ALGAVALOR - a produção integrada de microalgas e a valorização da sua biomassa em diferentes aplicações
Joana Silva - Responsável do Projeto Algavalor |
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Enquadramento
Na Europa são ainda poucas as indústrias de microalgas que conseguem vingar no mercado. Trata-se de uma indústria ainda muito imatura quer ao nível tecnológico e produtivo quer ao nível de produtos e mercados associados às biomassas obtidas. Contudo, a nível mundial são já vários os casos de sucesso no que se refere ao cultivo industrial de microalgas, principalmente em países asiáticos e em Israel.
Nos últimos anos, têm vindo a ser desenvolvidos diferentes reatores de produção de microalgas. Contudo, a generalidade destes reatores exige investimentos muito avultados, tanto na fase inicial como durante a operação. Verifica-se também que a maioria dos reatores foram apenas testados em ensaios à escala laboratorial ou de demonstração muito aquém das exigências e constrangimentos associados a uma unidade produtiva.
A produção de microalgas à escala industrial, tendo em conta o nível atual de conhecimento, apresenta elevados custos, relacionados com o meio de cultivo, energia, gestão de águas e efluentes, manutenção e mão-de-obra especializada. Acresce que o mercado desconhece ainda as caraterísticas e potencialidades das microalgas, pelo que existe um enorme trabalho a fazer de divulgação das suas vantagens.
Apesar dos constrangimentos, as microalgas são uma tendência no mercado agroalimentar, na nutrição animal, na cosmética e na farmacêutica. Contudo, os grandes stakeholders procuram não só o produto como também o conhecimento acerca da sua funcionalidade.
O Projeto
O projeto abrange a investigação e desenvolvimento de microalgas e dos seus extratos (passando pelas técnicas de extração até à sua caracterização), de forma a desenvolver produtos adequados aos setores da alimentação humana, alimentação animal e cosmecêutica; a investigação em torno do processo produtivo, de forma a criar condições para a produção de diferentes espécies de microalgas num contexto de sustentabilidade; e a investigação em torno de diferentes cadeias de valor, de forma a contribuir para o conceito de economia circular.
O projeto Algavalor estrutura-se em diferentes subprojetos, devidamente articulados entre si, que visam:
- A valorização de microalgas para alimentação humana - o estudo de espécies de microalgas já aprovadas para consumo humano, de forma a obter biomassa e extratos sem as condicionantes atuais (cor, cheiro), bem como o estudo de novas espécies com perfil nutricional único, que possam vir a ser consideradas para um pedido de aprovação como Novel Food;
- A valorização de microalgas para alimentação animal - o desenvolvimento e produção de biomassa/alimento microalgal em co-cultivo com bactérias do ácido lático (microrganismos que tem potencial probiótico e capacidade de fixação da vitamina B12), bem como a avaliação dos efeitos da alimentação com microalgas em diferentes fases do ciclo de crescimento do animal (ensaios de digestibilidade e metabolismo, crescimento, acabamento, avaliação da resposta imunitária, avaliação do efeito da dieta no estado inflamatório);
- A valorização de microalgas para cosmética natural - a caraterização de várias espécies e seus extratos no que se refere à capacidade hidratante, esfoliante, entre outras, e suas possíveis aplicações;
- O desenvolvimento e validação de novas tecnologias para a produção de microalgas, visando a eficiência energética, a sustentabilidade do processo de produção e a redução das emissões de CO2;
- O desenvolvimento de biofertilizantes agrícolas a partir de microalgas e, aproveitamento de resíduos agroindustriais como inputs para a produção de microalgas biológicas numa lógica de economia circular.
O consórcio é liderado pela Allmicroalgae e é composto por 10 empresas e 11 entidades não empresariais do sistema de I&I, que asseguram, em cada subprojeto, a existência de um consórcio completo.
O Apoio do COMPETE 2020
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 10,5 milhões de euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 6,6 milhões de euros.
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