FLY.PT - Mobilizar a indústria aeronáutica nacional para a disrupção no transporte aéreo urbano do futuro
Em declarações ao COMPETE 2020, Rui Santos, responsável pelo projeto FLY.PT, falou do contributo do Fundos Europeus para os objetivos que definiram para o projeto:
O apoio do COMPETE 2020 foi fundamental para a constituição da parceria entre as várias empresas, universidades e centros de investigação que formam este consórcio. Este apoio permitiu potenciar a investigação, desenvolvimento e prototipagem de um novo conceito de transporte aéreo urbano modular que integra a mobilidade horizontal com a mobilidade vertical, através da combinação de um veículo elétrico autónomo com um drone. Consideramos também que o apoio do COMPETE 2020 é um fator importante que impulsiona inovação, competitividade e a colaboração entre as várias entidades contribuindo assim para o crescimento económico.
Enquadramento
Atualmente o sector da aeronáutica está a passar por um conjunto de alterações disruptivas. As pressões sociais do crescente movimento de pessoas em todo o planeta, dentro e fora das cidades, bem como os significativos riscos ambientais decorrentes da utilização de combustíveis fósseis estão a forçar novas inovações, bem patentes nos vários programas que a nível mundial procuram preparar a indústria para uma mudança de paradigma. As oportunidades decorrentes da introdução de tecnologias relacionadas com a eletrificação e autonomia nos vários sectores dos transportes têm o potencial de produzir estas disrupções tecnológicas num sector que assistiu a poucas alterações nos últimos 70 anos.
É possível antever hoje uma mudança profunda no conceito do que se imagina que significará, para os cidadãos, o transporte (e voar) num futuro próximo. Esta revolução, que tem por base as mudanças paradigmáticas introduzidas pelas tecnologias de pilotagem remota e autónoma, da massificação de conceitos multicóptero, bem como da eletrificação e da necessidade de redução substancial das emissões de CO2, dá origem a um importante subsector emergente e, naturalmente, abre oportunidades extraordinárias para as empresas portuguesas.
Antevê-se que a introdução de sistemas autónomos que tornam possível a massificação do voo individual, com níveis de segurança que se espera que possam atingir os da aviação comercial, levará, para além da massificação descrita anteriormente, a uma fusão da mobilidade terrestre e aérea, hibridizando os dois setores e tornando a escolha entre modos de deslocação transparente e integrada para os passageiros.
O Projeto
O projeto FLY.PT irá desenvolver o protótipo de um sistema de transporte aéreo pessoal, à escala, constituído por um veículo autónomo aéreo (drone), permitindo a mobilidade aérea suportada por um drone, um veículo autónomo automóvel para mobilidade terrestre, e uma cabine acoplável a cada um dos dois veículos, criando um sistema intermodal. Adicionalmente o projeto irá desenvolver, prototipar e testar elementos de propulsão, armazenamento de energia, autonomia, acoplamento e integração, design industrial e conceitos de uso demonstrados por uma mockup da cabine à escala 1:1, com o objetivo de demonstrar a capacidade nacional neste subsector aeronáutico. O FLY.PT insere-se numa estratégia de resposta nacional aos desafios criados pelo desenvolvimento sustentável no sector da aeronáutica.
O projeto FLY.PT criará a base tecnológica e de conhecimento necessária para abordar a revolução em curso no transporte aéreo, em termos de conceitos de uso e de multimodalidade, e de tecnologias relacionadas com a eletrificação das aeronaves, com os sistemas autónomos, e com as estruturas do futuro, dos novos materiais e processos, e dos conceitos de uso que se estão a tornar os grandes desafios tecnológicos da disrupção que se antevê neste sector.
O consórcio é liderado pela empresa Tekever UAS, tem a participação da mais alargada rede de empresas de entidades do sector em regime de inovação aberta: a da Associação de Aeronautica Espaço e Defesa (AED Cluster Portugal /AEDCP). O FLY.PT inclui a muitas das referências nacionais nestas temáticas como o CEIIA, a AlmaDesign, o INEGI, o PIEP, a OPTIMAL Structural Solutions, SETSA, ISQ, Codi, CONTROLAR, INESC-TEC, Universidade de Évora, IPL, ISEP (CISTER), FHP, Empordef e a própria associação AEDCP.
O projeto irá desenvolver produtos que potenciam futuros serviços de uma forma integrada, com uma visão única global assente num demonstrador de um sistema de transporte multimodal urbano, elétrico, com vista à preparação do consórcio, como conjunto, e individualmente como uma possível rede de fornecedores, para a integração da economia nacional neste subsector aeronáutico disruptivo emergente. Por outro lado, o projeto está alicerçado numa extensa colaboração entre o sistema científico e tecnológico nacional e o tecido industrial, com vista à identificação de temáticas e alinhamento entre este sistema e o tecido económico potenciando as futuras ações nesta temática. O FLY.PT servirá também para criar um importante cartão de visita da indústria nacional, e demonstrar o elevado nível de inovação existente hoje em Portugal neste domínio, com vista à extensão da participação em programas de investigação, desenvolvimento e venda deste e de outro tipo de sistemas a nível internacional.
O Apoio do COMPETE 2020
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (Programas Mobilizadores), envolvendo um investimento elegível de 8,2 milhões de euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 5,7 milhões de euros.