COMPETE 2020 impulsiona a Investigação Nacional : aprova 133 milhões de euros para 710 projetos de Investigação

A economia nacional tem assistido ao aparecimento de sectores muito inovadores, que se têm lançado na internacionalização e que têm obtido excelentes resultados em termos de exportações. São geralmente sectores de alto valor acrescentado, com uma grande aposta ao nível da tecnologia e que investem fortemente em investigação e desenvolvimento.

A inovação consiste na introdução de novas soluções e produtos num determinado mercado, surpreendendo pela novidade. As aplicações e tecnologias inovadoras são uma forte aposta do sector da saúde, permitindo tratamentos e diagnósticos mais eficazes, bem como melhores condições de vida para a população. As empresas portuguesas já são reconhecidas a nível mundial pelas soluções que disponibilizam, o que demonstra o crescimento deste sector em Portugal.

Mas antes destas novas soluções e produtos chegarem ao mercado é fundamental apoiar o imperioso trabalho de investigação.

Neste enquadramento o COMPETE 2020 aumentou a dotação inicial do Aviso publicado em Fevereiro de 2017, no montante de 26 milhões de euros , o que resultou , até à data, na aprovação de  710 projetos, correspondendo a 133 milhões de euros de incentivo FEDER. Este aumento de dotação permitiu atingir um recorde nas verbas atribuídas para financiar a Investigação Nacional. Para o programa é imperativo apostar nesta etapa se queremos uma economia mais inovadora e competitiva.

Ciência e inovação são dois pilares fundamentais para a competitividade nacional. E a aproximação que tem ocorrido entre os Centros de Saber e as empresas é prova de que ambos percebem as sinergias que podem acontecer e desta forma responder a questões cruciais para a Europa inclusiva e com um crescimento sustentável.

A inovação depende de Investigação &Desenvolvimento, que envolve por parte das empresas uma aposta financeira relevante, por isso o trabalho próximo dos centros de saber e  a valorização da transferência de conhecimento e tecnologia tem de ser feita com foco bem definido e perspectivas concretas de utilização. A inovação tem que satisfazer necessidades emergentes, e é essencial saber em que setores da agricultura, da indústria e dos serviços estão essas necessidades.

Este aumento do apoio ao trabalho de investigação traduz-se não só num aumento do incentivo mas num esforço de contratação de mais doutorados para o processo de investigação e sobretudo na garantia de divulgação de resultados e de disseminação de conhecimentos, e quando aplicável, uma estratégia de transferência de conhecimento.

É neste contexto, em que se destaca a Investigação Nacional para a competitividade, que nesta edição da Newsletter  vamos apresentar 4 projetos de Investigação no sector da Saúde, um dos sectores que se tem vindo a destacar pelo crescimento significativo e pela posição de destaque no conjunto das exportações nacionais.

A investigação e a inovação são apostas fundamentais num sector que se quer afirmar internacionalmente. Assim, empresas, institutos de investigação e entidades públicas e privadas contribuem fortemente para tornar o sector da Saúde em Portugal mais competitivo e reconhecido internacionalmente.

A investigação para a saúde é uma componente essencial para a melhoria da saúde e bem-estar das populações e tem como fim último atingir o mais alto nível de saúde ao alcance de todos. Por outro lado, o sector da saúde contribui significativamente para o desenvolvimento económico, dado o seu potencial para a criação de emprego qualificado, sendo um sector estratégico da economia nacional e europeia. Acresce que as empresas do sector da Saúde são dinâmicas, empreendedoras e capazes de aproveitar as oportunidades criadas pela procura global de cuidados de saúde e têm registado em Portugal um aumento sustentado da sua actividade exportadora.

A ilustrar esta importância do sector da saúde na economia portuguesa está o seu crescente reconhecimento internacional, através da concessão de prémios e de bolsas para investigação, o que também é fruto de uma contínua produção de artigos científicos e de avanços na investigação e de uma política muito bem definida de participação em concursos internacionais e em parcerias com outras instituições internacionais.

 

  • SCZ_bioMark - Diagnóstico e prognóstico da esquizofrenia: a caminho de uma medicina personalizada

A esquizofrenia é um distúrbio crónico e complexo cujas causas ainda não são bem conhecidas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a esquizofrenia está entre as 10 principais causas de incapacidade em todo o mundo e é o segundo maior contribuinte à carga global de doenças.

A esquizofrenia atinge cerca de 48 mil pessoas em Portugal. Os custos da doença em Portugal, na sua maioria associados ao impacto que esta tem na vida profissional de doentes e dos seus cuidadores, chegam aos 436,3 milhões de euros por ano.

Este projecto promovido pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, este projeto visa encontrar novos biomarcadores para o diagnóstico e prognóstico da esquizofrenia, construindo as ferramentas necessárias para uma medicina personalizada.

Para percebermos melhor o projecto falamos com o Professor António Macedo, Diretor do Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e o Investigador responsável do projeto SCZ_ bioMark

 

  • 2Bio4cartilage - Programa de intervenção integrado para prevenção e tratamento de lesões da cartilagem

Doenças relacionadas com a cartilagem estão na lista das principais preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS), assumindo-se a prevenção da degeneração da cartilagem articular como uma importante questão de saúde para a qual existem poucas soluções eficazes. Por outro lado, o envelhecimento, a obesidade, deficiências nutricionais e a (in)atividade física são problemas primários para a sociedade Portuguesa, que estão diretamente associados a um elevado número de doenças reumáticas. O mundo atual enfrenta um problema sério, com mais de 250 milhões de pessoas afetadas com osteoartrose (OA) crónica.

Este projeto desenvolvido através de uma parceria entre o Instituto Politécnico de Leiria (entidade promotora), o Instituto Politécnico de Coimbra, o Instituto Politécnico de Santarém, bem como o Centro Hospitalar de Leiria, tem por objectivo  desenvolver uma solução multidisciplinar em torno de duas orientações complementares: a prevenção da doença e o desenvolvimento de uma solução de tratamento.

 

  • Coded-FISH

Este projecto, promovido por investigadores da Universidade do Minho, visa combinar técnicas com análise/marcação combinatória para criar uma metodologia codificada por cores, permitindo assim uma detecção rápida, robusta e em multiplex de patogénicos e de genes resistentes a antibióticos.

O desenvolvimento de um método de FISH (ensaios de hibridação in situ fluorescente)  codificados por cor, com base nos novos mímicos de ácido nucleico é um aspeto inovador chave do projeto, não existindo qualquer aplicação molecular que permita a identificação e caracterização de vários agentes patogénicos simultaneamente. Além disso, esta é a primeira vez que a fusão entre mímicos, marcação combinatória e reconhecimento de genes de cópia única, é sugerida, tornando este um projeto muito inovador.

 

  • StrokeTherapy: investigação portuguesa usa células estaminais para tratamento de AVC

O projeto StrokeTherapy, liderado pela Crioestaminal, pretende criar uma plataforma terapêutica inovadora para pacientes vítimas de AVC, e conta com a contribuição de um consórcio completo de parceiros que completam a cadeia de valor: centro de investigação (Universidade de Coimbra, através do grupo de investigação em Células Estaminais e Biomateriais liderado pelo investigador Lino Ferreira, pertencente ao Centro de Neurociências e Biologia Celular), dois hospitais (o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, através da Unidade de AVC, liderada pelo Dr. João Sargento-Freitas e o Hospital Rovisco Pais, através do serviço de Internamento de Reabilitação Geral de Adultos, liderado pela Dra. Anabela Pereira) e a Crioestaminal enquanto empresa dedicada ao desenvolvimento de terapias celulares avançadas. 

 

19/04/2018 , Por Paula Ascenção