Entrevista com Androgeu Mauch, responsável pelos projetos DESIAM e DESi2COMP

A Embraer S.A. é um conglomerado aeroespacial brasileiro que produz aeronaves comerciais, militares, executivas e agrícolas e presta serviços aeronáuticos. Está sediada em São Paulo. A empresa é a terceira maior produtora de aeronaves civis, depois da Boeing e da Airbus.

O investimento da Embraer no mercado português passa pela construção de duas fábricas em Évora: a Embraer Metálicas, S.A., para produção de estruturas metálicas e a Embraer Compósitos, S.A., especializada em materiais compósitos.

DESIAM

O projeto DESIAM, cofinanciado pelo COMPETE 2020, visa a capacitação tecnológica da Embraer Metálicas S.A. para viabilizar a sua  participação na produção em série das três aeronaves que compõem a família de jatos comerciais Embraer E-Jets E2: o Embraer E175-E2, o Embraer E190-E2 e o Embraer E195-E2.

DESi2COMP

O projeto DESi2COMP consiste na capacitação tecnológica da Embraer Compósitos S.A. tendo em vista a participação no desenvolvimento e produção em série da aeronave Embraer E175-E2, o primeiro jato comercial da Embraer com o Estabilizador Horizontal em materiais compósitos.

 

Em conversa com o COMPETE 2020, Androgeu Mauch, Diretor Financeiro da Embraer Portugal, e responsável pelos projetos DESIAM e DESi2COMP, fala da visão de inovação da Embraer e da importância apoio dos Fundos Comunitários:

 

A implementação dos dois projetos prevê a criação de cerca de 260 postos de trabalho. Quantos postos de trabalho foram criados até ao momento, e quantos destes são para trabalhadores qualificados ou altamente qualificados? Até ao momento, ou seja, até 31 de março de 2019, foram criados 251 postos de trabalho no conjunto dos dois projetos. Dos postos de trabalho criados até ao momento 53 são altamente qualificados, sendo os restantes postos de trabalho qualificados.
   
Qual a visão de inovação definida pela EMBRAER no âmbito destes projetos? A Embraer Compósitos S.A. e a Embraer Metálicas, S.A. são Centros de Excelência do Grupo Embraer S.A. para materiais compósitos e metálicos, em particular para o fabrico de peças grandes e complexas, e sua montagem em estruturas também complexas e de criticidade máxima à segurança de voo da aeronave. Com algumas tecnologias exclusivas dentro do Grupo Embraer, as duas empresas concorrem com outros fornecedores de primeira linha a quem a Casa-Mãe pode recorrer.

Como tal estratégia a Embraer Portugal pretende manter competitivas as duas empresas, com estas absorvendo e desenvolvendo tecnologia no estado-da-arte, e procurando angariar projetos com carácter inovador em pelo menos um de três eixos abaixo descritos.

Eixo 1. Desenvolvimento e fabrico de peças de grande dimensão e/ou complexidade nos respectivos materiais (compósitos e metálicos).

Eixo 2. Montagem de estruturas complexas de elevado valor acrescentado, unindo as peças produzidas na empresa com outras adquiridas na sua rede de fornecedores.

Eixo 3. Atingir de economias de escala que viabilizem inovações no processo produtivo, em particular ao nível de tecnologias de automação.

   
Qual a relevância do COMPETE 2020 para a estratégias de inovação da EMBRAER? Na ausência de apoios e da decisão do investimento que lhe está associada, não seria rentável para as empresas da Embraer Portugal realizar os  projetos propostos levando a um cenário redutor em que a empresa poderia se limitar a fabricar algumas peças para a família Embraer E-Jets E2, numa base muito pontual e sempre sujeita às fortes restrições que a atual capacidade iria impor. Sem o COMPETE 2020 não teria sido assim possível às empresas da Embraer Portugal desenvolver e produzir estruturas de máxima criticidade para esta aeronave de última geração da Embraer.

 

24/04/2019 , Por Miguel Freitas
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