I&D empresarial na Saúde : o contributo do COMPETE 2020

A economia nacional tem assistido ao aparecimento de setores muito inovadores, que se têm lançado na internacionalização e que têm obtido excelentes resultados em termos de exportações. São geralmente sectores de alto valor acrescentado, com uma grande aposta ao nível da tecnologia e que investem fortemente em investigação e desenvolvimento. Um dos sectores que se tem vindo a destacar pelo crescimento significativo e pela posição de destaque no conjunto das exportações nacionais é o sector da saúde. A Saúde é um setor proeminente e em rápido desenvolvimento em Portugal, tendo registado uma evolução notável ao longo das últimas duas décadas.

Portugal tem uma série de valências que, no seu conjunto, representam vantagens e devem ser usadas para alcançar os objetivos propostos para o setor Saúde, nomeadamente: capacidade adaptativa; capacidade de resposta ao nível das tecnologias de informação; infraestruturas de qualidade ligadas à mobilidade e turismo, bem como preços competitivos quando comparados com a maioria dos países europeus.

Neste setor o impacto da incorporação das tecnologias de informação tem permitido o desenvolvimento de soluções vastas que atuam como coadjuvantes da atividade médica. Mas a utilização das novas tecnologias na área de saúde não está restrita, apenas, aos equipamentos de última geração que são utilizados em hospitais, centros de diagnóstico, clínicas ou unidades básicas de saúde.

O desenvolvimento das Tecnologia da Informação tornou o cidadão protagonista na chamada medicina preventiva, onde o foco é a antecipação da doença, ou mesmo, o diagnóstico mais precoce da enfermidade, promovendo a agilidade no tratamento.

Mais relevante, estas inovações estão a mudar a nossa compreensão da doença e da saúde, redefinindo os conceitos de doença, de medicina e de corpo. Os conceitos de saúde e de estilo de vida encontram-se cada vez mais ancorados na ideia de um corpo saudável e com potencialidades de melhoria por via da técnica, o que é elucidativo da crescente entronização do valor da saúde nas sociedades modernas, como também é um indicador expressivo do impacto das novas tecnologias médicas na produção de novos significados sobre o corpo, a saúde e a própria vida humana.

As inovações tecnológicas no setor da saúde contribuem para uma alteração de paradigma, onde o foco é a preocupação com bem-estar e com o cuidado de vida do ser humano, de maneira mais equilibrada. A disseminação de tecnologias voltadas para a conectividade de todas as informações da vida da pessoa, como hábitos alimentares, físicos, procedimentos cirúrgicos realizados, predisposições a doenças, tornam se essenciais para um acompanhamento mais minucioso, mais preventivo da saúde da população.

A incorporação do saber contribui para o aumento da qualidade e da expectativa de vida. O volume e a velocidade de dados gerados diariamente na saúde tornam cada vez maior a necessidade de uso de tecnologias capazes de capturar, cruzar e interpretar informações em tempo real.

A ilustrar esta importância do sector da saúde na economia portuguesa está o seu crescente reconhecimento internacional, através da concessão de prémios e de bolsas para investigação, o que também é fruto de uma contínua produção de artigos científicos e de avanços na investigação e de uma política muito bem definida de participação em concursos internacionais e em parcerias com outras instituições internacionais.

Trata-se, portanto, de uma actividade muito dinâmica, que se tem vindo a assumir como uma área estratégica para a economia nacional, quer pelas suas exportações, quer pelo apoio que dá ao Serviço Nacional de Saúde (nomeadamente as empresas farmacêuticas), quer ainda pelo número crescente de pessoas que emprega e de empresas que vão surgindo.

As exportações do setor da saúde ascenderam a perto de 1.400 milhões de euros em 2017. As preparações farmacêuticas são responsáveis pela maior fatia das exportações – 71,7 por cento do total –, seguindo-se os instrumentos e material médico-cirúrgico (20,7%), os produtos farmacêuticos de base (6,6 %) e os equipamentos de radiação, electromedicina e eletroterapêutica (1,0&). De salientar o aumento das exportações de produtos farmacêuticos de base e de equipamentos deradiação, electromedicina e eletroterapêutica em 2017, face ao ano anterior.

Nesta Newsletter vamos apresentar-lhe alguns dos projetos onde se promove esta relação virtuosa , projetos de investigação fundamentais para apresentar ao mercado soluções que serão certamente reconhecidas como inovadoras :

 

  • Projeto SENSE BED: inovador revestimento de colchões para acamados

A Vital Home e a Universidade do Minho criaram uma solução de têxteis inteligentes para revestimento de colchões que ajuda a cuidar da saúde aos que estão acamado.Resultado de dois anos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico da Fibrenamics, Plataforma Internacional da Universidade do Minho (UM), em parceria com a empresa Vital Marques Rodrigues, a nova cobertura está agora pronta a melhorar a saúde e conforto de quem sofre de mobilidade reduzida, doenças crónicas ou terminais.

 

  • Projeto MammoAssist 

O projeto MammoAssist - que tem origem das atividades realizadas no projeto MICABCAD, na área das microcalcificações mamárias e cofinanciado pelo QREN - irá dotar a NEADVANCE de uma solução de detecção e classificação de microcalcificações em imagens mamográficas, para apoio no diagnóstico de cancro da mama, eficiente, portátil e automática.   Pretende-se que o sistema desenvolvido seja uma solução de rápida execução, em que não seja necessário instalar nenhum tipo de software no sistema de aquisição de imagens (mamógrafo).

 

  • Projeto insitu.BIOMAS

O projeto insitu.BIOMAS, representado por um consórcio multidisciplinar, surge com o objetivo de permitir o fabrico de implantes personalizados, em ambiente limpo e em contexto hospitalar, pela mesma equipa que irá implantá-lo.  O consórcio insitu.BIOMAS é constituído por três empresas, a 3DTECH, a Grandesign e a Amcubed, três entidades de I&I, o Instituto Politécnico de Leiria, a Universidade do Porto e o Centro Hospitalar de Leiria e um parceiro o Royal Berkshire NHS Foundation Trus.

 

  • Projeto BRAIN-LIGHTING

Vamos falar de neurociência : Conversámos com Raquel Sousa, Diretora de Unidade na Inova + e Gestora do projeto BRAIN-LIGHTING, que fala do cérebro, da neurociência e do seu projeto que pretende desenvolver um dispositivo optogenético inovador utilizando sondas neuronais óticas 3D

14/03/2019 , Por Paula Ascenção