Inovar no Ambiente Edificado | Uma oportunidade e um desafio para as empresas portuguesas
Não basta construir. Há que fazê-lo com sabedoria. E, acima de tudo, com atenção às exigências de uma economia sustentável.
O ambiente edificado vive momentos de mudança perante a procura de edifícios mais eficientes, reduzindo o seu impacto no planeta e proporcionando espaços confortáveis e eficientes para as pessoas viverem, trabalharem ou aproveitem apenas os espaços de lazer. As empresas que atuam nos setores que convergem para o que chamamos de “Habitat Sustentável” respondem à pressão do mercado com soluções que contribuem positivamente para a produtividade, saúde e sensação de bem-estar das pessoas.
O edificado contribui para as emissões de carbono, consome recursos naturais e produz resíduos significativos. Para inverter o processo as empresas apostam na criação de edifícios sustentáveis, na introdução de princípios de economia circular nos fluxos de materiais que se reinventam.
Construir com sustentabilidade é construir com racionalidade, tendo em vista a minimização dos impactes ecológicos que prejudicam a biodiversidade. Este objetivo concretiza-se com o planeamento partilhado, com a utilização racional dos materiais, com o respeito pelos ciclos naturais do ar e da água, com o recurso a estratégias passivas de produção de energia e com a gestão e reciclagem de lixos.
Afinal o que entendemos por construção sustentável!? A definição mais aceite internacionalmente foi a apresentada por Charles Kibert em 1994, que define Construção Sustentável como a "criação e gestão responsável de um ambiente construído saudável, tendo em consideração os princípios ecológicos e a utilização eficiente dos recursos".
Construção sustentável, também várias vezes designada por construção verde ou pela expressão internacional "Green Building", é um termo usado para designar as práticas construtivas que aumentam a eficiência dos edifícios no que concerne ao uso de energia, água e outros recursos naturais.
Implica a utilização de materiais e processos que reduzem o impacto negativo na saúde das pessoas e no ambiente, desde a implantação, projeto, construção, manutenção e demolição do edifício, ou seja, durante o seu inteiro ciclo de vida útil.
Um contexto de oportunidades para as empresas que atuam no edificado que estão a apostar no desenvolvimento de soluções sustentáveis, como os projetos que lhe vamos apresentar nesta Newsletter.
- Projeto PCMs for buildings
Um projeto de investigação promovido pela Associação para o Desenvolvimento da Aerodinamica Industrial em parceria com a Universidade de Coimbra, que tem por objetivo desenvolver uma metodologia de análise do comportamento térmico de sistemas com cavidades retangulares com materiais de mudança de fase (PCMs) para o aproveitamento de energia solar térmica em edifícios.
A redução do consumo da energia durante o período de utilização dos edifícios é hoje um desafio, não só para as economias ocidentais e países importadores de energia, mas também, para os países exportadores de energia que têm que reduzir o consumo interno para manter a balança de exportação. Este projeto responde a este desafio através do estudo de uma solução que envolve a transferência de calor através de uma bateria de cápsulas de secção retangular empilhadas e preenchidas com diferentes tipos de PCMs para aplicação em sistemas TES para edifícios.
- Projeto OptimizedWood – Optimização de recursos florestais na construção
O principal objetivo deste projeto de I&D é desenvolver e validar, em ambiente industrial, um produto de construção inovador em madeira que consiste num painel compósito com diversas funcionalidades inovadoras. O principal enfoque da investigação será um painel híbrido passível de ser personalizado, totalmente compatível com as tendências modernas de construção em madeira. Este deverá também apresentar níveis de desempenho semelhantes aos das soluções existentes, tendo por base, no entanto processos de produção mais customizados e adaptados a cada utilização final. O projeto é desenvolvido pela empresa Pedrosa e Irmãos, e os copromotores de investigação fundamental e aplicada, a Universidade de Coimbra, o Centro de Inovação e Competências da Floresta e o Instituto Politécnico de Leiria.
- Projeto Revidry: Desenvolvimento sustentável de porcelânico técnico por via seca
O objetivo global do projeto Revidry é o desenvolvimento de um novo processo de produção de pavimento e revestimento cerâmico em grés porcelânico, recorrendo ao método de preparação de pasta por via seca, tornando o processo mais eco-eficiente e economicamente mais vantajoso. A preparação por via seca permite reduzir drasticamente a utilização de água, pois o processo de moagem e mistura é feito sem água e, por consequência, não requer a posterior secagem. Os ganhos económicos e ambientais são, desta forma, significativos.
O projeto Revidry, é promovido pela Revigrés em consórcio com a empresa JHF - Joaquim Henriques e Filhos, Lda, o CICECO da Universidade de Aveiro e o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro.
- Projeto SIG HABITAT: promotor da cadeia de valor do Habitat
Promovido pela Plataforma para a Construção Sustentável, entidade gestora do Cluster Habitat Sustentável, o projeto “SIG HABITAT - Sistema de Informação e Gestão do Cluster Habitat” é uma plataforma que visa ser um meio de partilha de ações de conhecimento e processos de cooperação na cadeia de valor do Habitat, representada pelo Cluster Habitat Sustentável, através da divulgação de oportunidades de negócio e desenvolvimento de projetos de investigação nas temáticas da construção sustentável. Tem por objetivos :
1.Promoção de ações de partilha de conhecimento e processos de cooperação na fileira do habitat, através do desenvolvimento e dinamização de uma plataforma online para divulgação de oportunidades de negócio e para o desenvolvimento de projetos de investigação nas temáticas da construção sustentável;
2. Fomento da partilha de informação e capacitação de agentes da fileira nos domínios da o trabalho colaborativo e em rede, através da promoção de oportunidades de business matchmaking entre empresas e entidades do Sistema Científico e Tecnológico;
3. Fomento da disseminação do conhecimento gerado, entre as empresas do sector da construção, nomeadamente através da elaboração de Guia de Boas práticas e organização de Seminários.