Speed Up: Materiais de Construção 4.0

Em declarações ao COMPETE 2020, José de Matos, Secretário-Geral da APCMC, falou da importância dos apoios dos Fundos Comunitários e da relevância estratégica do projeto Speed Up:

  José de Matos - Secretário-Geral da APCMC

"É uma iniciativa que pela sua natureza coletiva, uma vez que obriga a uma partilha de dados e a um formato único entre empresas distintas e concorrentes entre si, e pela necessidade de sensibilização, divulgação e demonstração face à novidade e complexidade dos sistemas envolvidos, não poderia avançar sem um financiamento externo às próprias empresas, neste caso, o apoio do COMPETE 2020. Trata-se de um serviço em que o interesse, traduzido em valor, é dificilmente apropriável, porque disperso pela cadeia de valor, que só se concretiza em cada um dos seus elementos se todos os outros participarem.

Este é um projeto estratégico e estruturante para a fileira dos materiais de construção, para a atividade de projeto e para a própria construção, em particular para as PME, que irá facilitar a digitalização dos processos internos e a comunicação entre os diversos agentes, propiciando maior eficiência, aumentando a produtividade, dinamizando as vendas pelos canais digitais, impulsionando a utilização das ferramentas BIM e o EDI entre fornecedores e clientes.

A estandardização e a adoção dos Guias internacionais ETIM, permitirá que os processos de upload e download da informação e das atualizações sobre produtos seja feita de forma automática e rigorosa, bem como a portabilidade da informação para os outros mercados internacionais, em particular da Europa, Estados Unidos e Canadá, que estão a usar o mesmo sistema, facilitando o acesso das nossas empresas exportadoras a esses mercados.

A implementação deste projeto vai proporcionar às nossas empresas alcançar um novo patamar de eficiência e aumentar, de forma muito significativa, a produtividade de toda a fileira."

Enquadramento

As macrotendências mundiais mostram que toda a fileira da construção está a mudar, no sentido de caminhar para uma abordagem integrada ao ciclo de vida de uma construção: projeto, construção, manutenção e demolição.

E está a mudar também em termos digitais, não sendo alheia a este fenómeno de transformação de que tanto se fala hoje. Cada vez mais estão a ser incorporados sistemas de sensores digitais, máquinas inteligentes, dispositivos móveis e novas aplicações de software.

Neste contexto, é essencial falar de BIM - Building Information Modeling, que está a marcar em todo o mundo uma transição semelhante à que ocorreu quando os técnicos deixaram de usar o estirador e migraram para o AUTOCAD. Em termos genéricos, BIM é um conceito de modelagem (ou software de modelagem) para gestão integral e integrada de toda a informação de uma obra ao longo de todo o seu ciclo de vida, permitindo simular fielmente a conceção e operacionalização de uma construção, isto é, reproduzir à nascença todos os aspetos a considerar numa edificação, e também a gestão, acompanhamento, simulações e ajustes ao longo da implementação. Dito de outra forma, é o novo padrão de design e construção que facilita a transferência de informação entre todos os intervenientes do projeto em curso e possibilita uma gestão integrada no ciclo de vida do produto.

Esta grande revolução BIM que está a ocorrer em todo o mundo e que aos poucos está também a aparecer em Portugal, só será verdadeiramente explorada em todo o seu potencial, quando envolver todos os agentes da cadeia de valor, sejam eles projetistas, arquitetos, designers, engenheiros, construtores, instaladores, promotores imobiliários, e claro, fabricantes e comerciantes de materiais.

Percebe-se assim a importância dos inputs que, logo a montante, cada um dos fornecedores de materiais de construção terá de fornecer ao ecossistema BIM, numa linguagem que seja universal e inteligível por todos os intervenientes para que todos possam tirar o devido proveito dos investimentos na área digital.

Para ajudar a solucionar o problema ao nível do intercâmbio de dados de produtos técnicos ligados à construção, foi criado um standard de classificação de produtos – “ETIM - Technical Information Model”, - que permite a categorização dos produtos e define os atributos que lhe estão associados (técnicos, regulamentares, logísticos, desenhos 3D, etc.) e cuja gestão está a cargo da ETIM Internacional. O objetivo é abrir uma via de comunicação digital universal que permita a digitalização dos processos internos das empresas e a concretização de Electronic Data Interchange (EDI) isto é, a interoperabilidade entre sistemas ao longo de toda a cadeia de valor.

Para que tal aconteça, é necessário que exista, em cada país adotante do sistema, uma abordagem MDM - Master Data Management -, isto é, uma plataforma central de gestão de bases de dados que permita construir e partilhar uma versão uniforme e completa de informações, para onde todos os fornecedores exportem os seus dados e da qual os clientes, por seu lado, importem a informação que precisam de cada fornecedor.

Mas pela sua complexidade, a evolução para este paradigma torna essencial de antemão preparar as condições necessárias para que as empresas possam aderir a esta nova realidade.

O Projeto

O projeto Speed Up: Materiais de Construção 4.0, promovido pela Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC), tem como principal objetivo acelerar a transição dos materiais de construção para uma nova realidade de adoção tecnológica e digital nos processos de negócio das PME, condições essenciais ao desenvolvimento de uma abordagem integral e integrada na fileira da construção nacional.

Tal como uma construção é iniciada pelos alicerces, neste novo paradigma colaborativo que está a começar a orientar o desenvolvimento da construção há que atuar a montante, isto é, ajudar fabricantes e comerciantes de materiais de construção a concretizar a transformação dos seus próprios modelos de negócio, apostando em ferramentas tecnológicas para a sua integração digital, no “upgrade” dos seus processos de governance interna e na dinamização da inovação do marketing digital.

A Plataforma de Gestão de Master Data é a peça fundamental que falta no puzzle da Nova Fileira da Construção 4.0 sem a qual não será possível concretizar a tão necessária modernização nacional da cadeia de valor.

"Apesar da situação pandémica ter feito atrasar a alterar o nosso projeto inicial de divulgação, pudemos, todavia, avançar com o mais importante, a conceção e o desenvolvimento da Plataforma de Gestão, decorrendo nas próximas oito semanas os testes no terreno, conduzidos através de um piloto em que participarão 10 fornecedores e 5 distribuidores.

Também, foram entretanto desenvolvidos um Guia “Materiais de Construção rumo à era 4.0” e um vídeo promocional (em fase final de edição) que irão ser utilizados para promover a adesão das empresas à utilização da Plataforma de Gestão de Master Data e integrados numa forte campanha de divulgação que estamos a preparar para o início de 2021, coincidindo com a conclusão da fase piloto e a disponibilidade do serviço."

José de Matos

A APCMC realça que este não é um projeto para dois anos. Este é um projeto que se propõe implementar em dois anos medidas que são absolutamente essenciais e urgentes para que as empresas Portuguesas possam daí em diante concorrer em igualdade de circunstâncias com os seus pares internacionais.

O Speed Up: Materiais de Construção 4.0 será verdadeiramente transformador dos processos de negócio e indutor de competitividade a toda a Fileira da Construção, dentro, mas principalmente para fora do nosso país.

De tal forma que foi considerado pelo Cluster Habitat Sustentável um projeto estruturante para a concretização do seu Plano de Ação Estratégico:

“A sua natureza estruturante advém do tema e da capacidade previsível de transformação da cadeia de valor, nomeadamente, pelo motor que a transformação digital representa nos seus diversos setores e também pela capacidade indutora de cooperação na internacionalização que a implementação desta plataforma pode trazer-lhe.”

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio a Ações Coletivas, envolvendo um investimento elegível de 571 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 485 mil euros.

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06/11/2020 , Por Miguel Freitas
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