Economia Verde - um imperativo | Projetos que fazem a diferença
Num contexto em que a pandemia nos lembrou a nossa fragilidade humana no planeta em que habitamos e em que a atividade económica global teve uma quebra de 50% em setores cruciais como a indústria automóvel, o transporte aéreo e o turismo, a Comissão Europeia coloca a tónica num plano de recuperação verde, com destaque para as energias renováveis, a mobilidade limpa e a economia circular.
De acordo com o World Economic Forum, a recuperação da crise do coronavírus é uma oportunidade para se redesenhar uma economia sustentável e inclusiva, revitalizar a indústria, preservar sistemas vitais de biodiversidade e combater as mudanças climáticas.
Existe apenas um planeta Terra mas, em 2050, o mundo consumirá como se existissem três. O consumo mundial de matérias-primas, como a biomassa, os combustíveis fósseis, os metais e os minerais, deverá duplicar nos próximos quarenta anos, prevendo-se que a produção anual de resíduos aumente 70% até 2050.
Para as empresas, o facto de colaborar na criação do quadro estratégico para sustentabilidade dos produtos abrirá novas oportunidades na UE e no resto do mundo.
Esta transição, gradual mas irreversível, em direção a um sistema económico sustentável, constitui um elemento indispensável da nova estratégia industrial da UE.
A economia circular é uma nova forma de pensar o nosso futuro e como nos relacionamos com o planeta, dissociando o crescimento econômico e o bem-estar humano do consumo crescente de novos recursos. Para isso, materiais circulam no máximo de seu valor como nutrientes técnicos ou biológicos em sistemas industriais integrados, restaurativos e regenerativos.
O desenho intencional de novos produtos e processos possibilita o aproveitamento inteligente dos recursos que já se encontram em uso no processo produtivo. Os resíduos se tornam nutrientes em novos processos – e produtos ou materiais podem ser reparados, reutilizados, atualizados ou re-inseridos em novos ciclos com mesma qualidade ou superior, ao invés de serem jogados fora.
A economia circular contrasta com o processo produtivo atual, que tem a prática de ‘extrair-produzir-descartar’, e é o que chamamos de economia linear.
Num sistema linear, o crescimento econômico depende do consumo de recursos finitos, o que traz o risco iminente de esgotamento de matérias-primas. Com menos recursos disponíveis, há custos cada vez mais elevados de extração, o que traz instabilidade e insegurança em relação ao futuro.
Além dos problemas associados à extração insustentável de recursos, ocorre também a contaminação decorrente da produção e descarte de produtos. O modelo linear gera um volume sem precedentes de resíduos inutilizados e potencialmente tóxicos para os seres humanos e os sistemas naturais.
Esta mudança profunda na forma de olhar a produção precisa de ser assimilada pelas empresas.
E é neste contexto que instrumentos de política como as ações coletivas são fundamentais. Elas correspondem a iniciativas orientadas para o interesse geral através da disponibilização de bens tendencialmente públicos, fortemente mobilizadores e com elevadas externalidades positivas, visando a promoção de fatores de competitividade de finalidade coletiva.