URBY.SENSE - Análise e previsão de mobilidade urbana fora da rotina com base em pegadas digitais

A utilização massificada de dispositivos interativos como telemóveis, cartões inteligentes, dispositivos GPS e câmaras digitais fornecem  ‘pegadas digitais’ sem precedentes, revelando onde estão os utilizadores e quando. Neste projecto procura-se aproveitar este manancial de informação e estudar a mobilidade dos utilizadores através da conjugação de múltiplas fontes de dados por forma a permitir um melhor ajuste da mobilidade em geral dentro das cidades, com o ambicioso objetivo de alcançar viagens mais baratas, mais céleres e associadas a uma menor pegada de carbono.

Enquadramento

Os sistemas de transporte não são apenas um fator chave para a sustentabilidade económica e bem-estar social, mas também uma dimensão fundamental na agenda das chamadas cidades inteligentes.

Cerca de 80% dos cidadãos europeus vivem em zonas urbanas que enfrentam atualmente os desafios que advêm do crescente número de veículos particulares, do aumento das distâncias percorridas e do consumo de energia.

Estas questões só podem ser resolvidas com uma abordagem integrada, onde os esforços devem convergir de forma a promover a implantação das tecnologias de Sistemas de Transportes Inteligentes (ITS) e planeamento de transporte urbano sustentável, através da combinação do uso do solo com sistemas de transporte inovadores e modos soft.

O conceito de mobilidade sustentável envolve a consideração de dimensões que não estão estritamente limitadas ao domínio do consumo de energia nos transportes e seus impactos sobre o meio ambiente: a mobilidade deve ser entendida como o modo e a frequência com que os indivíduos se deslocam para satisfazer as suas diversas necessidades, do imprescindível (trabalho/escola) ao ocasional/opcional (lazer, social, turismo, etc.).

Assim, embora continue a ser um aspeto essencial do planeamento de transportes, o estudo das viagens de rotina diária cedeu terreno ao estudo das viagens para outros fins.

Todavia, fornecer serviços de transporte público de qualidade pode revelar-se extremamente caro quando a procura é baixa, variável e imprevisível. Compreender os padrões pessoais de viagem e modelar a procura é essencial para planear sistemas de transportes urbanos sustentáveis que satisfaçam as necessidades de mobilidade dos cidadãos.

O conhecimento dos movimentos urbanos tem-se baseado, tradicionalmente, nos padrões de uso do solo.

Os dados utilizados provêm, na sua maioria, de métodos tradicionais, como questionários e censos, que para além de dispendiosos, são morosos e necessitam da participação ativa, fornecendo às entidades responsáveis um mero retrato histórico da mobilidade. Em contraste com esta abordagem tradicional, um campo emergente de investigação começou a ganhar terreno, partindo da recolha e subsequente análise dados de telemóveis para ''sensorização urbana''.

 

Projeto

A utilização massificada de dispositivos interativos de computação (telemóveis, cartões inteligentes, dispositivos GPS, câmaras digitais, etc.) e os registos do sistemas de transporte (por exemplo, a contagem de validação de bilhetes) fornecem ‘pegadas digitais’ sem precedentes, revelando onde estão os utilizadores e quando.

Nos últimos anos verificou-se ainda um aumento brutal na adoção e uso de plataformas e serviços de média social, que oferecem uma grande variedade de canais digitais para a expressão e interação, que vão desde fóruns ou blogs até às redes sociais. Com milhões de utilizadores por todo o mundo, a investigação em transportes começou a usar os conceitos e métodos de Análise de Redes Sociais para modelação e análise da procura de transportes.

Assim, as plataformas virtuais de socialização e as interações humanas que lhes seguem como consequência são fundamentais não só para a compreensão das atividades sociais, como também para a compreensão dos padrões de viagem, vicissitudes e tendências dos utilizadores.

Todos estes dados de mobilidade, juntamente com as modernas técnicas de geoprocessamento e fusão de dados, oferecem novas possibilidades para identificar destinos e atividades, permitindo a análise da ligação entre os espaços cibernéticos e os físicos.

Neste projeto propomos estudar a mobilidade dos utilizadores para a extração de padrões de mobilidade em cenários fora da rotina (ou seja, lazer, social, turismo, etc.) a partir de múltiplas fontes de dados.

Normalmente, os seguintes padrões de mobilidade são de elevado interesse: locais populares, modos de transporte, padrões de trajetória e atividades baseados em localização.

Os dados recolhidos por meio de dispositivos ubíquos combinados com dados de plataformas de média social oferecem um denso fluxo de novas informações em (quase) tempo real que podem ser combinados com os dados oriundos de fontes mais tradicionais (questionários, registos de sistemas de transporte, dados estáticos, etc.) para um planeamento e gestão eficientes e integrados da mobilidade urbana.

De notar que, quando analisadas isoladamente, cada uma destas fontes de dados pode possuir lacunas e apresentar-se incompleta. Neste sentido, o projeto baseia-se na convicção de que a combinação de múltiplas fontes de dados pode facilitar a análise dos transportes e, desta forma, permitir aos operadores um melhor ajuste (potencialmente em tempo real) do transporte público dentro das cidades, com o ambicioso objetivo de alcançar viagens mais baratas, mais céleres e associadas a uma menor pegada de carbono.

 

Apoio

Projeto de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico promovido pela UNIVERSIDADE DE COIMBRA, mais concretamente pelo CISUC - Centro de Informática e Sistemas, que conta com o apoio do COMPETE 2020, envolvendo um Investimento elegível de 176 mil euros o que resultou num Incentivo FEDER de 150 mil euros.

 

Artigos

  1. URBY.SENSE - Análise e previsão da mobilidade urbana para cenários não-rotineiros com pegadas digitais
  2. Ficha de projeto aqui

28/03/2017 , Por Célia Pinto