Acreditamos que não existe uma solução... todas podem ser possíveis se demonstradas
O apoio público ao investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) empresarial é uma prática generalizada nos países da OCDE que se tem consolidado ao longo de várias décadas, mas que nem por isso está isento de controvérsia.
O objetivo da União Europeia (UE) em tornar-se a economia baseada no conhecimento mais dinâmica do mundo em 2010 marcou uma mudança estratégica nas políticas públicas de I&D e o reforço do papel que os países da UE atribuíram a si mesmos no estímulo à I&D empresarial, cujas repercussões extravasaram muito a própria UE.
A política baseada em objetivos e o crescente aumento da generosidade dos incentivos públicos à I&D empresarial são dois vértices dessa mudança de paradigma. Outro é a alteração na racionalidade do financiamento público à I&D empresarial que cada vez menos se baseia nas tradicionais falhas de mercado (investimento privado em I&D abaixo do ótimo social), e mais na promoção da inovação e do crescimento económico (I&D enquanto base da inovação e do crescimento económico), e, mais recentemente, na concorrência entre países (e zonas económicas) por investimento em I&D e investigadores (atração de novos investimentos internacionais de I&D e preservação de recursos de I&D já existentes no país) .
O investimento em I&D é um indicador fundamental da capacidade para construir uma economia baseada no conhecimento e na inovação, o que justifica o comprometimento crescente de muitos países, incluindo a generalidade dos Estados Membros da UE, com políticas públicas de estímulo ao investimento empresarial em I&D.
Um investimento regular e elevado em I&D pelo setor empresarial, particularmente em atividades de média-alta e alta tecnologia, é tido como fundamental para gerar e manter um fluxo regular de inovação na atividade económica capaz de sustentar a competitividade e o crescimento económico de uma economia baseada no conhecimento.
No atual contexto, boa parte da capacidade competitiva das empresas presente e futura, e por extensão dos países onde têm atividades económicas, deriva da sua maior ou menor capacidade para produzir, endogeneizar, transferir, usar e proteger o conhecimento científico e tecnológico. O conhecimento tornou-se o fator competitivo por excelência, que se destaca de outros fatores produtivos outrora mais relevantes por ser muito mais difícil de replicar dada a sua componente tácita, por estar muito relacionado com o contexto onde é produzido e utilizado, e pelo facto da matriz do conhecimento de muitas indústrias recentes ser de origem científica.
Dados relativos a 2017 publicados pela Prodata , mostram que o investimento das empresas em I&D já ultrapassa os 50% do total da despesa em I&D.
Portugal tem um enorme potencial de recursos para a construção de uma economia mais competitiva, inovadora e regionalmente coesa, tendo em conta os investimentos realizados na recuperação do atraso científico e tecnológico e das qualificações nas últimas décadas.
Mas para capitalizar todos estes recursos é fundamental fomentar a relação entre ciência e tecnologia e a inovação na economia para retomar a trajetória de diversificação das exportações, promovendo uma maior incorporação de valor acrescentado nos produtos nacionais.
O diagnóstico da economia portuguesa aponta para a subsistência de um nível incipiente de investimento por parte das empresas em I&D e para a insuficiente articulação entre estas e as restantes entidades do Sistema de I&I, dificultando a transferência tecnológica com efeitos favoráveis na cadeia de valor gerado para a economia, o que é acentuado pela prevalência de uma reduzida cultura de cooperação interempresarial, sobretudo no domínio internacional, determinante para a valorização económica da I&D.
No contexto do Portugal 2020 foram criados instrumentos específicos de apoio ao I&D. Neste contexto destacamos os projetos demonstradores de tecnologias avançadas e de linhas-piloto. Ao apoiar esta tipologia de projetos, os instrumentos públicos estão a apoiar a transferência de conhecimento para um público especializado e em situação real.
Estes projetos, podem configurar uma primeira aplicação de uma nova tecnologia no desenvolvimento de uma atividade/sector económico, com perspetivas de viabilidade técnico-económica e condições de repetitividade, pretendendo-se atingir a validação industrial do conhecimento associado a novas tecnologias suscetíveis de serem aplicadas a nível nacional/internacional em produtos, processos e ou sistemas.
Nesta edição conversámos com : Raimundo Délio, responsável pelo Departamento de Inovação da Campotec IN e pelo projeto AlgaeCoat: revestimentos comestíveis baseados em extratos de macroalgas para aumentar o tempo de prateleira de alimentos; António Selada, responsável pelo gabinete de IDI do Grupo VANGEST e pelo projeto BePIM III - que produz implantes dentários com materiais diferenciadores e Nuno Costa, Diretor Geral da Faria da Costa que comenta que o projeto WYFEET Extreme surgiu “após a realização do projeto WYFEET, uma parceria realizada com o CITEVE, e após um pedido especial de um cliente Nórdico que queria umas meias que lhe permitissem estar algumas horas no exterior para ver o rally da Suécia”. Em comum : Projetos Demonstradores .