício e comunicando as vantagens resultantes aos clientes e consumidores, resulta em distinção face à concorrência, fazendo da inovação empreendida um valor essencial, marca das empresas de sucesso.

 

  • Projeto Cotesi Ultra Mesh

O projeto  da Cotesi visa a produção de um novo tipo de malha agrícola para enfardamento, de elevado valor acrescentado e com características finais inovadoras e únicas, resultantes da investigação e know-how interno. Tal implicará a introdução de nova tecnologia na fábrica, que permitirá a produção de um novo e mais resistente tipo de malha para enfardamento agrícola, e que será utilizado na gama Premium da Cotesi. 

A Cotesi é hoje o principal produtor mundial de fio agrícola e um dos grandes players na distribuição de produtos de enfardamento. Para além do enfardamento, a Cotesi destaca-se também na comercialização de sacos e telas de cobertura de solos e estufas e, desde 2007, dedica-se à produção de cordoaria sintética, redes e cabos náuticos, destinados sobretudo à exportação.

 

  • Projeto Fios Inovadores da Polopique

A Polopique pretende produzir fios têxteis de maior valor acrescentado para a fabricação de tecidos a fim de penetrar em segmentos com públicos-alvo específicos, ainda não explorados pela Empresa, como é o caso do segmento dos têxteis funcionais e do segmento clássico ou de gama alta em camisaria.

O desenvolvimento destes  novos produtos resultará de um processo de I&D levado a cabo pela Polopique, contando com a colaboração com o CITEVE, garantindo este a viabilidade técnica do produto produzido em matéria de resistência, respirabilidade e equilíbrio termodinâmico.

 

  • Projeto PetraMax

O projeto PetraMAX está inserido na estratégia de crescimento da PETRATEX através de uma aposta sustentada no reforço das suas capacidades de inovação, organização, produção e pela introdução de novas tecnologias e métodos inovadores nos processos de forma a aumentar a presença internacional dos seus produtos para os mercados moda, desporto e high-tech.

A PETRATEX vai desenvolver as condições internas para integrar tecnologias de vanguarda, nomeadamente na estampagem digital, área onde apenas 5% dos players mundiais estão preparados para dar resposta, de forma a produzir produtos inovadores e dar resposta às necessidades mais atuais dos mercados.

Para além de se tratar de tecnologia de ponta, e como tal muito recente no setor têxtil, com este projeto permitirá à Petratex  a criação de produtos inovadores e diferenciados com maior valor acrescentado no mercado global.

O estudo “O futuro da estamparia têxtil digital até 2021”, da Smithers Pira, avaliou o mercado em 1,17 mil milhões de euros em 2016, com o crescimento anual estimado numa média de 12,3% entre 2016 e 2021. Isto significa que o mercado vai mais do que duplicar de valor nos próximos cinco anos, atingindo 2,42 mil milhões de euros em 2021.

 

  • Projeto 3D Yarn Design

No âmbito deste projeto, a empresa  Clariause pretende desenvolver o tingimento de fios com efeitos 3D constituídos por fibras curtas (menores que 50 mm), o que lhe permitirá introduzir fibras como o algodão e misturas íntimas, deste, com outras fibras na tipologia 3D, indo de encontro às necessidades dos seus clientes. A empresa pretende assim apresentar fios diferenciados da concorrência e de acordo com as tendências de moda.

Para a prossecução de tão ambicioso objetivo - criação de Fios 3D tingidos para uso têxtil (vestuário e têxtil-lar) - a Clariause contará com a Universidade do Minho, crucial para dar resposta a questões e necessidades mais específicas das inovações, através da transferência de conhecimento/tecnologia.

11/10/2017 , Por Paula Ascenção