Produto inovador permite carregar e a administrar dois fluidos diferentes sem trocar de seringa

 
 
Numa entrevista ao COMPETE 2020, Sara Cortez, Engenheira Biomédica na Muroplás, analisa o estado do projeto Seringa DUO, as influências internas e externas que estão a condicionar o desenvolvimento do produto e o contributo dos fundos comunitários para o percurso da empresa.
Perfil do entrevistado
 
Sara Cortez é Engenheira Biomédica atualmente associada à Muroplás como Gestora do Projeto Seringa DUO e Responsável da Qualidade do Produto.
Durante o seu trabalho de doutoramento em parceria com o centro de investigação CMEMS, desenvolveu um modelo numérico para estudar a cartilagem articular.
Desde 2010 que tem trabalhado em projetos de RD&I em colaboração com a Universidade do Minho e a Leibniz Universität Hannover, com foco em aplicações de biomateriais e biomecânica.

 

 
1. Entrevista
 
Quais foram os principais desafios com que se deparam no desenvolvimento do projeto Seringa DUO?
Ao longo do desenvolvimento da Seringa DUO foram sendo colocados diversos desafios com enfoque na criação de um dispositivo médico, que permitisse realizar o carregamento e a administração de dois fluidos distintos - medicamento e soro para limpeza (flushing) do cateter - sem que fosse necessária a substituição da seringa nas práticas clínicas. 
Neste contexto, o projeto centrou-se no desenvolvimento de um dispositivo ergonómico e funcional, capaz de carregar separadamente duas soluções diferentes e efetuar a administração das mesmas em 3 etapas distintas: pré-flushing, administração de medicamento e flushing final.
 
Diversos modelos exploratórios de Seringa DUO foram sendo estudados ao longo deste projeto, no qual, o cumprimento com a familiaridade das seringas convencionais, emergiu como um estímulo para a decisão da prova de conceito do modelo, de forma a facilitar a manipulação do mesmo pelos profissionais de saúde.
 
Após um plano científico multidisciplinar com recurso a ferramentas de investigação de simulação numérica e validação experimental, onde se destacam as participações do PIEP e da ESEnfC, foi possível otimizar o padrão comportamental do dispositivo final, convergindo no avanço do projeto. A consumação destes vários vetores para um objetivo comum revelou-se um desafio para a toda a equipa de trabalho. 
 
O amplo conhecimento na indústria de injeção de polímeros médicos permitiu à Muroplás ultrapassar várias dificuldades ao longo do desenvolvimento da Seringa DUO. Tal, revelou-se essencial no desafio colocado – materializar no plano real algo que foi idealizado para uma vertente inovadora sob um produto convencional existente.
   
De entre os resultados alcançados, há algum que gostariam de destacar?
Nesta fase, a Seringa DUO ainda se encontra em processo de validação pré-clínica em parceria com a ESEnfC e os profissionais de saúde, que têm respondido de forma muito positiva ao modelo-solução obtido. É compensador saber que lhes estamos a colocar em mãos um produto de valor acrescentado e que permitirá reduzir os tempos no processo de administração de terapia endovenosa, bem como minimizar eventuais erros durante a preparação/administração da medicação.
 
Neste ponto, listam-se dois fatores críticos para resultados tangíveis:
1) a realização do pré-flushing, administração e flushing, providenciada pelo novo modelo de seringa, que potencia um decréscimo no número de manipulações do cateter e consequente redução do risco de infeções nos pacientes;
2) a reformulação do novo produto que explorou variáveis para a sua diferenciação na área da enfermagem hospitalar através do design, ergonomia e uma análise ao custo competitivo.
 
Apesar da Seringa DUO estar a cumprir com grande parte dos requisitos objetivados, tendo a sua evolução tecnológica originado patenteamento internacional, ainda será necessário incorporar valências técnicas incrementais ao dispositivo final, algo que surge como um processo natural para uma evolução desde o protótipo até à escala de industrialização que se pretende.
   
Qual o contributo do COMPETE 2020 para o percurso da Vossa empresa?

O projeto Seringa DUO contribuirá de forma decisiva para a expansão e diferenciação do portefólio de produtos da Muroplás, o que permitirá reforçar o seu posicionamento no sector médico-hospitalar e promover assim a empresa como um agente inovador na área dos dispositivos médicos.

Este projeto permite também a promoção da sua gama de produtos através da internacionalização, promovendo a consolidação das vantagens competitivas viradas para os mercados externos de maior valor acrescentado e de alta intensidade tecnológica, numa integração da atual visão estratégica da empresa.
 
A aposta numa maior procura de conhecimento, fruto do envolvimento e aproximação às entidades do sistema científico nacional, permite aqui uma transferência de I&DT em aplicações concretas no plano industrial. Consolidam-se por isso, relações potenciadoras futuras para uma maior integração de variáveis de conhecimento, desde o reforço de competências junto dos profissionais de saúde, bem como a procura de inovação em técnicas de processamento de polímeros.
 
 
 
 
2. Apoio do COMPETE 2020
 
O projeto Seringa DUO foi cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, na vertente de co-promoção, com um investimento elegível de 718 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de cerca de 516 mil euros.
 
 
3. Links 
 
 

03/10/2019 , Por Cátia Silva Pinto
Portugal 2020
COMPETE 2020
União Europeia