Empresas que inovam na tradição porque fazem –no melhor | Cerâmica Utilitária e Decorativa

O estudo “Capacitação da indústria da Cerâmica Portuguesa Um cluster, uma estratégia, mercados prioritários” (APICER|PWC, nov.2016) serve-nos de base para falar de um subsector da indústria cerâmica onde a tradição se inova , apostando fortemente no design, na qualidade da matéria primas e na procura de produtos diferenciados. Um subsector também atento à relevância da indústria 4.0 e da adoção de metodologias de produção automatizadas e com performances elevadas.

A Indústria de Cerâmica assume um papel relevante na economia mundial e tem vindo a evidenciar uma grande capacidade de se reinventar, propiciando o aumento global da dimensão do mercado. A tendência atual aponta para a produção de bens com maior valor acrescentado e tecnologicamente mais desenvolvidos, o que exige um acompanhamento constante destas tendências de forma a ir ao encontro das necessidades específicas dos consumidores. Esta indústria encontra-se subdividida em cinco subsetores orientados para a oferta de diferentes segmentos de produtos, designadamente: Cerâmica Estrutural, Cerâmica de Pavimentos e Revestimentos, Cerâmica de Louça Sanitária, Cerâmica Utilitária e Decorativa e Cerâmicas Especiais. Em Portugal, esta indústria representa em 2015 cerca de 0.5% do Produto Interno Bruto (PIB), 1.2% do volume de negócios da indústria transformadora e emprega cerca de 15.900 trabalhadores através de 1.127 empresas. Em 2014, 70% da produção nacional estava concentrada nos subsetores de Cerâmica de Pavimentos e Revestimentos e de Cerâmica Utilitária e Decorativa.

As exportações do setor da cerâmica nacional têm vindo a aumentar significativamente nos últimos anos, tendo atingido os 659 milhões de euros em 2015, revelando um aumento de cerca de 18% entre 2011 e 2015. A produção deste setor é muito direcionada para o mercado externo, sendo que o volume exportado representa cerca de 71% da produção total de cerâmica nacional e os principais responsáveis por este valor são os subsetores de Cerâmica de Pavimentos e Revestimentos e de Cerâmica Utilitária e Decorativa, que representam 39% e 35% das exportações de cerâmica em 2014, o que evidencia a forte especialização de Portugal nestes subsetores de cerâmica.

É precisamente no subsector da cerâmica utilitária e decorativa - Louça de mesa, de cozinha e de decoração, em porcelana, faiança, grés e terracota - que lhe vamos apresentar projetos inovadores onde as empresas portuguesas procuram ser diferenciadoras.

• Projeto FLOWARE

O objetivo do projeto FLOWARE é a investigação e desenvolvimento de uma linha de produtos de grés de chama (flameware) capaz de suportar as tensões termomecânicas resultantes da ação direta da chama dos queimadores dos fogões domésticos e industriais. Deste modo, o promotor líder (Grestel) obterá uma gama de produtos (bens de consumo) inovadores e diferenciadores das alternativas existentes nos mercados internacionais, e de forma natural será o tomador da tecnologia (entidade empresarial vocacionadas e responsável pela comercialização das soluções resultantes do projeto).Por outro lado, um dos efeitos do projeto permitirá ao copromotor a empresa Mota II a formulação de novas pastas e vidrados adequadas para a produção de louça em grés flameproof contribuindo assim igualmente para a diferenciação e diversificação da sua oferta para a industria (Produtos Intermédios).

O projeto FLOWARE resulta da colaboração eficaz entre as empresas produtoras das matérias-primas fundamentais para a produção de peças em grés - pasta e vidrado - (copromotor Mota II) e os produtores de peças em grés (Grestel), ambas com apoio científico especializado e pontual da comunidade do sistema de investigação científica nacional no âmbito dos materiais cerâmicos e compósitos (Universidade de Aveiro).

• Projeto Almas Design SA

A ALMAS DESIGN SA a  trabalha no nicho de vaso para plantas, onde se transformou em empresa líder apostando fortemente no design. Exporta 98% da sua produção. Com este projeto de internacionalização delineou um plano de investimentos que teve como grande objetivo a criação de uma estrutura de marketing com uma maior orientação para o mercado, reforçando o posicionamento da empresa nos mercados externos onde já atua, nomeadamente Rússia, Suécia, França e Alemanha, com recurso a novos modelos e ferramentas de marketing que congregam inúmeros benefícios para a empresa quanto ao seu posicionamento e capacidade de diferenciação positiva a um nível global, através da adoção de uma postura mais direcionada para o cliente e para as suas necessidades.

• Projeto Inovação fundamental do processo produtivo, da gestão organizacional e do marketing VIANAGRÉS

A cerâmica ATLANTITOPÁZIO - LDA detêm a marca própria VIANAGRÉS, sendo todos os produtos comercializados pela empresa sob essa sua marca. A Vianagrés é uma marca de elevada notoriedade no mercado nacional, e diferencia-se dos concorrentes através do design dos produtos e da qualidade, que estava ameaçada e em quebra podendo-se tornar, a curto/médio prazo, numa diferenciação negativa caso não se realizasse o processo de modernização do processo produtivo.

Este projeto envolve a alteração fundamental do processo global de produção de um estabelecimento já existente: com o presente projeto pretende-se promover a automação, apostar em tecnologias state of art, inovar e alterar radicalmente todo o processo produtivo, quer por necessidade interna decorrente da existência atualmente de um processo arcaico, manual e obsoleto, baseado em equipamentos também eles desatualizados e sem flexibilidade, produtividade e capacidade produtiva e que começam a prejudicar a qualidade do produto, quer por mudanças no mercado com uma aposta direcionada para mercados e segmentos de mercado mais evoluidos e exigentes, nomeadamente internacionais, quer pela aplicação dos novos conhecimentos e capacidades tecnologicas. Com o grau de inovação do processo produtivo a empresa pretende uma inversão de 180 graus do paradigma produtivo e tecnológico da empresa, diferenciando se da concorrência, ao levar a cabo uma inovação de rutura do paradigma produtivo atual, conducente ao aumento exponencial de competitividade, pela aposta em novos métodos de produção baseados na automação de todo o processo de produção.

• Projeto CerWave - Demonstração do processo de cozedura de porcelana por gás-micro-ondas

Promovido pela Porcelanas da Costa Verde em parceria com a Universidade de Aveiro e o CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, o projeto CerWave visa a otimização de um protótipo de forno híbrido gás/micro-ondas destinado à cozedura de porcelana. Pretende-se validar e demonstrar industrialmente que o processo de aquecimento assistido por micro-ondas conduz a uma redução do consumo energético e do tempo de cozedura comparativamente com o processo convencional (aquecimento por combustão de gás natural). Trata-se de tecnologia potencialmente mais limpa, mais rápida, menos onerosa e mais eficiente

Este novo método usa a radiação de micro-ondas paralelamente com gás natural para a cozedura de porcelana. A interação da radiação de micro-ondas com o material origina um aquecimento mais volumétrico, resultando no aquecimento direto do material pela radiação eletromagnética, sendo possível a otimização do processo pelo facto de a radiação de micro-ondas atuar termicamente a partir do interior, enquanto a radiação térmica criada pela combustão do gás natural aquece de fora para dentro, culminando assim na utilização do melhor destas duas tecnologias.