O COMPETE 2020 e a agregação de valor na exportação de vestuário, confecção e moda

O Presidente do COMPETE 2020, Rui Vinhas da Silva, iniciou hoje uma visita de 2 dias a empresas do setor do vestuário, confecção e moda.

Um setor exportador na sua natureza que conheceu um crescimento de 9,5% em 2014 no volume de exportações, (dados da ANIVEC). De 2009 a 2014 , estes sectores aumentaram as vendas nos mercados externos em 29%.

No contexto do setor têxtil, em 2014, as exportações de vestuário e confecção representaram 60,2% do total exportado, e contribuíram para a balança comercial com um saldo positivo de 967 milhões de euros.

Esta visita integra-se num conjunto alargado de visitas aos sectores exportadores da economia nacional. Ao identificar o conjunto de fatores críticos do crescimento económico por via das exportações, atuando de forma consistente e sistemática nesta variável seguindo um modelo de agregação de valor a bens transacionáveis, fortemente incorporadores de inovação, conhecimento aplicado e marketing, elencando o que é necessário fazer para remover obstáculos estruturais e comportamentais ao IDE, será possível criar condições de crescimento económico sustentado em Portugal por via da competitividade e das exportações, o que concretiza o grande objetivo do programa COMPETE 2020.

Do programa da visita fazem parte um conjunto de empresas do setor com diferentes posicionamentos mostrando a riqueza do mesmo e a forte dinâmica que as empresas nacionais têm assumido nos últimos anos:

 

IRMÃOS VILA NOVA, S.A. (Salsa)

A Salsa é uma marca portuguesa de denim reconhecida internacionalmente. Criada em 1994, a marca está presente em mais de 35 países na Europa, Asia, África e Médio Oriente. A marca é comercializada em mais de 250 pontos de venda (marca própria e shop-in-shop) e em mais de 2000 clientes multimarcas. 

A Salsa destaca-se pelo seu espirito empreendedor e por ser uma marca pioneira no desenvolvimento de produtos inovadores. O seu objetivo é criar peças únicas que se adaptem ao corpo como uma segunda pele, oferecendo conforto e a sensualidade. Esta estratégia permite que a marca apresente mais de 20 modelos para mulher e homem que se adaptam a todos os tipos de corpos.

 

CALVELEX - INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES, S.A.

Desde 1985 que a CALVELEX se dedica à confeção de vestuário. A capacidade anual de produção é da ordem de um milhão de peças. Pela constante atualização tecnológica dos seus equipamentos e dos processos produtivos utilizados, assim como pela preparação e dinamização dos recursos humanos de que dispõe, as suas unidades fabris alcançaram um grau de eficácia que coloca a CALVELEX entre os mais competitivos do sector a nível nacional.

A CALVELEX é atualmente constituída por cinco unidades fabris, emprega cerca de 700 trabalhadores e é especializada em roupa de senhora de alta qualidade. Os produtos principais são casacos, calças, saias, calções, blusas e vestidos, os quais são exportados para a Europa e para os Estados Unidos. Tem um escritório permanente em Londres e fornece um forte portefólio de retalhistas na Grã-Bretanha

 

HALL & CA., S.A. (Laranjinha)

Desde 1981, a Laranjinha é uma marca de roupa de bebé e criança que se dedica ao estudo intensivo de materiais e técnicas de produção inovadoras que permitem acrescentar ao design das peças, todo o conforto e cuidados com o bebé.

Dado o primeiro passo rumo à internacionalização em 1998 (Espanha) nos anos seguintes de atividade a Hall & CA, Lda., para além de comercializar a marca Laranjinha em Portugal e Espanha, começou a propagar-se para outros mercados europeus, mercado Americano, Austrália e mais recentemente para países Árabes.

 

PETRATEX - CONFECÇÕES, S.A.

A Petratex Confeções, S.A é uma empresa criada em 1989, que tem adquirido uma posição de liderança na indústria têxtil. A Petratex tem como principal foco da sua atividade a confeção por encomenda de vestuário de moda e desporto. A empresa enfrentou um grande desafio nos primeiros anos de vida. Na década de 90, perante a transferência da produção para o continente asiático da Nike, Adidas e Levi’s, marcas que compravam 85% da produção da Petratex, foi necessário avançar com uma nova estratégia.

A Petratex caminhou assim para duas áreas de especialização: o vestuário técnico ligado a desportos de alta competição e a confeção de alta-costura. E os resultados apareceram. Em 2008, o nome da empresa saltou para a ribalta quando se ficou a saber que os fatos de banho da Speedo utilizados por Michael Phelps nos Jogos Olímpicos de Pequim, onde o nadador conquistou oito medalhas de ouro, eram fabricados em Portugal. A Petratex é também responsável pela produção de um projeto na área da saúde, a Vital Jacket, camisola com tecnologia acoplada que permite medir os sinais vitais do utilizador.

 

FIORIMA, S.A.

Criada em 1985, a Fiorima dedica-se em exclusivo à fabricação de peúgas e similares de malha. É uma das empresas mais modernas do mundo, não só pelo recurso ao equipamento de fabricação mais atualizado, como pelo recurso às mais avançadas tecnologias no domínio de toda a logística da cadeia de valor.

A Fiorima está certificada segundo as normas SA 8000, ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, facto que por ser raro, senão único no sector, demonstra o nível atingido pela empresa nos vários domínios da gestão empresarial.

 

DAMEL, Confecção de Vestuário Lda.

Nos princípios de 1980 dá-se o arranque de uma empresa familiar, com grande espírito empreendedor dos dois sócios gerentes, David Paiva e Amélia Sá, antigos empregados têxteis com grande experiência. Inicialmente, em nome individual, a DAMEL entra no mercado com uma produção de calças de ganga (jeans).Desde então a DAMEL tem apostado na diferenciação, pelo que tem vindo a efetuar vários progressos neste âmbito, através essencialmente da inovação dos seus produtos. É a única empresa no sul da Europa especializada na produção de produtos para Ski, Sailing, Golf, Montanha e Motor-Sport, detendo todas as licenças Gore-Tex (tecido de alta tecnologia que consiste numa membrana de teflon expandido que impede que a água exterior entre e permite que o suor interno evaporado possa sair) deste 1992.

A DAMEL desenvolveu a sua marca própria COLDFIT que se encontra registada em Portugal, tendo recentemente criado um novo produto (SEAB2), que consiste numa gama de vestuário, desenvolvido com tecido impermeável e respirável, integrando um sistema de insuflação (automática, manual e oral), garrafa CO2, fitas refletoras, apito e luz de emergência, para ser usado em atividades marítimas de lazer (vela, desportos aquáticos) e profissionais (pesca, petrolíferas marítimas, montagem de eólicas marítimas)

P&R Têxteis, S.A 

A P&R - TÊXTEIS, S.A. serve as grandes marcas mundiais de desporto, bem como importantes cadeias de lojas de desporto, vestindo milhares de atletas que participam em importantes eventos desportivos, como: Jogos Olímpicos, Mundiais e Europeus de atletismo, Mundiais e Europeus de Futebol e em diferentes desportos inclusive: Triatlo, Natação, Maratonas, Ciclismo, Rugby, Esqui, Surf e Bodyboard. 

Numa estratégia de minimizar a dependência das deslocalizações dos clientes, a P&R - TÊXTEIS, S.A. em 2000/2001 criou, no mesmo âmbito do vestuário desportivo, mas em nicho de mercado não diretamente concorrente ao dos interesses dos seus clientes (Adidas, Nike e Puma) a sua Marca Própria - ONDA.

 

Grupo Polopique

O Grupo Polopique é hoje uma das poucas, senão únicas, unidades têxteis com integração vertical. Isto é, que assume o controlo de todas as fases do seu ciclo produtivo, desde a fiação à tecelagem e tricotagem, tinturaria e ultimação dos tecidos e até à confeção de peças de vestuário, que obedecem às tendências da inovação e design, seguindo as sugestões do seu departamento de investigação e desenvolvimento. Para chegar a este ponto, a Polopique, criada em 1996, abandonou o hábito inicial de recorrer à subcontratação da produção e passou a criar ou a adquirir empresas que produzissem o que necessitava: ao comércio de têxteis inicial juntou, em 2003, uma empresa de acabamentos de tecidos, depois duas fiações e a tecelagem/tricotagem e, em 2013, a confeção e uma unidade de produção de energia (cogeração). A par desta escalada vertical, a Polopique foi também investindo em tecnologia, o que levou à otimização dos processos de produção, à melhoria da qualidade dos produtos e à eficiência produtiva. A Polopique exporta quase toda a sua produção (97%) e conta no seu portfólio de clientes com empresas como a Inditex (dona da Zara), de que é uma das principais fornecedoras. Mas os seus produtos encontram-se em lojas por todo.

 

Na sua maioria estas empresas encontraram no COMPETE e já no actual COMPETE 2020 instrumentos adequados para a sua estratégia. ( v.g. documento anexo)

No âmbito do COMPETE foram aprovados 32 projetos do setor do vestuário e confecção, correspondendo a um total de 25 milhões de euros de investimento elegível e a 13 milhões de euros de investimento FEDER.

Atualmente no COMPETE 2020 estão aprovados 2 projetos do âmbito do Sistema de Incentivo à Inovação correspondendo a um total de 15 milhões de investimento elegível, sendo um dos projetos do Grupo Polopique, relevando um potencial imenso para as empresas deste setor .

O COMPETE 2020 acredita que o caminho para os sectores exportadores passa por criar um modelo de exportações de bens e serviços de forte conteúdo de valor agregado assente em processos de produção sofisticados, alicerçado na construção de marcas do produtor e de produto e excelência no marketing, informado pelo entendimento das idiossincrasias e especificidades de consumo de mercados externos.

 

 

18/11/2015 , Por Paula Ascenção