Eco inovação: a forma de inventar o futuro
Chegado o 8.º dia do mês de agosto do corrente ano, a Global Footprint Network (CFN) alertou para o facto de que a humanidade acabava de esgotar o orçamento ecológico anual garantido pela Terra, e passámos, assim, a consumir mais recursos do que aqueles que o planeta consegue renovar…
Urge então a necessidade e o compromisso de termos que inventar o futuro, começando pela mudança de paradigmas e atuação com o intuito de preservar o nosso planeta…
A União Europeia, considerou Portugal como um dos países líderes na geração de inovações que melhoram o aproveitamento da energia material, de acordo com as últimas estatísticas do Eurostat, e com maior potencial de liderança tecnológica na eco-inovação, sendo as nossas empresas consideradas inovadoras.
Falemos então da eco-inovação. O que é? Como se define?
A eco-inovação é como uma nova estratégia conciliadora da competitividade económica com a coesão social, de uma forma ambientalmente sustentável. É a alavanca de renovação estrutural da economia, geradora de um novo tecido empresarial e laboral.
Como definição de Eco-inovação, consideremo-la como a produção, a assimilação ou a exploração de um produto, de um processo produtivo, de serviços, de gestão ou método de negócio inovador para as organizações e que resulta, através do seu ciclo de vida, na redução do risco ambiental, poluição ou impactos negativos do uso de recursos (incluindo o uso de energia) quando comparado com alternativas relevantes.
Caberá, cada vez mais às empresas voltarem a sua atenção para a inovação, adotando e implementando soluções inovadoras e ambientalmente responsáveis e sustentáveis. Este é o caminho imperativo, para a competitividade e para a sustentabilidade do nosso planeta no futuro. .
A eco-inovação é sinónimo de maior qualidade de vida para os cidadãos e um enorme respeito para com o ambiente, é uma crescente racionalização dos recursos utilizados no processo produtivo, bem como ao longo de todo o ciclo-de-vida de um produto.
A temática da eco-inovação é uma preocupação da Comissão Europeia que adotou em 2010 a estratégia «Europa 2020» em prol de um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.
A procura por soluções amigas do ambiente fomenta toda uma nova geração de indústrias transformadoras e serviços de ponta, promovendo a competitividade da Europa e criação de postos de trabalho altamente qualificados.
O desafio consiste, portanto, em melhorar o desempenho ambiental geral dos produtos em todo o seu ciclo de vida, impulsionar a procura de melhores produtos e tecnologias de produção e ajudar os consumidores a fazerem escolhas informadas.
A experiência demonstra que uma legislação ambiental bem concebida pode atuar como motor da inovação. Os resultados das empresas que a aplicam indicam que os seus custos totais se reduziram significativamente.
Esta semana a nossa Newsletter dá a conhecer projetos cuja inovação se traduz num avanço importante no sentido do desenvolvimento sustentável, reduzindo o impacto da produção no ambiente, ou utilizando os seus recursos de forma mais eficiente e responsável:
- Waste to Value: A aposta da Compta no setor dos resíduos
O projeto "From Waste to Value - A new waste management paradigm", promovido pela Compta Emerging Business acenta nos princípios base de economia circular, promovendo as estratégias inovadoras para o setor dos resíduos em Portugal.
Conhecendo o agravamento contínuo da produção global de resíduos sólidos gerados pelos resídentes nos centros urbanos; bem como profunda alteração da composição dos resíduos e a forma de eliminação dos mesmos, urge encontrar soluções onde a investigação e o desenvolvimento de base tecnológica são o processo chave.
O projeto visa lançar uma solução inovadora para a gestão de recolha seletiva de resíduos sólidos urbanos, dotado de uma tecnologia diferenciadora que irá alavancar esta indústria.
- reGrafitti- Da grafite resíduo ao grafeno reforço - um novo caminho para o fabrico de nanocompósitos
Da parte da indústria de moldes tem surgido cada vez mais uma vontade expressa no sentido de recuperar e valorizar aquilo que é considerado como desperdício, o elétrodo, como é disso exemplo a Moldes RP.
Neste projeto, o objetivo da Moldes RP, promotor líder, em acordo com a Raw Materials Initiative, é recuperar os elétrodos de grafite transformando-os em matéria-prima secundária - grafite funcionalizada ou não por oxigénio, reduzida ou mesmo grafeno, de modo a reutilizá-la sob outra forma em produtos finais, ou seja, peças poliméricas injetadas, como as produzidas pela Moldes RP. Assim, o projeto visa desenvolver um método viável, fiável e seguro que possa ser levado a cabo numa escala industrial, que transforme a grafite dos elétrodos (resíduos) em novos derivados de carbono para aditivos/reforços de materiais poliméricos, contribuindo para uma inequívoca melhoria das suas propriedades físicas e mecânicas.
- FAMEST é na essência um Cluster do Calçado e Moda
O projeto “FAMEST Footwear, Advanced Materials, Equipment’s and Software Technologies − Calçado e tecnologias avançadas de materiais, equipamentos e software”, é na essência um Cluster do Calçado e Moda que pretende ser competitivo, tendo que para isso, apostar na criatividade, dominar todo o processo de produção e o ciclo de vida do produto, abraçar desafios, tendências e oportunidades societais, de mercado, tecnológicas, a indústria 4.0 e a economia circular.
Tornar o calçado português uma referência fundamental a nível mundial, onde a sofisticação e a criatividade da oferta portuguesa se distingue ao nível dos materiais, dos produtos, dos processos produtivos e dos modelos de negócio, que permitirão “entrar” em segmentos de mercado onde a escolha se baseia mais na moda e na tecnicidade do que no preço.
Para que seja garantido esse posicionamento no mercado internacional, a aposta terá forçosamente que incidir na diferenciação, na flexibilidade, na rapidez de resposta, na qualidade dos produtos de modo a que se tornem competitivos e superiores aos da concorrência.
- Louropel
O projeto de “Ampliação e inovação da Louropel” irá aumentar significativamente o espaço, criar novas secções, ampliar o número de linhas de produção, e alterar os processos de produção de produtos exclusivos da empresa, devidamente protegidos pela patente internacional de produção de botões ecológicos.
A aposta da Louropel na secção de modelagem é fortíssima, o que lhe permitirá a criação de moldes exclusivos para a produção de qualquer tipo de forma de botão, através de um processo de injeção, quer seja metálico, ou outro tipo de ligas metálicas, ou ainda, outras matérias estudadas para se conseguir diferentes efeitos. Com esta moderna secção de modelagem, a empresa será a primeira a dispor deste tipo de tecnologia devidamente integrada na sua cadeia de produção.
Fontes: Raiz Politica, Comissão Europeia