UniRCell: Parceria portuguesa consolida investigação em tecnologias do hidrogénio e pilhas de combustível
O objectivo do projecto é o desenvolvimento de um dispositivo unitário que desempenhe de forma reversível as funções de eletrolisador e célula de combustível, centrado na investigação de um nova geração de materiais de elevado desempenho, baixo custo e ambientalmente sustentáveis, e a sua validação em protótipos laboratoriais. Para isso, o projecto UniRCell contempla ainda o desenvolvimento de ferramentas numéricas para melhor compreensão das relações estrutura/propriedades dos materiais e para otimização do desempenho dos dispositivos.
Cofinanciado pelo COMPETE 2020, este projeto é resultante de uma parceria coordenada pelo CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, laboratório associado da Universidade de Aveiro (entidade líder), com a participação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), do REQUIMTE (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto), e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Filipe Figueiredo, em declarações ao COMPETE 2020, comenta ter sido “com muito agrado que o consórcio recebeu a resposta de que o projeto UniRCell iria ser financiado pelo COMPETE 2020. Nesta fase de consolidação da produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, em particular a eólica e a solar, o problema do armazenamento da energia produzida para fazer face a necessidades em momento posterior precisa de uma solução alternativa e com maior capacidade do que o armazenamento direto em baterias. A utilização do hidrogénio enquanto vetor energético é uma das soluções com maior potencial, mas as pilhas de combustível (muitas vezes referidas na sua terminologia inglesa como “fuel cells”), que é a tecnologia que permite a conversão de eletricidade em hidrogénio e o processo inverso, estão num estágio de desenvolvimento claramente inferior ao das baterias e por isso tem havido na Europa, na América e na Ásia um aumento significativo das atividades de I&D nesta área, assim como do número de sociedades com interesse direto na sua exploração económica”.
“Embora existam em Portugal grupos de investigação na área do hidrogénio e das pilhas de combustível há mais de 20 anos, o financiamento intermitente e o caráter fortemente interdisciplinar tem de algum modo limitado o crescimento da comunidade, sendo o envolvimento das empresas nacionais ainda mais ténue”, sublinha o investigador.
“O apoio do COMPETE 2020 permitiu que cinco dos grupos (das Universidades de Aveiro, Porto e Trás-os-Montes e Alto Douro) com mais atividade na área juntassem esforços para estabelecer uma plataforma para a consolidação da investigação e desenvolvimento das tecnologias do hidrogénio em Portugal, em particular das pilhas de combustível, começando nos materiais e tentando a sua integração em dispositivo. O projeto tem uma série de ações planeadas para envolver parceiros industriais com interesse direto na área”, descreve.
“Além da renovação e instalação de novos equipamentos de investigação que não existiam em Portugal, o apoio do COMPETE 2020 permitiu ainda a criação direta de 15 bolsas de investigação e 5 empregos científicos qualificados. Espera-se que a atratividade do tema permita a formação de mais recursos humanos numa área em que a Europa, e em particular Portugal, tem reconhecida falta”, comenta o coordenador do projeto.
“É fácil concluir que face à dimensão destes objetivos, o nível de financiamento exigido pelo projeto UniRCell torna o envolvimento e apoio do COMPETE 2020 absolutamente essencial”.
- do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, da Universidade de Aveiro, coordenada pelo investigador Filipe Figueiredo, entidade líder da parceria,
- do Laboratório de Processos de Separação e Reação / Laboratório de Catálise e Materiais (LSRE/LCM, equipa coordenada por Fernando Pereira) e do Centro de Estudo de Fenómenos de Transferência (CEFT, equipa coordenada por Alexandra Pinto), ambos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,
- do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV, equipa coordenada por Cristina Freire) do REQUIMTE (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto),
- e do Centro de Química-Vila Real (CQ-VR), da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (equipa coordenada por Verónica Zea-Bermudez) numa plataforma para a consolidação da investigação e desenvolvimento das tecnologias do hidrogénio em Portugal.