Investir em I&I, uma aposta das empresas nacionais alavancada pelo COMPETE 2020

O investimento em I&I ( Investigação Inovação) é um indicador fundamental da capacidade para construir uma economia baseada no conhecimento e na inovação, o que justifica o comprometimento crescente de muitos países, incluindo a generalidade dos Estados Membros da UE, com políticas públicas de estímulo ao investimento empresarial em I&I. Um investimento regular e elevado em I&I pelo setor empresarial, particularmente em atividades de média-alta e alta tecnologia, é tido como fundamental para gerar e manter um fluxo regular de inovação na atividade económica capaz de sustentar a competitividade de uma economia .

Esse comprometimento é evidente nas políticas públicas de um crescente número de países que definem objetivos concretos para a intensidade de I&I empresarial e consideram esses objetivos como referências fundamentais na construção dos seus planos de desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação de médio e longo prazo. É um fenómeno à escala mundial que não se restringe aos países tecnologicamente mais avançados e/ou que mais investem em I&I. 

A inovação ocorre dentro de um ecossistema de múltiplas variáveis e qualquer variável ausente neste ecossistema pode impedir que novas ideias sejam geradas ou evoluir para produtos comerciais viáveis.

 

No atual contexto competitivo, boa parte da capacidade competitiva das empresas presente e futura, depende da sua capacidade para produzir, endogeneizar, transferir, usar e proteger o conhecimento científico e tecnológico. O conhecimento tornou-se o fator competitivo por excelência, que se destaca de outros fatores produtivos outrora mais relevantes por ser muito mais difícil de replicar dada a sua componente tácita, por estar muito relacionado com o contexto onde é produzido e utilizado, e pelo facto da matriz do conhecimento de muitas indústrias recentes ser de origem científica.  Para prosperar numa economia baseada no conhecimento e na inovação, países como Portugal, com uma percentagem reduzida de empresas e produtos de média-alta e alta tecnologia e investimento empresarial em I&I historicamente baixo, o aumento do investimento privado em I&I é crucial. 

Em 2010, a Comissão Europeia lançou a estratégia Europa 2020 para um crescimento ‘inteligente, sustentável e inclusivo até ao final desta década.

Numa infografia publicada pela Pordata é feito um balanço do cumprimento das metas, entre as quais se destaca para a temática desta Newsletter , a relativa à % do PIB investido em I&D. Em 2016, este valor era 1,3%, sendo a meta fixada em 2,7%. Ainda um caminho a percorrer , mas ressalvar o crescente investimento das empresas.

Fonte : BD Infografia: Metas 2020  - Portugal e a UE / publicado a 2018-10-09

 

O COMPETE 2020 dispõe dos instrumentos necessários para alavancar o investimento empresarial em I&I, nomeadamente através dos sistemas de incentivos diretos às empresas e promovendo o trabalho conjunto com os Centros de conhecimento, porquanto se o investimento das empresas em actividades de I&D tem aumentado em Portugal na última década, ainda se  verifica uma insuficiente articulação entre as empresas e as restantes entidades do Sistema de I&I ( não empresariais) , dificultando a transferência tecnológica com efeitos favoráveis na cadeia de valor gerado para a economia, fator acentuado pela prevalência de uma reduzida cultura de cooperação interempresarial, sobretudo no domínio internacional, determinante para a valorização económica da I&I.

Nesta Newsletter vamos apresentar-lhe 4 projetos empresariais de I&D :

 

  • Projeto CorkPlus

Com este projeto, pretendeu-se encontrar uma nova forma de classificação, baseada na contribuição química e sensorial que potencialmente as rolhas de cortiça possam ter para a evolução dos vinhos aos quais servem de vedante. Isto levará à melhoria substancial da qualidade das rolhas, traduzindo-se em classes comerciais de "apport" fenólico e volátil diverso.

Esta nova forma de classificação das rolhas de cortiça, para além de ser totalmente inovadora, tem a mais-valia de permitir à indústria vínica selecionar a classe de rolhas que melhor se adequa ao perfil do seu vinho, levando a uma segmentação muito mais objetiva do universo de rolhas produzidas e permitindo uma homogeneidade significativa nos vinhos vedados por cada nova classe de rolhas com "apport" fenólico e volátil diferente.

O projeto envolve um consórcio de dois parceiros, sendo a Amorim & Irmãos o promotor e o ICETA - Instituto de Ciências, Tecnologias e Agroambiente da Universidade do Porto, o copromotor.

 

  • Projeto “Têxteis Responsivos: Desenvolvimento de sistemas fibrosos estimulo-responsivos”

Com este projeto TINTEX lança o desenvolvimento de uma linha de produtos têxteis inovadores para o sector do desporto, recorrendo à nanotecnologia como meio de desenvolvimento de sistemas fibrosos estimulo-responsivos, ou seja, sistemas dinâmicos e adaptáveis de forma autónoma. Pretende-se desenvolver um grupo de estruturas fibrosas estimulo-responsivas, recorrendo a técnicas de funcionalização de superfície com incorporação de nanotecnologia em materiais e estruturas fibrosas avançadas, com vista a maximizar o desempenho dos produtos resultantes e a obtenção de respostas físicas a estímulos pré-definidos nas áreas apontadas, em aspetos como respirabilidade, impermeabilização, comportamentos térmico e estético por alteração de texturas ou cores.

 

  • Projeto SafetyFruit 

A Frulact, em parceria com a  Escola Superior de Biotecnologia da Universidade, vai desenvolver modelos matemáticos que permitam reduzir os binómios tempo/temperatura nos processos de pasteurização, minimizando os gastos energéticos envolvidos, garantindo a segurança dos produtos e melhorando as características sensoriais dos preparados. Em paralelo, serão obtidos protótipos de preparados incorporando antimicrobianos naturais, capazes de eliminar o sorbato de potássio e conduzindo à formulação de preparados com novos sabores. No final serão disponibilizados produtos  seguros e de acordo com os parâmetros máximos de qualidade e simultaneamente naturais, não só pelo seu perfil organolético mas também pela substituição do conservante por um composto natural.

 

  • Projeto R4Textiles

 

No âmbito do projeto R4Textiles onde se procura desenvolver têxteis sustentáveis com base na valorização de rejeitados têxteis e agroalimentares de forma a pôr em prática a chamada economia circular, o grupo Riopele lançou uma nova marca, a Tenowa, que já faz parte do portfólio da empresa.

A Tenowa corporiza a produção de tecidos funcionais inovadores com incorporação de ingredientes extraídos de resíduos agroalimentares (como os provenientes das indústrias das carnes), para obtenção da funcionalidade de neutralização de odores e outras propriedades valorizáveis no acabamento têxtil (antimicrobiano, prebiótico, antioxidante, anti-estático, toque melhorado).

 

 

18/10/2018 , Por Paula Ascenção