PLASTICOLIGHT - Incorporação de resíduos alimentares em plásticos

Em declarações ao COMPETE 2020 Rodrigo Barros, Administrador da Isolago, sintetizou o objetivo do projeto e afirmou a importância dos Fundos Europeus:

Rodrigo Barros - Administrador da Isolago

“Com o projeto Plasticolight, a Isolago – Indústria de Plásticos S.A. e a Universidade de Aveiro pretendem desenvolver cargas de baixa densidade para formulações plásticas, recorrendo ao uso de matérias-primas provenientes de resíduos da indústria alimentar.

Considerando a mudança de paradigma que se verifica no setor dos plásticos, é essencial que as empresas se adaptem rapidamente às novas exigências do mercado, sendo que tal acarreta elevados custos, na adaptação de equipamentos mas sobretudo nos investimentos em I&D necessários. Por esta razão o apoio do COMPETE 2020 foi essencial para a Isolago – Indústria de Plásticos S.A. se dedicar de forma célere e oportuna a este projeto. Este apoio permitiu um investimento com risco financeiro controlado e num horizonte temporal adequado, sendo que tal foi encorajador para a aposta num projeto tão inovador.

A Isolago tem-se afirmado nos últimos anos como uma instituição focada na I&D, através da procura de soluções cada vez mais sustentáveis e uma exploração eficiente e segura dos recursos. Este é o terceiro projeto da I&D que a empresa se propõe a realizar.”

Enquadramento

Atualmente, às formulações plásticas são adicionados aditivos que, por dispersão física na matriz polimérica, modificam a estrutura molecular dos polímeros. O carbonato de cálcio é um dos compostos mais utilizados como carga polimérica devido ao seu baixo custo, boa estabilidade e não toxicidade. De um modo geral, as formulações plásticas podem conter 20-40% de carbonato de cálcio. Contudo, a sua elevada densidade (2,73 g/cm3) compromete não só a quantidade real de poupança em polímero, bem como a sua aplicação em produtos que necessitem de ser leves. Neste sentido, o desenvolvimento de cargas de baixa densidade é uma necessidade para a indústria de materiais plásticos.

Por outro lado, anualmente é produzida uma grande quantidade de subprodutos derivados do comércio e da indústria agroalimentar, que se traduz num elevado impacto económico e ambiental. Os subprodutos agroalimentares são frequentemente depositados em aterros sanitários, pelo que a sua acumulação compromete os recursos naturais, particularmente ao nível da qualidade e da preservação das águas e do solo.

O Projeto

Para colmatar estes problemas, este projeto sugere o uso de carbonato de cálcio recuperado de matérias-primas porosas, nomeadamente as cascas de ovo. As cascas de ovo, resíduos frequentemente descartados pelo sector agroalimentar, são estruturas porosas ricas em carbonato de cálcio (95%). Quando recuperado desta matéria prima, o carbonato de cálcio apresenta um valor de densidade entre 1,91 e 2,30 g/cm3, sendo, por isso, menos denso do que o atualmente usado na indústria. Também, o custo da matéria-prima necessária ao desenvolvimento de cargas de baixa densidade é reduzido, uma vez que esta deriva de desperdícios e resíduos provenientes de outras indústrias.

O carbonato de cálcio recuperado das cascas de ovo é mais resistente a condições de temperatura e, apesar de possuir o mesmo grau de cristalinidade, apresenta partículas de tamanho superior às do carbonato de cálcio comercial, o que facilitará a complexação com os polissacarídeos e posterior redução do peso das cargas. Além disso, esta metodologia permitirá desenvolver uma estratégia económica e ambientalmente sustentável, aumentando, assim, a probabilidade de transposição deste projeto à escala semi-industrial.

Além disso, o PLASTICOLIGHT também propõe a redução da densidade do carbonato de cálcio através da sua modificação com polissacarídeos capazes de interagir com iões cálcio (pectato e alginato) e/ou introdução de porosidade.

A Isolago – Indústria de Plásticos, S. A., cuja atividade incide na produção de compostos plásticos, é a empresa líder do projeto. A Universidade de Aveiro é a entidade copromotora, proporcionando uma equipa multidisciplinar abrangendo as áreas de Química de Polissacarídeos, Química Orgânica/Inorgânica e Ciência e Engenharia dos Materiais. Aquando da transposição da tecnologia à escala piloto/semi-industrial, as cascas de ovo são fornecidas pelo grupo Derovo, o pectato será recuperado do bagaço de maçã, subproduto da empresa Indumape – Industrialização de fruta, S. A. e o alginato será fornecido pela ALGAplus, pelo que estas empresas serão parceiras do presente projeto. Por sua vez, a Polivouga – Indústria de Plásticos S.A. realizará a avaliação final das cargas de baixa densidade produzidas, focando-se nas propriedades termomecânicas e estruturais dos materiais resultantes.

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 697 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 480 mil euros.

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02/11/2020 , Por Miguel Freitas
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