Leia a entrevista a Pedro Gago, Diretor Geral da 3DTECH, sobre o projeto insitu.BIOMAS

Sintese do Projeto

Desenvolver um sistema de biofabricação totalmente adaptado para utilização em contexto hospitalar, concebido para profissionais de saúde investigarem e implementarem novas soluções para dar resposta aos problemas associados à escassez de órgãos e terapias de transplantação. O novo equipamento de impressão 3D reinventado para utilização em contexto hospitalar, permite a produção de implantes temporários em ambiente estéril, através da utilização de diferentes tecnologias de biofabricação e ferramentas inovadoras adaptadas às necessidades dos clínicos e técnicos de saúde.


A Entrevista

Entrevistamos Pedro Gago, Diretor Geral da 3DTECH sobre o projeto insitu.BIOMAS, dos seus desafios e principais resultados alcançados

 

Pedro Gago | Diretor Geral da 3DTECH
 

O que considera ser o elemento diferenciador no projeto insitu.BIOMAS?

A produção de objetos por impressão 3D já não é novidade no mundo da engenharia e da medicina. No entanto, a utilização destes equipamentos para produção de tecidos e estruturas para uso clínico já não é tão frequente. Se considerarmos que os profissionais de saúde não estão familiarizados com estes equipamentos, que de uma forma geral estão orientados e seguem uma linguagem de engenharia, encontramos aqui uma oportunidade.

Com efeito, o elemento diferenciador do equipamento insitu.BIOMAS é a sua total orientação para os profissionais da saúde. Trata-se de um sistema de biofabricação totalmente adaptado para utilização em contexto hospitalar, concebido para os profissionais de saúde poderem investigar e implementar novas soluções para dar resposta aos problemas associados à escassez de tecidos, órgãos, e terapias de transplantação ou reconstrução. O novo equipamento de impressão 3D foi totalmente reinventado para possibilitar a utilização em contexto hospitalar. De entre as suas capacidades encontram-se a produção de implantes temporários em ambiente estéril através da utilização de diferentes tecnologias de biofabricação, e ferramentas inovadoras adaptadas às necessidades dos clínicos e técnicos de saúde.

O equipamento inovador possui um design compacto e uma interface gráfica simples e intuitiva para um fácil manuseamento de todos os sistemas. As funcionalidades do equipamento insitu.BIOMAS proporcionam ao profissional de saúde a obtenção de tecidos e implantes temporários de uma forma mais simplificada, permitindo uma reduzida intervenção do mesmo durante o processo de produção. Uma biblioteca de casos históricos permite poupanças na preparação e definição de novos trabalhos.

Quais foram os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?

Foram vários os desafios de ordem técnica, mas o maior desafio do projeto foi conseguir convergir várias tecnologias, valências e competências num só produto. Estamos a falar de convergir sistemas de controlo numérico com sistemas de produção e manipulação de materiais, com sistemas de controlo ambiental e sistemas informáticos, tudo unido por uma arquitetura de UX (“User-eXperience”) orientada para o utilizador médico.

A interface com o utilizador, fator diferenciador do projeto, continua à data a ser o maior desafio e aquele que obtém maior atenção, sendo alvo de evolução contínua.

O desafio de convergência foi possível vencer graças à consolidação das dinâmicas de articulação entre a investigação das entidades de I&DT envolvidas (ao nível da engenharia de tecidos, da Engenharia Biomédica, dos Biomateriais), e as entidades empresariais, tanto ao nível da construção mecânica como da engenharia eletrotécnica e desenvolvimento de software.

De entre os resultados alcançados, há algum que gostariam de destacar?

A integração e a uniformização do processo de produção de tecidos e implantes através de múltiplos processos num equipamento compacto é o resultado de maior destaque.

Apesar de terem surgido recentemente no mercado algumas empresas com soluções de impressão 3D especificamente para a área médica, com o objetivo de produzir substitutos biológicos através de técnicas de fabricação aditiva, os equipamentos desenvolvidos apresentam limitações das quais se destacam as suas grandes dimensões, a impossibilidade de combinar diferentes técnicas de fabricação e materiais, o reduzido controlo na definição das características geométricas e estruturais da estrutura 3D, e em particular um sistema operativo complexo para o utilizador.

O equipamento de biofabricação que se desenvolveu no âmbito deste projeto pretendeu cobrir todas estas lacunas, e irá permitir a produção de implantes temporários em ambiente hospitalar, através da reinvenção das tecnologias de biofabricação como o electrospinning e utilização de hidrogéis em complemento do tradicional processo FFF (Fused Filament Fabrication). O sistema abre as portas a possibilidades inovadoras através da combinação destes processos.

O Apoio Compete 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 1,2 milhões de euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 858 mil euros.

24/02/2021 , Por Miguel Freitas
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