A relevância dos projetos de I&I para recuperar a aposta na economia azul
O mar é parte intrínseca da nossa história como país, da nossa forma de vida e da nossa economia, considerando que Portugal tem uma faixa costeira de 1.187 km e a terceira maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Europa, 18 vezes superior ao território continental do país.
O mar – oceano atlântico - fazendo parte da nossa identidade e cultura é, um elemento de ligação privilegiada entre as várias Regiões do País e deste com a Europa e o resto do Mundo e marcou decisivamente o desenvolvimento de Portugal, com as trocas comerciais, culturais e científicas durante a época dos descobrimentos.
Os mares e os oceanos europeus no geral e o atlântico no nosso particular oferecem essas oportunidades se os olharmos em todas as vertentes e investigarmos todas as suas potencialidades. São ainda uma imensidão de recursos por explorar à medida que o aumento da população mundial pressiona mercados em busca de alimentos, energia e medicamentos. Desde a produção de energia limpa até ao desenvolvimento de indústrias sustentáveis em áreas tão diversas com a biotecnologia e a aquacultura, a inovação na Economia Azul é crucial para a Europa e para Portugal.
No contexto atual onde a pandemia provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2 e da doença COVID-19 afetou profundamente o mundo, olhamos para o contributo dos projetos de Ciência e I&I para a recuperação da Economia dos Oceanos e Mares no contexto nacional , considerando os instrumentos de política existentes no contexto do COMPETE 2020 para o efeito.
A economia azul representa cerca de 3,5 a 7% do PIB global, de acordo com dados apresentados em abril 2020 pelas Nações Unidas. Os setores da economia azul que dependem amplamente do ambiente marinho, ecossistemas e espécies para gerar valor económico, foram profundamente afetados pela pandemia.
Num momento em que a Europa apresentou o seu Plano para a recuperação , os oceanos representam um papel crucial . O crescimento da investigação nos mares permite-nos ser optimistas em relação a um conjunto de projeto de investigação, a maioria dos quais financiados por Fundos da União Europeia, que permitirão trazer do laboratório para o mercado soluções inovadoras, sobretudo em áreas com a biotecnologia, as energias renováveis, os recursos minerais e a aquacultura.
Uma economia marítima próspera para Portugal passa pelo aproveitamento do potencial existente ao nível da biodiversidade oceânica, das fontes de energias renováveis, dos centros de investigação modernos e altamente qualificados, dos transportes marítimos e portos, dos recursos pesqueiros, do turismo, entre outros novos usos que o mar pode vir a ter no futuro.
Assim nesta edição :
- Conversamos com Ana Machado Silva, Senior Project Manager na Sonae Center , empresa líder do projeto ValorMar que propõe soluções inovadoras para a criação de novos produtos alimentares saudáveis, recorrendo a tecnologias sustentáveis e eficientes.Sob o lema “Inovação na cadeia de valor agroalimentar: a importância da colaboração”, o projeto ValorMar, destaca a importância da cooperação entre diferentes entidades na busca de produtos, processos ou serviços que, valorizando os recursos marinhos, combinem sustentabilidade, inovação e a capacitação de entidades nacionais;
- Falamos comLuís Almeida, VP of Technology da Abyssal sobre o projeto OceanTech, cujo objetivo principal é desenvolver um sistema de gestão de operações submarinas com base em veículos robóticos inteligentes para explorar o mar global a partir de Portugal.Promovido por um consórcio de doze promotores, liderado pela Abyssal, este projeto irá gerar novo conhecimento técnico-científico que permitirá desenvolver, construir e oferecer novos produtos, processos e serviços para o oceano profundo.
- Entrevistámos Luís Pessoa, Investigador Sénior responsável pelo projeto Endurance do INESC TEC, cujo principal objetivo é o desenvolvimento de um sistema de transferência de energia sem fios em ambiente subaquático, um sistema de comunicações óticas subaquático, e um sistema de navegação e perceção.O projeto conta já com 5 publicações em conferências internacionais, 1 capítulo de livro, 1 patente, e um artigo de revista em revisão. Este foi um trabalho onde foi desenvolvido um modelo do canal de comunicações óticas subaquáticas, que permite prever de forma precisa o comportamento de um sistema de comunicações em termos de níveis de potência recebida e largura de banda do canal, em função de diferentes parâmetros ao nível das propriedades do meio subaquático.
- Conversamos com Cláudia Matos Pinheiro, CEO da A. Silva Matos Metalomecânica, sobre o projeto NESSIE grande objetivo é desenvolver tecnologias que auxiliem na inspeção e manutenção de instalações offshore, que vão desde a aquacultura, passando pela monitorização ambiental, recursos minerais até à produção de energia. O sistema proposto no projeto prevê a incorporação de plataformas robóticas autónomas móveis e semi-permanentes, com novas tecnologias subaquáticas, de inspeção visual e de monitorização em contínuo de infraestruturas. Adicionalmente prevê o desenvolvimento de uma nova plataforma de apoio à missão para aumentar a segurança das atividades de colocação e recolha de equipamento especializado no mar.