WasteZero-PCBs - uma tecnologia sustentável e quase sem desperdício para reciclar placas de circuito impresso

Em declarações ao COMPETE 2020, Helena Soares, Professora Auxiliar da Universidade do Porto, e responsável do WasteZero-PCBs falou do projeto e da importância dos Fundos Europeus:

Helena Soares | Responsável pelo projeto WasteZero-PCBs

“O projeto "WasteZero-PCBs" visou o desenvolvimento de um processo inovador, ambientalmente amigável e economicamente viável para reciclar as matérias-primas presentes em maior quantidade (cobre e fibra de vidro) e mais valiosas (ouro) das placas de circuito impresso (PCIs), que constituem o fluxo mais importante contido nos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEEs) (também designado de “lixo eletrónico”), através de uma abordagem totalmente circular, com elevada qualidade por forma a ser possível a reintrodução das mesmas matérias-primas, diretamente, nas cadeias de abastecimento.

O projeto WasteZero-PCBs surgiu da perceção da elevada quantidade de lixo eletrónico gerado globalmente por ano (54 Megatons). Além disso, atualmente, o ouro e o cobre com origem nos PCIs, são reciclados em grandes fundições. Embora esta tecnologia seja implementada com preocupações ambientais, ela apresenta várias desvantagens (perda de cerca de 40% de metais preciosos, geração de emissões perigosas e poeira contaminada e alto consumo de energia) e requer um investimento de capital significativo e localização de fábricas centralizadas devido à elevada quantidade de matéria-prima necessária.

Deste modo, o investimento associado a este projeto revelou-se uma oportunidade de desenvolver uma tecnologia disruptiva, a qual permite, pela primeira vez, a reciclagem das matérias primas presentes em maior quantidade (cobre e fibra de vidro) e mais valiosas (ouro) constitutivas das PCIs através de uma abordagem ambientalmente amigável (sem geração de qualquer tipo de efluentes terciários e minimizando o consumo energético) e economicamente viável usando uma tecnologia híbrida que combina métodos mecânicos, químicos e físicos. A implementação desta estratégia totalmente em loop fechado traduz-se numa elevada receita económica; a partir de 10 Kg de PCIs, é possível recuperar cerca de 4,2 g de ouro com 18 quilates, 3,2 kg de folhas de cobre e 5,6 kg de fibra de vidro, que apresentam qualidade para serem reintroduzidos diretamente no mercado. Importantes vantagens deste processo inovador baseiam-se na sua simplicidade (poucos equipamentos e baixo capital humano), permitindo a sua implementação em indústrias de pequena e média dimensão, o que reduze drasticamente o investimento de capital, o custo e a pegada de carbono associada quer ao processo de reciclagem quer ao transporte do lixo eletrónico.

Como consequência do novo processo desenvolvido, foi submetido um pedido de patente internacional (EP e PCT) e, com base nos resultados obtidos, a ideia de negócio “E-Recy-Ouro” conquistou o primeiro prémio da “8.ª edição do iUP25k – Concurso de Ideias de Negócio da Universidade do Porto” em 2022. Atualmente, a equipa procura financiamento junto de agências de inovação, fundos europeus ou investidores privados, que lhes permita avançar para a escala piloto e, depois, a fase industrial.

O projeto contou com o apoio do COMPETE 2020, envolvendo um investimento elegível de 238.958 €, o qual permitiu suportar o desenvolvimento experimental (até uma TRL de 4) do novo processo e suportar os custos processuais iniciais do pedido de patente internacional (EP e PCT), que se encontra em fase de avaliação."

O Apoio do COMPETE 2020

Trata-se de um projeto promovido pela Universidade do Porto em copromoção com a Universidade de Aveiro e conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica, envolvendo um investimento elegível de 239 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 203 mil euros.

28/02/2023 , Por Miguel Freitas
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