COMPETE 2020 | A inevitabilidade de apostar nas infra-estruturas de transporte para aumentar a competitividade nacional.

 

Sendo o COMPETE 2020 o programa que no âmbito do Portugal 2020 tem por objectivo criar os instrumentos para alavancar a competitividade e internacionalização do país tem num dos seus eixos o apoio estrutural às infra-estruturas de transporte.

A ligação entre o sector de transporte e o resto da economia há muito que é discutida extensivamente na literatura económica por uma série de razões. Krugman deu aos custos de transporte um papel central na determinação da configuração da economia através da influência sobre os trabalhadores e as decisões de localização da empresa, fluxos de comércio e renda regional. Alguns trabalhos recentes usaram esses desenvolvimentos teóricos, geralmente chamados de nova geografia económica (NEG), para construir e calibrar modelos que abordam os benefícios para toda a economia decorrentes de melhorias nas infra estruturas de transporte. Devido à utilização intensiva de infra-estruturas, o sector dos transportes é um componente importante da economia e um instrumento comum utilizado para o desenvolvimento. Isso é ainda mais importante numa economia global em que as oportunidades económicas estão cada vez mais relacionadas à mobilidade de pessoas, bens e informações. Existe uma relação entre a quantidade e a qualidade das infra-estruturas de transporte e o nível de desenvolvimento económico. Infra estruturas de transporte de alta densidade e redes altamente conectadas são comummente associadas a altos níveis de desenvolvimento. Quando os sistemas de transporte são eficientes, eles fornecem oportunidades e benefícios económicos e sociais que resultam em efeitos multiplicadores positivos, como melhor acessibilidade aos mercados, emprego e investimentos adicionais. Quando os sistemas de transporte são deficientes em termos de capacidade ou confiabilidade, eles podem ter um custo económico tal como oportunidades reduzidas ou perdidas e menor qualidade de vida.

No nível agregado, o transporte eficiente reduz os custos em muitos sectores económicos, enquanto o transporte ineficiente aumenta esses custos. Além disso, os impactos do transporte nem sempre são planeados e podem ter consequências imprevistas ou não intencionais. Por exemplo, o congestionamento é muitas vezes uma consequência não intencional no fornecimento de infra-estrutura de transporte gratuita ou de baixo custo para os utilizadores. No entanto, o congestionamento é também a indicação de uma economia em crescimento, onde a capacidade e a infra-estrutura têm dificuldades em acompanhar as crescentes demandas de mobilidade. O transporte carrega uma carga social e ambiental importante, que não pode ser negligenciada.  Nesta relação entre infra-estruturas e competitividade, o COMPETE2020 dispõe de 709 milhões de Fundos da União Europeia para apoiar o desenvolvimento das infra-estruturas de transporte de mercadorias e logística nos domínios ferroviário, marítimo-portuário e plataformas logísticas, com especial incidência em infra-estruturas integradas em Redes Transeuropeias de Transportes (RTE-T) e a conclusão de investimentos estruturantes já iniciados.

Nesta edição da Newsletter apresentamos-lhe 4 projectos que concretizam os objectivos fixados e que permitirão aumentar a nossa competitividade como País:

 - Projeto “Infraestruturação da Zona de Atividades Logísticas e Industriais do Porto de Aveiro (ZALI)

Este projeto visa implementar uma plataforma logística portuária com uma área total de construção de 73,2 ha servida de ótimas acessibilidades rodoferroviárias. Esta plataforma logística portuária intermodal visa facilitar a implantação de operadores logísticos e empresas para as quais a proximidade ao Porto implica um acrescido factor de competitividade ou o valor acrescentado à sua mercadoria apresentando, para tal, espaço disponível para a instalação de novas unidades logísticas e industriais para a instalação de novos projetos/investimentos Este projeto vai permitir aumentar o volume de mercadorias movimentadas no Porto de Aveiro para 65 mil toneladas em 2022 (business plan do investimento).

 

- Linha do Norte - Troço Braço de Prata - Alverca (Terminal da Bobadela)

O projeto “Linha do Norte - Troço Braço de Prata - Alverca (Terminal da Bobadela)” irá contribuir para o aumento da quota modal do transporte ferroviário através das plataformas logísticas que possibilitam a concentração de cargas, permitindo aumentar a competitividade das empresas portuguesas e o reforço da sua orientação exportadora através da redução dos custos do transporte de mercadorias.

As intervenções de modernização do Complexo Ferroviário da Bobadela, permitem melhorar as condições de exploração e de segurança das circulações, nomeadamente criar condições para a circulação de comboios de mercadorias com 750m nos principais eixos da rede ferroviária, reduzindo o impacto destes com os comboios de passageiros e assim o consequente aumento da capacidade de circulação nas linhas gerais. 

- Linha do Norte - Modernização do troço Alfarelos-Pampilhosa (2.ª fase)

O projeto de modernização do troço Alfarelos/Pampilhosa vai permitir ultrapassar os estrangulamentos à exploração eficiente da Linha do Norte, de melhoria do nível da qualidade e segurança do serviço e da satisfação do cliente (passageiros e mercadorias), por forma a promover ativamente o crescimento da procura de transporte ferroviário de passageiros e de mercadorias, com impacte positivo na atividade económica, nas ligações com outros modos de transporte e na inserção em cadeias multimodais e intermodais a nível nacional, ibérico e europeu. Este investimento evidencia benefícios sociais com impacto na economia e mobilidade local, com reflexos no desenvolvimento e coesão social, na medida em que ao promover a supressão de atravessamentos de nível pela construção de passagens desniveladas dilui o impacto da infraestrutura ferroviária que tantas vezes se impõe como uma barreira física no território.

- Janela Única Logística: a plataforma inovadora nas cadeias logísticas portuárias

Promovido pela Associação dos Portos de Portugal (APP) o projeto Janela Única Logística (JUL)  assenta em dois desafios fundamentais: concretizar a transformação digital do sistema logístico e portuário nacional e colocar de novo os portos nacionais na liderança do estado-da-arte dos processos de digitalização portuária.  A implementação desta solução tecnológica vai permitir colocar os portos nacionais na liderança do estado-da-arte dos processos de digitalização portuária. Estima-se que, com a integração marítimo-ferroviária e marítimo-rodoviária, os benefícios diretos para os protagonistas económicos ligados aos portos, será de cerca de 50 milhões de euros no primeiro triénio. Neste sentido, com a JUL, os atores das redes logísticas e as autoridades irão poder partilhar informação em tempo real e alinhar os seus processos para garantir o maior nível de sincronização das operações. No hinterland dos portos nacionais, a JUL irá definir processos harmonizados e otimizados e será suportado o desenvolvimento de corredores sincromodais transfronteiriços, envolvendo Portugal e Espanha. Serão ainda desenvolvidos novos formatos ágeis e desmaterializados de relacionamento com as autoridades. E, finalmente, os processos de última milha passarão também a ser cobertos através de aplicações simples e de baixo custo.  

07/06/2018 , Por Paula Ascenção