Projeto aDVANCe aposta no desenvolvimento de terapias para tratamento de cancro

Com o apoio do COMPETE no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação & Desenvolvimento Tecnológico, o projeto aDVANCe- “Desenvolvimento de novas vacinas anticancro a partir de células dendríticas” teve como principal objetivo desenvolver novas tecnologias de vacinas baseadas em células dendríticas (DC), contra cancro da mama.

Conforme testemunha Teresa Matos, investigadora principal da Crioestaminal no projeto aDVANCe, “o apoio do COMPETE foi essencial para a formação do consórcio liderado pela Crioestaminal e copromovido pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa através do grupo de Glicoimunologia do CEDOC – Chronic Diseases Reserach Center, e para o desenvolvimento e sucesso do projeto aDVANCe.

A empresa Crioestaminal diferencia-se por uma forte aposta em investigação e desenvolvimento que visa a criação de valor através do desenvolvimento de novas tecnologias para terapia celular.

O financiamento do projeto aDVANCe por parte do COMPETE revelou-se fundamental para dar dimensão a esta estratégia da empresa e aumentar a sua competitividade.

O projeto aDVANCe para além de permitir desenvolver uma tecnologia inovadora e de elevado potencial na área da saúde, permitiu também estabelecer uma forte ligação entre os copromotores, que se irá traduzir certamente no desenvolvimento futuro de novos projetos que reúnam os interesses de ambos, contribuindo assim para o reforço da ligação entre empresas e entidades do sistema científico e consequentemente para a política nacional de I&DT.”

 

Âmbito do projeto

O projeto aDVANCe surge da necessidade de encontrar uma resposta mais efetiva no tratamento de doenças oncológicas. A incidência destas doenças a nível mundial é elevada e apesar dos desenvolvimentos nas terapias atuais, grande parte dos doentes acaba por falecer devido a recidivas ou tumores resistentes.

Neste contexto, a Crioestaminal e a FCM-UNL-CEDOC (Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa) estabeleceram uma parceria para o desenvolvimento de uma vacina inovadora baseada em células dendríticas para o tratamento de cancro.

As células dendríticas (DCs) têm capacidade única para induzir a resposta imune contra as células tumorais. Fagocitam antigénios tumorais, tornando-se maturas capazes de apresentar esses antigénios às células T e ativá-las. Também induzem memória imunológica, sendo consideradas uma estratégia ímpar como vacinas celulares no tratamento e/ou prevenção de recidivas de cancro. No entanto, apesar de existir um grande número de ensaios clínicos registados com vacinas de células dendríticas (DCs), os resultados ainda são limitados e com benefícios modestos para os doentes. Isto porque é difícil obter ex vivo DCs suficientemente estimuladoras, ultrapassando a tolerância induzida pelos tumores. O uso de protocolos apropriados para cultura e maturação, bem como a proveniência dos precursores para obtenção de DCs é importante para gerar respostas anti tumorais eficientes.

O projeto aDVANCe nasce, neste contexto, com o intuito de alterar a realidade da terapia com células dendríticas, obtendo células mais eficientes no combate ao cancro.

 

Objetivos

1- Obter e caracterizar células dendríticas (DCs) provenientes de sangue periférico e sangue de cordão umbilical previamente crio preservado.

2 - Caracterizar ex vivo a eficácia do tratamento com sialidase de DCs.

3 – Avaliar a capacidade de indução de atividade anti tumoral.

 

Atividades

1-Especificação Técnica do projeto

2- Obtenção de amostras biológicas e sua análise

3- Obtenção de células dendríticas

4- Tratamento de células dendríticas: sialidase, indução da maturação e carregamento com antigénios tumorais

5- Avaliação da capacidade de indução da atividade anti tumoral

6- Gestão e coordenação do projeto

7- Comunicação e divulgação de resultados

Em paralelo às atividades previstas foram realizadas tarefas adicionais que permitiram complementar os resultados obtidos e elucidar os mecanismos por detrás do efeito da tecnologia desenvolvida.

 

Enquadramento no COMPETE

Apoiado pelo COMPETE no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, o projeto aDVANCE envolveu um investimento elegível de cerca de 431 mil euros e um incentivo FEDER de 309 mil euros.

 

Ponto de situação

O projeto aDVANCe foi concluído dentro do prazo estabelecido, com um balanço final muito positivo: Os objetivos definidos foram atingidos, tendo resultado no desenvolvimento de uma tecnologia inovadora e de elevado potencial que se encontra atualmente em processo de patenteamento.

Neste momento, aguardamos o fecho do projeto pela ANI.

Os relatórios finais já foram enviados e foi recentemente realizada a visita técnica pela equipa da ANI.

 

Resultados

O projeto aDVANCe permitiu desenvolver uma tecnologia baseada num tratamento enzimático com sialidase que remove ácidos siálicos, açúcares previamente identificados pelo grupo de Glicoimunologia como induzindo tolerância imunológica.

O tratamento com sialidase quando aplicado sobre estas células aumentou o seu potencial para induzir uma resposta imune contra as células tumorais. Esta tecnologia foi testada em diferentes tipos de DCs cultivadas in vitro, incluindo DCs de ratinho e DCs obtidas de sangue de cordão umbilical.

Os resultados obtidos são extremamente importantes uma vez que permitem não só melhorar a aplicação das vacinas baseadas em DCs e ao mesmo tempo possibilitar a utilização de DCs, como as que derivam de sangue de cordão que são geralmente mais tolerogénicas que as DCs obtidas de sangue periférico.

Esta tecnologia leva a uma melhoria de vários aspetos da célula dendrítica, incluindo a sua capacidade de apresentar antigénios a linfócitos T citotóxicos através da molécula do complexo major de histocompatibilidade (MHC-I).

Os dados apontam, de uma foram inequívoca, para que: a sialidase melhora a capacidade de ativação das células DCs e oferece uma estratégia inovadora e com muita mais vantagens face às atuais usadas na preparação de DCs para fins de uso clínico.

Pode concluir-se que foram atingidos os objetivos definidos, tendo-se obtido uma tecnologia de elevado potencial que se encontra em processo de patenteamento.  

 

 

15/12/2015 , Por Cátia Silva Pinto