Das planícies alentejanas o COMPETE 2020 conta-lhe histórias de empresas que investem na inovação
Esta semana continuamos a olhar para a relevância dos apoios do COMPETE 2020 para alterar os paradigmas produtivos e colocar as regiões menos desenvolvidas do Continente – Norte, Centro e Alentejo - em patamares de competitividade sustentável e contribuir para uma maior coesão territorial.
O programa COMPETE 2020 aposta no crescimento inteligente e no desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento e na inovação, designadamente nos domínios da Estratégia de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente. As empresas, em particular as PME, são destinatários preferenciais, procurando o Programa estimular o empreendedorismo, a capacidade inovadora e o desenvolvimento de estratégias mais avançadas, baseadas em recursos humanos qualificados e com um forte enfoque na cooperação e noutras formas de parceria, como redes e clusters.
Olhamos para a região do Alentejo, que para o efeito corresponde ao nível III da Nomenclatura de Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS), aprovada pela Comissão Europeia e que compreende, integralmente, os distritos de Portalegre, Évora e Beja, e a metade sul do distrito de Setúbal e parte do distrito de Santarém, sendo assim a maior região de Portugal. Limita a norte com a Região do Centro, a este com a Espanha, a sul com a Região do Algarve e a oeste com a Região de Lisboa e também com o Oceano Atlântico. Tem uma área de 31 551,2 km² (33% do continente) e 724 391 habitantes (Anuário Estatístico da Região Alentejo – 2015, INE)
A região do Alentejo corresponde a uma economia de pequena dimensão no contexto nacional, com uma densidade de empresas por Km2 de 2,5 (valor de Portugal continental 12,1) gerando um Produto Interno Bruto (PIB) que representou 6,4% do PIB nacional (Anuário Estatístico da Região Alentejo – 2015, INE).
Apresenta um indicador muito interessante ao nível do índice de concentração de VAB nas 4 principais empresas – 10,24 – mais do dobro do índice para Portugal continental. Paralelamente registou em 2015 um índice de intensidade exportadora de 25,98, quando Portugal Continental atingia 27,63. Trata-se de uma das marcas mais relevantes na evolução estrutural da economia regional que permitiu equiparar a intensidade exportadora da economia regional à média nacional, sendo o diferencial do seu grau de abertura face ao exterior exclusivamente explicado por uma menor intensidade em matéria de importações.
Dada a sua relevância para o desenvolvimento regional, importa destacar que a criação de emprego corresponde a uma dimensão absolutamente decisiva para contrariar o processo de despovoamento que afeta a região desde há várias décadas. Nesta matéria, deve ser referido que o dinamismo registado ao nível do emprego gerado pela economia regional (superior em 5 p.p. relativamente à média nacional) terá sido fundamental para minimizar a intensidade daquele processo, permitindo assim acomodar um aumento expressivo (+7 p.p.) do grau de utilização dos recursos humanos da região (aferido pelo rácio entre população empregada e população total).
O Alentejo é uma região que beneficia da proximidade a Lisboa e à sua área metropolitana garantindo um acesso fácil e rápido a essa concentração de recursos humanos, económicos e institucionais do país e a um importante mercado de consumo final.
Por outro lado beneficia da integração de um corredor estruturante de conexão terrestre Portugal-Europa, com destaque para a ligação a Espanha, beneficiando da eficácia da rede multimodal de infraestruturas de transporte existente (que será reforçada no curto-médio prazo).
Tira ainda partido de um posicionamento privilegiado perante as cadeias logísticas globais, suportado nas excecionais condições do hub portuário de Sines em matéria de processamento e distribuição de fluxos continentais e intercontinentais de mercadorias.
A atual rede de infraestruturas de transporte da região caracteriza-se pela qualidade e diversidade das valências modais disponibilizadas, viabilizando boas condições de conectividade externa por via terrestre (rodoviária e ferroviária), marítima e aérea.
Nesta edição dedicada ao Alentejo vamos falar-lhe de projetos de Inovação que garantem a diferenciação e que apostam nos territórios mais interiores e que mostram que a criatividade não tem limites, que envolvem a criação de novas unidades empresariais e apostam no emprego.
Uma nota especial para a relevância crescente do Cluster Aeronáutico na região. O estabelecimento da EMBRAER na região dinamizou um conjunto de empresas e criou efeito de arrastamento. Sobre este tema foi elaborada Newsletter específica publicada a 12 de junho Newsletter N.º 107 | Aeronáutica .
- Projeto GreenEdge ECO PELETES
Este projeto é promovido pela GREENEDGE - BIOMASSA E ENERGIA, LDA e envolve a criação de unidade completamente nova, construída de raiz, tendo por base a experiencia industrial, a abundancia de resíduos de vinha e olival e a forte vontade de promover a transformação dessas podas em briquetes para churrasco, diferenciados, de alto valor no Mercado.
A empresa irá operar no aproveitamento e valorização de material das podas de vinhas e olivais para a produção de briquetes e pellets de biomassa. Atualmente em construção, a unidade da Greenedge será a primeira da Península Ibérica a laborar com recurso a material lenhoso proveniente das podas.
- Projeto Belong Staying & Feeling - Quinta do Craveiral
O projeto “Craveiral | Farmhouse by Belong staying and feeling, criação de turismo de natureza”, tem como objetivo a criação de um empreendimento, com equipamentos e serviços inovadores, que funcionando em conjunto, consigam oferecer experiências e emoções de forma integrada, sendo este o ponto inovador e diferenciador, do projeto, único em São Teotónio, no concelho de Odemira.
O conceito deste projeto subentende-se como uma interpretação holística do turismo, apresentando uma abordagem integradora, onde se harmonizam o Ambiente, o Património, Cultura e Agroalimentar - Touring Cultural e Paisagístico, Gastronomia e Vinhos, tendo como proximidade o Mar.
Após a conclusão do empreendimento ambiciona-se que o mesmo venha a ser reconhecido pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) como um empreendimento turístico de Turismo de Natureza.
- Projeto ALMENCOR2020
Ao longo do projeto será criada uma nova unidade de produção localizada em Évora que tem como objetivo fazer uma primeira transformação da amêndoa. A criação da unidade, a sua dimensão e as características do equipamento previsto vêm responder a um conjunto de oportunidades detetados no mercado global de amêndoa e que beneficia de condições preferenciais de funcionamento na região do Alentejo dada a proximidade e acesso facilitado à matéria-prima.
A empresa ALMENCOR – Comercialização e Descasque Alentejano de Frutos Secos, Lda , estima que esta nova unidade fabril possa atingir no ano pós-projeto 15 milhões de euros de volume de negócios.
- Projeto Fábrica Font Salem Portugal
FONT SALEM é o fabricante líder em Espanha e Portugal em Marcas de Distribuição e co-packing de cervejas, refrescos e águas. Em Santarém ampliou a fábrica, estando esta preparada para produzir cerca de 2.200.000 Hectolitros, um aumento de aproximadamente 47% da capacidade produtiva inicial. Com este projeto a empresa quer transformar a unidade industrial de Santarém, como uma das unidades produtivas de maior relevância estratégica e de maior flexibilidade produtiva no contexto do Grupo; aumentar o volume de negócios nacional e internacional; incrementar o número de postos de trabalho na unidade industrial de Santarém em 57% até 2019.