TRUST: Um sistema de monitorização meteorológica que identifica condições de risco para condutores em circulação rodoviária
O Projeto
O Projeto TRUST - Transportation and Road Monitoring System for Ubiquitous Real-time Information Services consiste num projeto de Investigação e Desenvolvimento Industrial à Escala Europeia, em copromoção, que visa o desenvolvimento de um sistema de monitorização meteorológica e ambiental capaz de identificar condições de risco para a condução em infraestruturas rodoviárias, equipadas com tecnologias ITS (Inteligent Transport Systems and Services), para, através da comunicação entre veículos e elementos da infraestrutura, alertar os condutores em circulação para o perigo de acidentes em determinadas localizações e assim reduzir o número de incidentes e fatalidades associadas.
O projeto conta com um consórcio formado pela empresa Microio – Serviços de Electrónica, Lda., copromotor líder, pela empresa PROEF Eurico Ferreira S.A. e pelo Instituto de Telecomunicações, entidade do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, mas também com a ligação a um total de 21 parceiros internacionais, no âmbito do projeto europeu Celtic-Plus/EUREKA em que se insere.
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Entrevistamos o responsável do projeto, Miguel Gomes, que nos revelou as especifidades do TRUST, os seus objetivos e os principais desafios que tem surgido no decorrer do projeto: |
O que considera ser o elemento diferenciador no projeto TRUST?
"O Projeto TRUST – Transportation and Road Monitoring System for Ubiquitous Real-time Information Services trata-se de um projeto Portugal 2020 em copromoção, mas, especificamente, de Investigação e Desenvolvimento Industrial à Escala Europeia, encontrando-se enquadrado num projeto internacional Celtic-next mais amplo designado por: SARWS – Real-time location-aware road weather services composed from multi-modal data. Tal como o TRUST, o SARWS trata-se de um projeto com enfoque nos sistemas inteligentes de transporte (ITS do inglês Intelligent Transportation Systems), mas apresenta uma maior abrangência em termos de contextos aplicacionais, soluções e intervenientes alvo, contemplando 21 parceiros adicionais, organizados segundo 6 consórcios: da Bélgica, Espanha, França, Roménia, Turquia e Coreia do Sul.
Neste sentido, o consórcio português encontra-se perante um desafio mais ambicioso, visando-se não só o cumprimento dos objetivos definidos ao nível do TRUST, mas também a respetiva conformidade, a nível internacional, com os objetivos do projeto SARWS. O projeto envolve assim não só a colaboração entre os copromotores: Microio, PROEF, e o Instituto de Telecomunicações, mas também a organização e ligação constante a 21 parceiros internacionais e, correspondentemente, a sintonia entre os 7 projetos que compõem o SARWS.
Consequentemente, este desafio confere características diferenciadoras ao projeto não só do ponto de vista da magnitude do know-how técnico-científico e da experiência reunida pela equipa internacional, mas também pelo maior nível de exigência a que os objetivos e os requisitos de inovação são expostos, de forma a assegurar-se a conformidade com os diversos contextos aplicacionais e condições previstas a nível nacional por cada consórcio (como, por exemplo, em termos de: clima; tecnologias, dispositivos e interoperabilidade; protocolos e standards; stakeholders; regulamentação; etc.)."
Quais os resultados concretos esperados no âmbito do projeto?
"Através do projeto TRUST pretende-se o desenvolvimento de um sistema ITS que, através da comunicação entre veículos e elementos da infraestrutura, permita informar e alertar os condutores em circulação para potenciais riscos em determinados pontos da rodovia e assim reduzir o número de incidentes e fatalidades associadas. Mais concretamente, o projeto TRUST tem os seguintes objetivos:
- Integração e recolha de informação meteorológica a partir de sensores disponíveis nos veículos e na infraestrutura rodoviária;
- Desenvolvimento de novos sensores para obtenção de informação adicional sobre as condições meteorológicas e de circulação em zonas específicas da rodovia, designadamente de inundação e velocidades de circulação;
- Utilização de protocolos de comunicações sobre a rede veicular de suporte, para recolha e encaminhamento de dados de sensores aos serviços de informação;
- Análise e processamento remoto de toda a informação obtida através dos sensores instalados, possibilitando, juntamente com dados de previsões meteorológicas, a identificação das zonas rodoviárias mais críticas e a consequente geração de avisos de perigo para a infraestrutura rodoviária;
- Disseminação de alertas de segurança rodoviária em near real-time através de redes de comunicações veiculares, provenientes dos servidores centrais, mas também de nós vizinhos em situações mais urgentes;
- Desenvolvimento de interface homem-máquina para notificação e interação com o utilizador."
Quais são os principais desafios com que se estão a deparar no desenvolvimento do projeto?
"Do ponto de vista da investigação e desenvolvimento tecnológico associada ao projeto, até à data, a equipa da Microio, PROEF e IT não se depararam com desafios que não seriam de esperar num projeto desta natureza ou para os quais não estivesse preparada, contudo, do ponto de vista organizacional, a dinâmica de interação com o projeto SARWS já se mostrou mais desafiante.
Conforme explicado, projeto SARWS resulta da integração de 7 projetos individuais com considerável distância geográfica entre si (destaque-se inclusivamente a participação de um parceiro da Coreia do Sul) e todos com pré-requisitos a nível nacional, pelo que as decisões e a abordagens definidas a nível internacional (em termos, por exemplo, de arquitetura, dispositivos, serviços e pilotos) tem de ser trabalhadas e validadas por todos consórcios envolvendo, por vezes, uma multiplicidade de dezenas de intervenientes. Naturalmente, estas condicionantes acrescentam alguma complexidade e inércia a determinados processos e decisões fundamentais ao projeto, resultando, globalmente, numa menor autonomia e agilidade de todas as partes envolvidas.
Como medida de precaução, de forma a minimizar estes desafios, o consórcio internacional definiu uma elaborada estrutura de gestão para as múltiplas componentes do projeto, com base no know-how e nas competências das equipas envolvidas, e implementou os necessários mecanismos e ferramentas de trabalho, de forma a viabilizar a execução do projeto de acordo com o esperado e o fácil acompanhamento e colaboração entre todos os intervenientes. Estas medidas foram decisivas para assegurar o cumprimento de múltiplas etapas fundamentais do projeto até à data e, inclusivamente, mitigar o impacto que inevitavelmente se fez sentir do COVID-19, sem consequências de maior.
Apesar das plataformas eletrónicas de trabalho e da substancial componente de software do projeto, o COVID-19 representa um desafio sério para o projeto, tendo já impactado a execução de algumas sessões de trabalho conjuntas e o evento anual do Celtic-next, que de outra forma seriam presenciais, contando-se ainda que deverá levar também à adaptação do plano de trabalho previsto ao nível de algumas componentes de hardware, teste e demonstração, de forma a assegurar-se a respetiva conformidade à situação de risco que atualmente se atravessa."
O Apoio do COMPETRE 2020
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Industrial à Escala Europeia, envolvendo um investimento elegível de 722 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 498 mil euros.
Links
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