INOVBORDALLO: A aposta da Bordallo Pinheiro na inovação, partilha de conhecimento e criação de emprego qualificado
1. Entrevista
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Entrevistámos Paulo Pires, Presidente da Comissão Executiva da Vista Alegre que nos falou deste projeto e do processo de revitalização desta marca centenária - à beira da falência em 2009 - assente em três pilares: “visão estratégica; paixão pela arte Bordalliana e pelo legado de Bordallo Pinheiro e capacidade de realização e superação” |
Perfil
Paulo Pires, Presidente da Comissão Executiva da Vista Alegre. Licenciado em Engenharia e Gestão Industrial, Universidade do Minho. Pós-graduação na Universidade Católica Portuguesa – Programa Avançado de Gestão para Executivos (PAGE).
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Como surgiu a Bordalo Pinheiro?
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A Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha foi fundada em 1884 com o propósito de revitalizar as artes tradicionais da cerâmica, cruzando-as com a modernidade de diversos estilos que anunciavam o futuro e com a originalidade e irreverência do seu criador, Raphael Bordallo Pinheiro. Assim nascia a produção em série de peças indissociáveis, até hoje, do nosso imaginário, plenas de criatividade e humor, marcadas pela consciência social e pela transgressão das ideias feitas.
Na fábrica de Raphael Bordallo Pinheiro foram criados centenas de modelos cerâmicos de criatividade ímpar, baseando-se nas tradições locais, adotando a fauna e a flora como inspiração decorativa. A sua produção cerâmica, especialmente pela sua qualidade artística, ganhou grande projeção e transformou-se num polo de atração nacional e internacional.
Os vinte e um anos de produção de Raphael Bordallo Pinheiro (1884-1905) ficaram imortalizados na história da cerâmica caldense. Para tal, contribuiu não só a exuberância e criatividade das suas faianças, mas também o alto nível técnico atingido, principalmente ao nível da modelação e dos vidrados.
Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro faz da sua vida uma verdadeira missão pela salvaguarda da memória de seu pai, Raphael Bordallo Pinheiro. Continuador da sua obra, permitiu que esta tradição cerâmica chegasse aos nossos dias.
Após a morte de Manuel Gustavo, em 1920, um grupo de ilustres caldenses, juntamente com os operários deram continuidade à empresa. Contudo, a empresa atravessou períodos conturbados em que as incertezas eram muitas e complexas. Esta fábrica centenária esteve à beira da falência em 2009, quando foi adquirida pelo Grupo Visabeira que acreditou na sua revitalização e neste projeto.
Em menos de uma década a empresa ressurgiu, fazendo com que a Bordallo Pinheiro esteja a viver um dos seus melhores momentos.
Em 2018, o volume de negócios ultrapassou os 6,4 milhões de euros, dos quais 50% são provenientes das exportações com um EBITDA de 1,6 milhões de euros.
A Bordallo deixou de ser portuguesa para portugueses, para passar a ser uma empresa portuguesa para o Mundo. Fortaleceu o reconhecimento nacional e além-fronteiras. A Bordallo Pinheiro foi galardoada com alguns dos mais importantes prémios de design internacional, de que a coleção Alcachofra é o mais recente exemplo, ao ser-lhe atribuído o prestigiado “German Design Award 2019”.
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É possível a uma empresa garantir quota de mercado se não apostar na inovação? | Hoje em dia num mundo onde a competição é global, a inovação é o pilar de crescimento de uma empresa. No caso concreto da Bordallo Pinheiro, o projecto INOVBORDALLO, para além de um impacto relevante na criação de emprego qualificado tem uma forte componente de inovação, alicerçada na partilha de conhecimento entre empresas do mesmo Grupo, acrescentando às competências da Bordallo Pinheiro, o know how e o conhecimento acumulado no Grupo Visabeira e no Grupo Vista Alegre. |
Da vossa experiência quais os fatores de sucesso para uma empresa que se quer inovadora?
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A reestruturação e inovação da empresa assentaram em três pilares fundamentais - visão estratégica; paixão pela arte Bordalliana e pelo legado de Bordallo Pinheiro e capacidade de realização e superação. O novo projeto permitirá que esta fábrica consiga aumentar a sua capacidade produtiva em mais de 60%, bem como assegurar a introdução de processos inovadores e níveis acrescidos de eficiência energética.
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Quais são as grandes ambições e os grandes desafios para o projeto INOVBORDALLO? | Com uma área aproximada de doze mil metros quadrados, a nova unidade industrial recorre a processos de última geração e apresenta novas zonas de conformação, de prensas e de mesas de enchimento, entre muitos outros equipamentos, que foram especialmente desenhados por empresas portuguesas à dimensão das necessidades da marca de faianças, já que uma das apostas foi a criação de uma cadeia de valor nacional, valorizada pelo programa Portugal 2020. Com as instalações ampliadas a Bordallo Pinheiro tem agora a capacidade para desenvolver novos produtos da marca Bordallo e novas coleções, continuando a realizar parcerias com artistas de renome, nacionais e internacionais; aumentar a quota no mercado internacional, incrementando a exportação de modo a que, pelo menos, 75% da faturação seja destinada ao mercado externo. Atualmente, os principais mercados internacionais são a França, Itália, Espanha, Reino Unido, Holanda, Suécia, Estados Unidos e Japão. |
Qual tem sido o contributo dos Fundos da União Europeia para o percurso da Vossa empresa? | A intervenção na Bordallo Pinheiro contou com o apoio do Programa de Incentivos à Inovação Produtiva do Portugal 2020, um instrumento essencial para darmos resposta ao plano estabelecido. No entanto, o financiamento não resultou exclusivamente de fundos comunitários, sendo o remanescente complementado não só por capitais próprios bem como autofinanciamento da empresa e adicionalmente com recurso a financiamento bancário, o qual foi mais facilitado precisamente pela existência do um projeto do PT2020 previamente aprovado. |
2. Apoio do COMPETE 2020
Cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Inovação, o projeto INOVBORDALLO envolveu um investimento elegível de 7,1 milhões de euros, a que correspondeu um incentivo FEDER de 2 milhões de euros.
3. Links úteis
FAIANÇAS ARTISTICAS BORDALO PINHEIRO, S.A.
24/04/2019 , Por Cátia Silva Pinto
Portugal 2020
COMPETE 2020
União Europeia