Bicafé quer maximizar a extração de cafeína de resíduos no processo de torrefação de café

De olhos postos na economia circular, a empresa torrefatora de café nacional testa tecnologia para obter extratos ricos em cafeína de uma forma eficiente, mais rápida e sem recurso a solventes orgânicos, para possível aplicação em produtos alimentares, cosméticos e de higiene corporal.

 

Enquadramento 

A sustentabilidade dos processos e a valorização dos subprodutos agroalimentares são, atualmente, prioridades para entidades nacionais e europeias. 

A pele de prata é o principal subproduto da indústria de torrefação do café. Consiste numa fina película que reveste a camada exterior dos grãos verdes e que se destaca quando estes são sujeitos ao processamento térmico de torra. 

A cafeína, essencialmente presente nos grãos de café, é amplamente conhecida pelo seu efeito estimulante no sistema nervoso central mas também como antioxidante. O uso da pele de prata do café como ingrediente funcional tem sido sugerido por alguns autores, com base no elevado teor em fibra solúvel e na sua atividade antioxidante.

Alguns estudos mostraram que a pele de prata também contém cafeína. No entanto, um estudo recentemente publicado mostrou variabilidade composicional de extratos, obtidos a partir deste subproduto, dependente das condições de extração. 

 

O projeto

Na Bicafé, uma produção média mensal de 120 toneladas de café torrado produz cerca de 1.120 kg de pele de prata. Ao final de um ano, obtêm-se várias toneladas de um subproduto que, até à data, é descartado. Algumas das aplicações conhecidas são a compostagem/adubação de terrenos ou a combustão, por queima direta, para aquecimento. 

A Bicafé optou por selecionar uma opção sustentável para maximizar o rendimento da extração de compostos bioativos e a capacidade antioxidante dos extratos. 

Espera-se que a utilização da nova tecnologia possa contribuir para uma otimização da extração dos compostos químicos. Neste caso, dada a presença de cafeína na pele de prata, pretende-se proceder à sua extração de uma forma eficiente, mais rápida e sem recurso a solventes orgânicos, tendo em vista uma possível aplicação posterior em produtos alimentares, cosméticos e de higiene corporal. 

 

Apoio do COMPETE 2020

O projeto “Validação laboratorial das condições e tecnologia para maximizar extração de cafeina de resíduos do processo de torrefação de café” foi cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, com um investimento elegível de 20 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 15 mil euros.

 

Links

Bicafé - Torrefacção e Comércio de Café Lda. 

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11/04/2017 , Por Cátia Silva Pinto