AM_Cork: Manufatura aditiva com cortiça
O projeto AM_Cork teve como objetivo testar a utilização da cortiça em tecnologias de fabricação aditiva (como impressão 3D e fabricação por filamento fundido) para criar novos produtos de cortiça com características técnicas e funcionais especiais e também diminuir a quantidade de carbono produzida durante o processo de fabricação.
O Testemunho de Susana Silva, responsável do projeto AM_Cork:
“O projecto AM_Cork - Manufatura aditiva de cortiça - foi desenvolvido em colaboração com a Escola Superior de Materiais de Aveiro, da Universidade de Aveiro.
Este projeto teve como objetivo principal a investigação e validação da utilização da cortiça em processos de manufatura aditiva, recorrendo às tecnologias de impressão 3D e de fabricação por filamento fundido. O AM_Cork trabalhou as tecnologias acima referidas e tornou-se fundamental para perceber os desafios e o potencial da manufatura aditiva quando aplicada à cortiça. Adicionalmente, permitiu criar ferramentas para desafiar os clientes da ACC para novos e disruptivos projectos no futuro.”
Enquadramento
A manufatura aditiva, também conhecida como impressão 3D, é uma revolucionária tecnologia de fabricação que tem transformado radicalmente a maneira como produzimos uma ampla variedade de produtos, desde protótipos complexos até peças finais de uso industrial. Esta abordagem inovadora está se tornando cada vez mais importante em setores como a indústria aeroespacial, automobilística, médica e de bens de consumo.
Ao contrário dos métodos de fabricação tradicionais, que envolvem a remoção de material de um bloco sólido, a manufatura aditiva constrói objetos camada por camada, adicionando material conforme necessário. Isso resulta em uma economia significativa de material e energia, além de permitir a criação de geometrias complexas que seriam impossíveis de serem produzidas de outra forma. Essa capacidade de design flexível e personalizado é uma das principais vantagens da manufatura aditiva.
Existem várias tecnologias de manufatura aditiva, incluindo a impressão 3D de filamentos fundidos (Fused Deposition Modeling - FDM), a sinterização seletiva a laser (Selective Laser Sintering - SLS) e a estereolitografia (Stereolithography - SLA), entre outras. Cada uma dessas tecnologias tem suas próprias aplicações e vantagens específicas.
Inicialmente, as tecnologias AM eram vistas pelo mercado apenas como uma ferramenta de prototipagem rápida; no entanto, à medida que estas tecnologias foram evoluindo e amadurecendo o mercado começou a ver na AM um conjunto de vantagens competitivas e uma efetiva alternativa para a fabricação de produtos.
O Projeto
O projeto AM_Cork pretende vencer as atuais barreiras existentes à aplicação da cortiça nas tecnologias de fabrico aditivo, no sentido de dotar uma das maiores indústrias nacionais de uma maior flexibilidade criativa e produtiva, contribuindo simultaneamente para a redução da sua pegada carbónica.
O projeto investigou e validou a utilização de resíduos de cortiça em processos de manufatura aditiva, recorrendo às tecnologias de Impressão 3D e de Fabricação por Filamento Fundido, com vista ao desenvolvimento de novos produtos em cortiça com designs disruptivos e geometrias complexas, e simultaneamente com menores tempos e custos produtivos. Paralelamente, o projeto permitiu reduzir o consumo de matérias-primas, de stocks, de energia, entre outros aspetos, o que se materializou, não apenas em ganhos operacionais, mas sobretudo em ganhos de sustentabilidade, por via da redução da sua pegada carbónica.
Desenvolveu-se produtos com características semelhantes aquelas evidenciadas pela cortiça, com design inovador e geometrias complexas. Pretendeu-se, também, com este projeto investigar novas soluções para o filamento de cortiça, desde diferentes cores e tonalidades, diferentes níveis de flexibilidade, diferentes texturas, e novas aplicações para o mesmo.
O projeto permitiu, assim, às empresas do setor explorarem novas oportunidades em mercados onde estas características são apreciadas (moda, design, mobiliário, etc.) além de as dotarem de uma flexibilidade produtiva indutora de claros ganhos de produtividade e competitividade.
Para tal foi constituído um consórcio que reúniu as competências, a experiência e os recursos necessários para vencer as incertezas técnico-científicas e alcançar os objetivos. Constituem o consórcio a Amorim Cork Composites (grande empresa do setor da cortiça, que se posiciona como líder do projeto) e uma Entidade não Empresarial do Sistema de I&I, a Universidade de Aveiro, que – através da experiência em I&D e do know-how que detém no domínio das tecnologias de produção e nas tecnologias de materiais, e dos laboratórios altamente equipados de que dispõe – estudou a dinâmica de fluidos e cinética de polimerização de resinas termoplásticas, assegurando assim as competências necessárias ao sucesso do projeto.
O Apoio do COMPETE 2020
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 906 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 544 mil euros.
Links
Amorim Cork Composites | Website
Universidade de Aveiro | Website