Business On the Way - a internacionalização das empresas Portuguesas
Em entrevista ao COMPETE 2020, Mónica Moreira, Diretora da AEP Internacional e responsável do projeto Business On the Way, falou da importância da internacionalização das empresas para o crescimento da economia portuguesa e da ambição do projeto nesse desígnio. | |
Como nasceu o projeto Business on the way? |
A Internacionalização e Promoção Externa é uma área de intervenção para a qual a AEP tem vindo a canalizar os seus esforços, consciente do seu papel junto do tecido empresarial português. O projeto Business On the Way nasce para dar resposta à necessidade de aumentar a base e capacidade exportadora e o reconhecimento internacional das PME, tendo sempre presente uma orientação estratégica para resultados, identificando-se o tipo de ações que mais interesse suscita nas empresas portuguesas. Na prossecução deste objetivo, o Projeto BOW integra ações de promoção internacional, promovendo a diversificação de mercados, a integração em cadeias de valor globais e a utilização de ferramentas da Industria 4.0. |
Quantas edições já foram realizadas e quantas empresas envolveram? |
O projeto BOW encontra-se na sua décima edição e já apoiou cerca de 2000 empresas, em mais de 2800 participações, em 328 ações de internacionalização, sejam mostras, feiras, missões empresariais ou missões de compradores a Portugal, em diversos mercados, tão distintos como o Uzbequistão, Panamá, Singapura, Cuba, Arábia Saudita, Dubai, Bielorrússia, Canadá, Qatar, Senegal, Gana ou Namíbia, entre muitos outros. Na edição de 2018-2020 propomo-nos organizar cerca de 70 ações de promoção externa em 51 mercados distintos. |
Este modelo tem apresentado resultados efetivos ao nível da concretização dos negócios e aumento efetivo de exportações? |
Na última década, as exportações apresentaram um crescimento superior ao do PIB, assumindo-se como um dos principais motores da criação de riqueza nacional. Em 2018, o peso das exportações no PIB ascendeu aos 44%, quando, em 2008, não ultrapassava os 28%. Um crescimento notável de 16% em 10 anos. Trata-se, muito provavelmente, da maior transformação da economia portuguesa dos últimos anos, especialmente no período de ajustamento com a "troika" entre 2011-15.No total do conjunto dos diferentes projetos BOW, um número significativo de empresas, informou que através das suas participações, concretizaram mais de 6 negócios por ação. Neste sentido, estamos certos que o papel da AEP, no apoio à internacionalização do tecido empresarial e na diversificação dos mercados tem sido crucial e tem também contribuído para os resultados alcançados. |
Ir sozinha ou em conjunto? Quando deve uma PME saber que está preparada para uma abordagem de mercados sozinha, uma vez que no contexto de um projeto conjunto existe um trabalho preparatório feito por vocês? |
A modalidade de projeto conjunto evidencia claras vantagens face a uma atuação individual e desarticulada de cada empresa, com ganhos em termos de eficácia e eficiência de utilização dos vários recursos, reforçando as sinergias resultantes da partilha de conhecimentos e experiências e a visibilidade nos mercados pela dimensão da presença coordenada. A maturidade das PME na abordagem ao mercado global é distinta, não só em termos de internacionalização propriamente dita, mas também na tipologia de mercados que se pretende abordar. As empresas têm necessidades distintas, aptidões diferenciadas e capacidades exportadoras diversificadas. Neste sentido, a resposta não poderá ser a mesma para as empresas na sua generalidade. A PME exportadora ou com potencial exportador, antes de abordar mercados externos, deverá efetuar uma reflexão sobre a estratégia de internacionalização implementada ou a implementar. A AEP, enquanto associação empresarial e Câmara de Comércio e Indústria apoia as empresas no conhecimento na identificação da sua real capacidade e competência para encetar processos de internacionalização ou permanência no mesmo. Assim as empresas nunca estão “sozinhas”, podendo sempre contar com a AEP para dar resposta às suas necessidades individuais, independente da fase em que se encontram. |
Quais são as grandes ambições e os grandes desafios para este projeto em 2019? |
O conjunto de ações que nos propomos implementar assenta na necessidade premente de promoção da oferta nacional nos mercados externos, como forma de contribuir para a diversificação dos mercados de atuação das empresas, nomeadamente para mercados não tradicionais. Tem, ainda, como propósito o alargamento da base exportadora das empresas portuguesas, a inserção das mesmas nas cadeias de valor globais, dotá-las das ferramentas necessárias para a adaptação às necessidades da industria 4.0 e o aumento da visibilidade internacional das PME, integrando no seu plano de ação setores industriais com maior incorporação tecnológica e maior valor acrescentado. Por conseguinte, as ambições são muitas e o desafio está lançado - apoiar o tecido empresarial em todas as suas valências e estarmos preparados para dar as respostas adequadas às suas necessidades. |
Da vossa experiência quais os fatores de sucesso para uma empresa conquistar clientes e mercados no exterior? |
A capacitação das empresas para a internacionalização torna-se uma questão crucial para que o país seja bem-sucedido neste desígnio de aumentar a base exportadora da sua economia e se adaptar à transformação digital exigida pela evolução natural dos mercados. A entrada em novos mercados poderá ser um importante contributo para compensar quebras noutros mercados que possam estar numa fase menos pujante do seu ciclo económico. As empresas nacionais têm que se preparar para este cenário e antecipar mudanças, por forma a assegurar condições para um crescimento sólido e sustentável. O sucesso assentará, na capacidade de inovação, de diferenciação e de customização, e na adaptação à nova realidade da transformação digital, onde as empresas nacionais têm-se distinguido e dado provas irrefutáveis. Este processo irreversível que de uma forma muito ampla se designa por transformação digital, e inclui a integração de dados a diferentes níveis e a geração de se benefícios tangíveis através da utilização das novas plataformas IoT e cloud computing, como a melhoria dos custos operacionais e rapidez face ao mercado concorrencial, deverá centrar as preocupações de atuação por parte do tecido empresarial e das entidades que o apoiam a adaptar às novas realidades de mercado. Muitas vezes as empresas portuguesas não dispõem de conhecimentos adequados, dos recursos humanos necessários ou não têm condições para investir num departamento internacional interno, e é neste sentido que a AEP tem vindo a atuar, oferecendo serviços adaptados às necessidades do tecido empresarial, promovendo a sua capacitação para os mercados internacionais, para as novas realidades de mercado, como é o caso da transformação digital e das cadeias de valor globais e identificando oportunidades nos mercados externos, de forma a potenciar a sua competitividade. |
Qual a relevância do COMPETE 2020 para esta abordagem conjunta à conquista de mercados? |
A maior relevância do COMPETE 2020, é o papel que desempenha ao colocar oportunidades de financiamento de projetos de internacionalização e aquisição de competências ao serviço do tecido empresarial. O facto de proporcionar o apoio de uma parte considerável – cerca de metade – dos custos nestas tipologias de despesa, atua sem dúvida, como catalisador para o aumento da competitividade das PME nos mercados externos. É de realçar, a celeridade grande que tem ocorrido tanto no lançamento de concursos, nos prazos de decisão, bem como no acompanhamento dos projetos aprovados, o que no caso da internacionalização, são fundamentais dada a velocidade com a qual os negócios se concretizam. |