Projetos que colocam a floresta como prioridade para criar oportunidades para uma economia sustentável
As florestas são cultural, ecológica, económica e socialmente vitais para o mundo. O seu poder para preservar e restaurar a integridade ambiental e apoiar o desenvolvimento económico sustentável é fundamental. E o conceito de desenvolvimento sustentável responde, exatamente, ao conhecimento dos limites dos recursos.
O desenvolvimento é necessário para aumentar o emprego e subir os padrões de vida, mas, para serem sustentáveis, as atividades realizadas no sentido desse desenvolvimento devem equilibrar fatores económicos, sociais e ecológicos. E as florestas são um recurso único para realizar este equilíbrio, devido à sua capacidade de responder a múltiplas necessidades, e pela sua extraordinária capacidade de se renovarem.
A ampla gama de produtos e serviços que as florestas oferecem cria oportunidades para enfrentar muitos dos desafios de desenvolvimento sustentável mais urgentes. As suas contribuições são inúmeras, como a provisão sustentável de alimentos, energia, serviços de ecossistema e madeira.
A floresta é um pilar fundamental na criação de valor para os proprietários florestais e para a sustentabilidade do negócio da indústria de pasta e papel, em Portugal e no mundo. Por cá, a fileira florestal acrescenta enorme valor à economia nacional, representando cerca de 2% do PIB, e contribui, em média, desde 1990, com uma redução líquida anual de 2,4 milhões de toneladas de CO2 das emissões de Portugal.
Aumentar o valor da floresta vai ao encontro dos princípios da bioeconomia circular, que combina os conceitos de circularidade de processos com a utilização de recursos renováveis, num ciclo mais fechado, reduzindo o desperdício e incentivando a durabilidade, reciclagem e reutilização. Em resumo: fazer mais com menos e de forma mais sustentável.
Fazer mais com menos implica uma transição do modelo linear tradicional em que vivemos desde a revolução industrial – baseado na ideia de “produzir-utilizar-deitar fora” – para uma economia circular, com o objetivo de “produzir, reutilizar, recuperar e reciclar”. Em paralelo, fazer de forma mais sustentável significa passar de uma economia baseada em recursos não renováveis de origem fóssil para uma economia assente em matérias-primas naturais, renováveis, geridas de forma economicamente viável, ambientalmente responsável e socialmente aceitável.
As florestas são essenciais para a nossa saúde e bem-estar, e para a saúde do planeta. Eles são ricos em biodiversidade e são extremamente importantes na luta contra as alterações climáticas.
A nova estratégia florestal da UE para 2030 é uma das iniciativas emblemáticas do European Green Deal e baseia-se na estratégia de biodiversidade da UE para 2030.
A estratégia contribuirá para alcançar os objectivos da UE em matéria de biodiversidade, bem como o objectivo de redução das emissões de gases com efeito de estufa de pelo menos 55% até 2030 e a neutralidade climática até 2050.
Reconhece o papel central e multifuncional das florestas, e a contribuição dos silvicultores e de toda a cadeia de valor baseada na floresta para alcançar uma economia sustentável e neutra para o clima até 2050 e preservar as zonas rurais vivas e prósperas.
A nova estratégia florestal da UE apoiará as funções socioeconómicas das florestas para as zonas rurais prósperas e impulsionará a bio-economia baseada na floresta dentro dos limites da sustentabilidade. Irá também proteger, restaurar e ampliar as florestas da UE para combater as alterações climáticas, inverter a perda de biodiversidade e assegurar ecossistemas florestais resistentes e multifuncionais.
No âmbito do COMPETE 2020 destacamos projetos que colocaram a floresta como prioridade : - O iPLANT é um projeto para valorização da floresta portuguesa. A estratégia inovadora do iPLANT assenta em dois vetores: (i) na identificação de materiais genéticos com características desejadas face aos desafios atuais e (ii) num novo sistema de clonagem, mais eficiente, permitindo a produção de mais plantas.
- Hybrid Log Shield: Barreiras sustentáveis à base de troncos de madeira - O conceito de barreira acústica/eletromagnética proposto no âmbito do projeto Hybrid Log Shield baseia-se num conjunto de elementos discretos, com arranjo periódico, propondo-se a utilização de troncos de madeira para esse efeito. Este material encontra-se disponível no nosso país, por vezes com abundância excessiva (em particular de pinheiro bravo), proveniente de operações de desmatação que têm em vista a gestão da floresta, não só para propiciar um melhor desenvolvimento das árvores que não são abatidas bem como da redução e mitigação do risco de incêndio. Este é um recurso natural, abundante e renovável, mas que é, em muitos casos, inadequado para algumas aplicações correntes
- A plataforma e-globulus (www.e-globulus.pt) é um projeto de comunicação e transferência de conhecimento da investigação conduzida no RAIZ - Instituto da Floresta e Papel, que se traduz na disponibilização gratuita, através de uma plataforma online, de recomendações para auxiliar o planeamento e execução de operações silvícolas visando uma intervenção florestal adaptada às condições de cada local e de acordo com as melhores práticas silvícolas.Considerando a diversa e importante informação que a plataforma dispõe, e a gestão de recursos que permite, são consideráveis os benefícios que podem resultar da sua utilização, com destque para a melhoria ambiental dos ecossistemas de produção florestal, uma vez que uma gestão florestal adequada e sustentável contribui também para a melhoria e conservação das restantes funções ecológicas do ecossistema, tais como a mitigação do efeito de estufa (por sequestro de carbono), a proteção do solo contra fenómenos erosivos, a manutenção da biodiversidade e a preservação dos recursos hídricos.