Apostar no território através do investimento turístico | à conversa com Jaime Andrez, Presidente do COMPETE 2020

O turismo tem-se revelado ao nível mundial, como o sector de atividade com maiores taxas de crescimento nas últimas décadas. De acordo com as previsões da Organização Mundial de Turismo, irá manter essa tendência nos dois primeiros decénios do século XXI, assumindo-se mesmo como a principal atividade económica no globo, superando em termos de exportações os sectores ligados à produção petrolífera, ao comércio de automóveis e produção petrolífera. O turismo é fortemente dinamizador de atividades económicas locais, face ao excelente grau de apropriação potencial dos seus efeitos multiplicadores pelos sistemas regionais e locais. Paralelamente, e face às suas características, o turismo surge como um conjunto de atividades económicas que pode preservar o carácter local ou regional, sem perigo de deslocalização de atividades e, consequentemente, de postos de trabalho.

Foi em torno desta temática que conversamos com o Presidente do COMPETE 2020, Jaime Andrez 

 

Presidente da Comissão Directiva do COMPETE2020, Jaime Andrez

 

Tive já a oportunidade de relevar a importância da atividade turística – tanto em termos económicos, como sociais –, suportada não só nos seus impactos diretos ao nível de emprego, de volume de negócios e das contas externas, mas também no arrastamento multiplicador daquelas variáveis ao nível de outros setores, como são os casos das indústrias têxteis, cerâmica, vidraria, mobiliário, eletrónica, informática, eletrodomésticos, construção civil e materiais de construção, entre tantos outros que equipam os empreendimentos turísticos.

Relevar também o vasto elenco de atividades económicas abrangidas nessa expressão demasiado simples que é ‘o turismo’, envolvendo hotelaria, restauração, agências de viagem, campismo, atividades de lazer e cultura, termas, golfe, e um sem número de outras atividades e eventos que atraem o turista, ocupam o seu tempo, captam os seus gastos e geram negócio e riqueza no país, dando a conhecer o seu melhor, se possível, através de vivências de vida participada com o nosso recurso mais valioso, os portugueses.

Neste elenco de impactos e funções da atividade turística esquecemos muitas vezes que o turismo é uma atividade de base territorial – em que se ‘importa’ o turista em vez de ‘exportar’ o território –, onde se localiza o hotel, a praia, o museu, o parque temático, o campo de golfe, etc., o que por si só, desde que planeado estrategicamente, pode desempenhar uma das funções mais nobres desta atividade económica, isto é, o desenvolvimento do interior do país.

Ajustando-se em termos de tipicidade e de dimensão a outras componentes do produto turístico, poderão viabilizar-se empreendimentos, e investimentos, que vão desde o parque de campismo ao hotel rural, passando mesmo por hotéis de cinco estrelas.

A recuperação e valorização do património edificado e natural, a exploração de temáticas inspiradoras de novos modelos de negócio associadas ao mundo rural, aos hábitos e costumes das populações, às artes e outras manifestações culturais, permitem uma oferta possível, diversificada, arrastadora de múltiplas atividade e PME locais, com ganhos em termos de emprego, riqueza e bem-estar.

Os quatro exemplos que escolhemos para esta NL, exemplificam, testemunham e inspiram visões estratégicas que muito gostaríamos de associar aos investimentos apoiados pelo COMPETE 2020.

 

10/01/2019 , Por Jaime Andrez