ODISSEIA – Oncology Disease Information System

Maria José Bento, Diretora do Serviço de Epidemiologia e da Escola Portuguesa de Oncologia do Porto em entrevista ao COMPETE 2020 falou sobre o projeto ODISSEIA - Oncology Disease Information System, onde explicou o âmbito, as atividades e os resultados esperados com a implementação de melhorias ao nível do novo modelo organizacional e funcional, colaborativo em rede, entre as várias entidades e utilizadores envolvidos em torno da doença oncológica.

 

1. Enquadramento

A disponibilização de informação adequada e em tempo oportuno é um contributo determinante para a melhoria da prestação de cuidados de saúde. Em contextos complexos como o da doença oncológica, o processo de diagnóstico, tratamento e seguimento tem uma longa extensão no tempo e resulta do contributo de um número alargado e diversificado de intervenientes, em diferentes contextos e geografias. 

Actualmente, a informação recolhida - e disponibilizada - sobre os doentes é muito escassa, limitada e dispersa, apresentando sérios problemas de atualização, qualidade e divergência nos métodos usados entre regiões.

Urge encontrar novas abordagens para ultrapassar as atuais limitações. Para atingir este desiderato, o projeto ODISSEIA introduz mudanças significativas nos paradigmas de registo e acesso da informação, facilitando e promovendo o envolvimento de mais atores no processo, o reforço da componente de serviços e a noção de valor para os intervenientes, de acordo com um conjunto de princípios.

 

2. Sobre o Projeto ODISSEIA – Oncology Disease Information System

A doença oncológica tem um peso significativo e crescente na sociedade portuguesa. A sua gestão é complexa e necessita de processos que facilitem a prestação de cuidados, promovam a investigação em rede, bem como difundam as melhores práticas na gestão dos recursos existentes. Fique a par do estado de arte deste projeto através do testemunho de Maria José Bento, Diretora do Serviço de Epidemiologia e da Escola Portuguesa de Oncologia do Porto e Responsável pelo Registo Oncológico Regional do Norte.

«O projeto ODISSEIA (Oncology Disease Information System) tem como objetivo principal dar suporte à colaboração e partilha de conhecimento entre todos os atores envolvidos na prevenção, no diagnóstico, no tratamento e investigação em cancro no Norte do País, bem como a recolha, processamento e disponibilização de informação para os múltiplos utilizadores de toda a rede».

«Este projeto apresenta diversas áreas de intervenção. A implementação de um sistema de informação capaz de integrar os registos eletrónicos dispersos nos vários sistemas de informação hospitalar desde relatórios anatomopatológicos, patologia clínica e genética, exames de imagiologia, relatórios de cirurgia, radioterapia e terapêutica farmacológica, incluindo quimio e imunoterapia e terapia hormonal. O alargamento do âmbito da intervenção para integrar com os sistemas nacionais como o SICO (Sistema de Informação dos Certificados de Óbito), RNU (Registo Nacional de Utentes) e a telemedicina visam a dinamização da rede de colaboração interinstitucional».

«A par da implementação deste repositório de conhecimento que visa o registo mais automatizado, rápido e completo da informação, será implementado um rigoroso sistema de segurança da informação em observância estrita das mais recentes diretivas do Regulamento Geral de Proteção de Dados». «Outras intervenções previstas como a criação de uma plataforma para Avaliação de Qualidade de Vida, solução de Business Inteligence para apoio à gestão, sistema de apoio à decisão clínica no âmbito da oncologia e a criação de três portais dirigidos ao profissional de saúde, ao doente oncológico e ao público em geral, complementam a ambição de colocar este conjunto de ferramentas ao serviço do doente, da criação de valor em saúde e sustentabilidade do SNS».

«Para um projeto com esta dimensão e complexidade, o contributo de dezenas de profissionais do IPO do Porto de áreas como a Epidemiologia, Outcomes Research Lab, Informática, Clínicas de Patologia, Centro de Investigação, Administração, EPOP, entre outros, é crucial, como é também importante o compromisso com o projeto por parte de entidades externas de saúde públicas e privadas».

Em suma, haverá uma simplificação, re-engenharia e desmaterialização de processos, no que diz respeito à recolha de dados, na comunicação com a rede prestadora de cuidados de saúde ao doente oncológico e na interação com as diferentes unidades de investigação. Prevê-se também um aumento muito significativo da intensidade de utilização das tecnologias de informação e comunicação (TIC) pelos doentes oncológicos e profissionais de saúde, nomeadamente no uso dos portais nacionais.

 

3. Apoio do COMPETE 2020 

Iniciado em abril de 2016, o projeto ODISSEIA é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio à Transformação Digital da Adimistração Pública ( anteriormente designado Sistema de Apoio da Modernização da Administrativa - SAMA ) , com um investimento elegível de 2,3 milhões de euros, o que resultou num incentivo FEDER de 1,9 milhões de euros.

 

 

23/07/2020 , Por Cátia Silva Pinto
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