EMSO-PT: Instituto Português do Mar e da Atmosfera aposta na monitorização do oceano
Filipa Marques, colaboradora no projeto EMSO-PT apoiado pelo COMPETE 2020, explana que o objetivo passa por criar “observatórios submarinos multidisciplinares, fixos, com o objetivo de fornecer informação científica em tempo quase real, a longo prazo, dos processos ambientais marinhos relacionados com a interação entre a geosfera, a biosfera e a hidrosfera”.
Projeto EMSO-PT: Observatório Europeu Multidisciplinar do Fundo do Mar e Coluna de Água – Portugal
1. Síntese
Em declarações ao COMPETE 2020, Filipa Marques, colaboradora no projeto EMSO-PT comenta o âmbito e abrangência desta iniciativa europeia que aliando tecnologia e ciência, visa desenvolver tecnologias avançadas de forma a “criar as condições para uma prospecção e exploração sustentável das águas profundas”.
“A monitorização ambiental contínua do fundo oceânico será uma obrigação legal dos estados membros com jurisdição marítima. Em paralelo, a prospecção e putativa exploração de recursos minerais no mar profundo, bem como a exploração de hidrocarbonetos, define uma série de mudanças regulatórias que se substanciam na presença de observatórios submarinos permanentes. Observatórios esses com parâmetros de monitorização bióticos e abióticos do fundo oceânico e coluna de água e que permitam a aquisição de dados na ocorrência de alterações significativas”.
De notar que diversas iniciativas têm sido lançadas em todo o mundo para a instalação de observatórios do fundo do mar e da coluna de água, nomeadamente, DONET - no Japão; Neptune - nos EUA e Neptune - no Canadá).
A investigadora esclarece que o “EMSO surge como uma Infraestrutura de Investigação Europeia de Grande Escala, constituída por observatórios submarinos multidisciplinares, fixos, com o objetivo de fornecer informação científica em tempo quase real, a longo prazo, dos processos ambientais marinhos relacionados com a interação entre a geosfera, a biosfera e a hidrosfera. Portugal é um dos membros fundadores do EMSO atualmente com o estatuto de ERIC (European Research Infrastructure Consortium) aprovado pela União Europeia em 2016”.
O projeto EMSO identificou oito questões científicas fundamentais onde existe a expectativa de progressos significativos:
1) Geodinâmica e sistemas magmáticos
2) Clima e gases de efeito de estufa
3) Produtividade e dinâmica do oceano
4) Mamíferos marinhos e stocks de pesca
5) Recursos marinhos renováveis,
6) Episódios extremos e catástrofes
7) Origem e limites da vida
8) Dinâmica dos ecossistemas marinhos.
Filipa Marques adianta que “Portugal, na sua nova área estendida, terá redobradas obrigações no domínio da protecção e conservação do meio marinho, bem como na capacidade de obter dados que se traduzam em conhecimento. O EMSO-PT pretende ser um programa integrado de base nacional, que une tecnologia e ciência, desenvolvendo instrumentação e tecnologia avançadas em linha com a prioridade nacional e europeia de criar as condições para uma prospecção e exploração sustentável das águas profundas”. Aliás, o “EMSO-PT irá promover investigação em áreas de ciência e engenharia e terá, também, um forte foco na divulgação e disseminação do conhecimento do mar profundo”.
De notar que “o observatório referência, EGIM, será usado como a estrutura básica do EMSO-PT que irá complementar a carga com sensores adicionais de modo a amplificar a caracterização biogeoquímica do meio marinho. A monitorização do oceano contribui diretamente para o conhecimento da complexidade e variabilidade climática exortando o desenvolvimento de estratégias de mitigação. Por outro lado, é na observação do registo geológico e da resposta das comunidades fósseis às alterações climáticas que se estabelecem cenários climáticos futuros”.
A colaboradora no projeto conclui que “embora em fase inicial, já se encetaram atividades de suporte ao EMSO-PT, nomeadamente com o planeamento, preparação e aquisição de equipamentos que farão parte do laboratório de apoio ao observatório nas instalações do IPMA - Instituto Português do Mar e da Atmosfera”.
Até agora a participação portuguesa tem estado focada nos Açores e em Cádis, em cooperação com a França (Açores) e a Itália (Cádis) e utilizando tecnologias disponíveis (ASSEM and GEOSTAR).
2. Apoio do COMPETE 2020
O projeto “EMSO-PT: Observatório Europeu Multidisciplinar do Fundo do Mar e Coluna de Água – Portugal” contou com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do SAICT - Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica, envolvendo um investimento elegível de cerca de 9 milhões de euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 5 milhões de euros.
3. Links úteis
IPMA - Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P.
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23/05/2018 , Por Cátia Silva Pinto
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