Projetos inovadores no Setor da Saúde
A economia nacional tem assistido ao aparecimento de setores muito inovadores, que se têm lançado na internacionalização e que têm obtido excelentes resultados em termos de exportações. São geralmente sectores de alto valor acrescentado, com uma grande aposta ao nível da tecnologia e que investem fortemente em investigação e desenvolvimento. Um dos sectores que se tem vindo a destacar pelo crescimento significativo e pela posição de destaque no conjunto das exportações nacionais é o sector da saúde. A Saúde é um setor proeminente e em rápido desenvolvimento em Portugal, tendo registado uma evolução notável ao longo das últimas duas décadas.
Portugal tem uma série de valências que, no seu conjunto, representam vantagens e devem ser usadas para alcançar os objetivos propostos para o setor Saúde, nomeadamente: capacidade adaptativa; capacidade de resposta ao nível das tecnologias de informação; infraestruturas de qualidade ligadas à mobilidade e turismo, bem como preços competitivos quando comparados com a maioria dos países europeus.
Neste setor o impacto da incorporação das tecnologias de informação tem permitido o desenvolvimento de soluções vastas que atuam como coadjuvantes da atividade médica. Mas a utilização das novas tecnologias na área de saúde não está restrita, apenas, aos equipamentos de última geração que são utilizados em hospitais, centros de diagnóstico, clínicas ou unidades básicas de saúde.
O desenvolvimento das Tecnologia da Informação tornou o cidadão protagonista na chamada medicina preventiva, onde o foco é a antecipação da doença, ou mesmo, o diagnóstico mais precoce da enfermidade, promovendo a agilidade no tratamento.
Mais relevante, estas inovações estão a mudar a nossa compreensão da doença e da saúde, redefinindo os conceitos de doença, de medicina e de corpo. Os conceitos de saúde e de estilo de vida encontram-se cada vez mais ancorados na ideia de um corpo saudável e com potencialidades de melhoria por via da técnica, o que é elucidativo da crescente entronização do valor da saúde nas sociedades modernas, como também é um indicador expressivo do impacto das novas tecnologias médicas na produção de novos significados sobre o corpo, a saúde e a própria vida humana.
As inovações tecnológicas no setor da saúde contribuem para uma alteração de paradigma, onde o foco é a preocupação com bem-estar e com o cuidado de vida do ser humano, de maneira mais equilibrada. A disseminação de tecnologias voltadas para a conectividade de todas as informações da vida da pessoa, como hábitos alimentares, físicos, procedimentos cirúrgicos realizados, predisposições a doenças, tornam se essenciais para um acompanhamento mais minucioso, mais preventivo da saúde da população.
A incorporação do saber contribui para o aumento da qualidade e da expectativa de vida. O volume e a velocidade de dados gerados diariamente na saúde tornam cada vez maior a necessidade de uso de tecnologias capazes de capturar, cruzar e interpretar informações em tempo real.
A ilustrar esta importância do sector da saúde na economia portuguesa está o seu crescente reconhecimento internacional, através da concessão de prémios e de bolsas para investigação, o que também é fruto de uma contínua produção de artigos científicos e de avanços na investigação e de uma política muito bem definida de participação em concursos internacionais e em parcerias com outras instituições internacionais.
Trata-se, portanto, de uma actividade muito dinâmica, que se tem vindo a assumir como uma área estratégica para a economia nacional, quer pelas suas exportações, quer pelo apoio que dá ao Serviço Nacional de Saúde (nomeadamente as empresas farmacêuticas), quer ainda pelo número crescente de pessoas que emprega e de empresas que vão surgindo.
No primeiro semestre de 2019, as exportações em Saúde atingiram os 694 milhões de euros, o que se traduz num crescimento de 7,51%, quando comparado com igual período do ano anterior, revelam dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística.
As exportações da área da Saúde cresceram assim a um ritmo superior à restante economia, uma vez que, em comparação com o ano anterior, as exportações portuguesas no primeiro semestre tiveram um crescimento de 2,9%.
Estes números reforçam a importância do setor da Saúde em Portugal, que representa um volume de negócios anual na ordem dos 30 mil milhões de euros e um valor acrescentado bruto de cerca de 9 mil milhões, envolvendo perto de 90 mil empresas e empregando quase 300 mil pessoas.
Os protagonistas desta edição são projetos que melhoram a vida de todos que por momentos se confrontam com a doença e colocam Portugal na vanguarda das respostas :
PrintONorgans : desenvolvimento de um robô para a impressão direta in situ de materiais em tecidos e/ou órgãos danificados, de forma customizada e minimamente invasiva. O projeto não só conta com o desenvolvimento do robô, mas também com a implementação de um novo procedimento cirúrgico mais rápido, customizado, com tempos de recuperação mais reduzidos e incutindo a autorregeneração dos tecidos de modo a mimetizar, o melhor possível, todas as características e propriedades do tecido e/ou órgão existentes inicialmente;
EML – Equipamento multifuncional de auxílio técnico à locomoção : desenvolvimento de modelos demonstradores de andarilhos com diferentes funcionalidades, que permitam por um lado melhorar a estabilidade e a marcha patológica, e por outro lado, permitir aos terapeutas a utilização do andarilho como ferramenta para monitorizar o estado do paciente.
Seringa DUO : Produto já patenteado internacionalmente e em fase de validação pré-clinica, permite realizar o carregamento e a administração de dois fluidos distintos - medicamento e soro para limpeza (flushing) do cateter - sem que seja necessária a substituição da seringa nas práticas clínicas, melhorando a qualidade de vida do paciente.
MammoAssist : A solução efetua a detecção e classificação de microcalcificações mamárias presentes em mamografia digital direta, ajudando clínicos e radiologistas no diagnóstico precoce do cancro da mama. Ajuda também a reduzir a necessidade de submissão a outros procedimentos