Quando o I&D impulsiona a I4.0 nos transportes : por uma mobilidade inteligente
A ligação entre o sector de transporte e o resto da economia há muito que é discutida extensivamente na literatura económica por uma série de razões. Krugman deu aos custos de transporte um papel central na determinação da configuração da economia através da influência sobre os trabalhadores e as decisões de localização da empresa, fluxos de comércio e renda regional. Alguns trabalhos recentes usaram esses desenvolvimentos teóricos, geralmente chamados de nova geografia económica (NEG), para construir e calibrar modelos que abordam os benefícios para toda a economia decorrentes de melhorias nas infra estruturas de transporte. Devido à utilização intensiva de infra-estruturas, o sector dos transportes é um componente importante da economia e um instrumento comum utilizado para o desenvolvimento.
Isso é ainda mais importante numa economia em mudança em que as oportunidades económicas estão cada vez mais relacionadas com novas formas de mobilidade de pessoas, bens e informações.
A gestão de transportes 4.0 é um conceito que remete para o esforço das empresas em promoverem a digitalização e a interoperabilidade em todos os pontos de contato da cadeia de valor. Ela também diz respeito às possibilidades tecnológicas disponíveis hoje, que proporcionam esse movimento.
A essência da gestão de transportes reside no grau de inovação que as empresas precisam. À concorrência juntam-se clientes cada dia mais exigentes e desafios macroestruturais a serem enfrentados, o que torna o uso estratégico da tecnologia fundamental. Mas mais do que ferramentas e métodos, também é preciso trabalhar um novo mindset — a maneira de fazer e gerir negócios requer uma nova mentalidade.
Antes de pensarmos em gestão de transportes 4.0, precisamos sintetizar o conceito de Indústria 4.0. Ela incorpora e estende a conectividade digital dentro do contexto do mundo físico nas empresas. Isso impulsiona o ato físico de fabricação, distribuição e desempenho num ciclo contínuo.
As tecnologias da Indústria 4.0 combinam informações digitais de diversas fontes e locais físicos e digitais, incluindo a Internet das Coisas, fabricação aditiva, robótica, computação de alto desempenho, inteligência artificial, tecnologias cognitivas, materiais avançados e realidade aumentada.
Durante esse ciclo, o acesso em tempo real a dados e inteligência é impulsionado pelo fluxo contínuo e cíclico de informações e ações entre os mundos físico e digital.
Muitas organizações de manufatura e cadeia de suprimentos já possuem algumas partes do loop “físico para digital para físico”. No entanto, é o salto do digital de volta ao físico — das tecnologias digitais conectadas à ação no mundo físico — que constitui a essência da Indústria 4.0.
As tecnologias digitais devem também ser capitalizadas enquanto facilitadoras no acesso e otimização dos principais fatores de produção - e.g. IoT - acesso remoto a informação de ativos em tempo-real, comunicação automática entre dispositivos e consequente automação de processos. Introduzir novas estratégias de sourcing de tecnologia, com um maior recurso a plataforma partilhadas (as-a-service).
A apropriação real do digital na forma como aprendemos, como nos relacionamos e sobretudo como as empresas se relacionam com o mercado é fundamental para o crescimento sustentável.
Esta descrição não é ficção, é um desafio a que as empresas portuguesas estão a responder de forma ativa e encontram nos instrumentos do COMPETE 2020 a alavanca ajustada, desenvolvendo projetos que vão transformar a forma olhamos a mobilidade e os transportes.
- O projeto Balestilha, que surgiu com o objetivo principal de disponibilizar a bordo de fragatas e navios patrulha ferramentas de suporte à decisão em funções de guarda costeira (tais como a busca e salvamento marítimo, fiscalização marítima e resposta a incidentes de poluição), acabou por se tornar numa peça importante no ecossistema de soluções criadas na Critical Software utilizadas pela Marinha , permitindo a ligação entre diversos sistemas. Estas ligações facilitam a troca de informação entre navios e entre estes e os centros de comando e controlo, contribuindo desta forma para uma maior e melhor coordenação dos meios no teatro de operações.
- O projeto SOLFI (Sistema de Otimização para a Logística Urbana com Fluxos Integrados de Mercadorias e Passageiros) tem como objetivo principal a criação de um novo tipo de serviço de distribuição de mercadorias em contexto urbano utilizando as redes de transporte de passageiros a operar nas cidades. Com a integração dos dois fluxos (passageiros, mercadorias) procura-se assegurar uma utilização mais eficiente das capacidades disponíveis na rede de transporte de passageiros e melhorar a qualidade de vida das populações nas grandes cidades.
-Criar melhores condições de eficiência energética, num dos setores estratégicos para o desenvolvimento do sistema de transportes em Portugal, o setor ferroviário é o principal objetivo do projeto NTW-DAS. Como? Desenvolvendo uma solução de apoio à condução do maquinista que permita a otimização global da rede de transportes ferroviária. Tal implica sugerir, a cada maquinista, um perfil de condução adequado à situação atual da rede de forma a evitar possíveis conflitos (originando paragens não programadas) com as indicações sugeridas aos maquinistas das restantes unidades de Material Circulante em operação.
- O projeto EVO4Rail Demo visa demonstrar em ambiente real um sistema sem fios para monitorização da ferrovia, que permite a pesagem dinâmica dos rodados que circulam na rede ferroviária nacional.