Repel+: Novas soluções de repelência de mosquitos com aplicação ao controlo da Malária
Enquadramento
A malária representa um dos maiores problemas de saúde pública mundial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2021 ocorreram 247 milhões de caso de malária com 619.000 mortes associadas. A grande maioria dos casos e mortes ocorrem na áfrica subsariana.
A malária é uma doença causada por um parasita do género Plasmodium, que necessita de dois hospedeiros para completar o seu ciclo de vida: humanos e mosquitos do gênero Anopheles. A malária não é contagiosa e não pode se espalhar de uma pessoa para outra; a doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles.
(Fonte: Organização Mundial de Saúde: https://www.who.int)
O Relatório Mundial da Malária 2022 da OMS conclui que, apesar das interrupções nos serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento durante a pandemia do COVID 19, os países em todo o mundo mantiveram-se firmes contra novos contratempos no controle da malária. Estima-se que houve 619.000 mortes por malária em todo o mundo em 2021, em comparação com 625.000 no primeiro ano da pandemia. Em 2019, antes do início da pandemia, o número de mortes era de 568.000. Os casos de malária continuaram a aumentar entre 2020 e 2021, mas a um ritmo mais lento do que no período de 2019 a 2020. A contagem global de casos de malária atingiu 247 milhões em 2021 em comparação com 245 milhões em 2020 e 232 milhões em 2019.
A malária era endémica na maioria dos países de clima temperado, e em Portugal foi apenas declarada oficialmente erradicada pela OMS em 1973. Contudo, este certificado não garante a manutenção do parasita fora das fronteiras. A Grécia, igualmente certificada em 1974, nos últimos anos têm reportado regularmente casos de transmissão local (ou autóctone) de malária.
A produção de diferentes soluções para repelir mosquitos e desta forma prevenir a transmissão, será uma estratégia de controlo, que em combinação com outras já existentes ou a desenvolver irá contribuir para a eliminação da malária. Existe uma necessidade global dos produtos e soluções que o projeto Repel+ está a propor desenvolver.
O Projeto
O projeto Repel+ visa o desenvolvimento de um sistema inovador para a difusão de compostos repelentes de mosquitos, baseado em microencapsulamento de agentes ativos cuja difusão é ativada pelo sol. Estas microcápsulas podem ser incorporadas em diferentes formatos de produto e utilizadas para diferentes agentes ativos/repelentes de insetos, sendo que o objetivo no presente projeto passa pelo desenvolvimento de uma solução para pulverização de superfícies estáticas e soluções de detergência de roupa (detergente e sabão), ambas para repelência de mosquitos transmissores da Malária.
As microcápsulas a desenvolver funcionam como um reservatório hermético para o repelente /inseticida de mosquito e a sua ativação deve iniciar-se por um mecanismo fotocatalítico. Para tal, as microcápsulas serão funcionalizadas na sua superfície com nanopartículas fotocatalíticas, que após exposição solar iniciam mecanismos de oxidação-redução na superfície da microcápsula, levando à sua degradação, abertura dos poros e subsequente volatilização do composto repelente encapsulado. Esta ativação pode ser realizada em ambiente diurno, porém prolonga-se a sua atividade ao período noturno pelo efeito de inércia na ativação da difusão do agente ativo, procurando-se com os trabalhos a realizar a otimização desta para maximizar o tempo de ação.
Será necessário estudar o melhor processo de produção das microcápsulas com o princípio ativo, de modo que sejam fáceis de incorporar na matriz do detergente/sabão, sem que as microcápsulas percam as suas propriedades fotocatalíticas e de difusão do repelente anti mosquito. Por sua vez, estas microcápsulas e seus materiais estão condicionadas ao composto repelente a colocar no seu interior.
Considerando o facto de não existirem compostos/soluções repelentes com eficácia comprovada e a relevância da volatilidade e o tempo de atuação na eficácia de repelentes, serão estudadas novas formulações utilizando nanotecnologia para otimizar estes parâmetros.
Será estudada a mistura numa base aquosa que funcione como base coloidal para o produto de pulverização, e a concentração apropriada de microcápsulas que se deverá dispersar por unidade de área da superfície a tratar. Na vertente dos produtos para roupa será também estudada a solução e concentração de microcápsulas, de modo a estes sistemas de microcápsulas sejam impregnados nas fibras têxteis e ativados com a secagem da roupa ao sol de forma cíclica e no maior número de ciclos possível. Para ambos os produtos e respetivos compostos repelentes microencapsulados os ensaios laboratoriais e em ambiente natural serão essenciais.
Neste contexto, o projeto visa unir os esforços científicos e empresariais/ industriais, entre a Interhigiene S.A., a Universidade do Minho e o Instituto de Higiene e Medicina Tropical.
O Apoio do COMPETE 2020
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 903 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de 576 mil euros.
Links
Website | Universidade do Minho
Website | Instituto de Higiene e Medicina Tropical