A criação de uma unidade industrial de fabricação de perfumes e cosméticos em Trás-os-Montes.
Entrevista a António José Flores, sócio-gerente e co-fundador da MIL POSSIBILIDADES, uma empresa Trasmontana dedicada à produção de perfumes e cosméticos |
O que vos mobilizou para concretizar o projeto? |
Nasci em Trás-os-Montes no entanto as adversidades da vida levaram-me a imigrar para França ainda muito jovem. Depois de uma vida inteira a trabalhar na indústria da perfumaria em França eis que em 2006 decidi voltar a Portugal e a Trás-os-Montes para investir no que melhor sabia fazer. Juntamente com dois sócios fizemos nascer a MIL POSSIBILIDADES, uma empresa que se dedica ao embalamento de amostras de cosméticos para o segmento de luxo e que nos leva a trabalhar com grandes marcas nacionais e internacionais. O reconhecimento do mercado internacional não tardou a chegar e o volume de trabalho aumentou de forma considerável motivado por vários fatores dos quais destacamos a relação qualidade preço dos nossos serviços assim como o cumprimento de prazos que nos propomos a cumprir. Foi então que em 2016 já com 10 anos de atividade industrial num pavilhão alugado, decidimos dar o próximo passo e investir na criação de uma unidade fabril de raiz onde poderíamos apostar na diversificação dos serviços e crescimento do projeto. Desta forma apresentamos candidatura ao Programa Operacional Competitividade e Internacionalização que tem como objectivo reforçar a competitividade das PME e que é promovido pelo Compete 2020. O projeto permitiu-nos responder aos três principais desafios: - Garantir uma resposta mais eficiente tanto a nível quantitativo com qualitativo em relação as empresas com quem cooperamos mantendo os padrões de excelência que os habituamos; - Começar a produzir gamas completas para novas empresas; - Projetar e desenvolver uma marca própria que permitirá garantir a linha de produção em funcionamento ao longo de todo o dia. O projeto permitiu à empresa assumir compromissos com a região através da criação de postos de trabalho e contribuir para o aumento da visibilidade da região enquanto zona industrial de relação. |
Quais os principais desafios com que se deparam na concretização do projeto? |
Os principais desafios/dificuldades com que nos deparámos ao longo da concretização de projeto prenderam-se essencialmente com duas questões: - Dificuldade na negociação com os bancos – a necessidade de investimento complementar obrigou a empresa a recorrer a banca para conseguir financiamento. No entanto o principal banco com que a empresa trabalhava, a Caixa Geral de Depósitos, apresentou um comportamento muito negativo e dificultou muito o desenvolvimento do projeto, tendo-nos colocado diversas barreiras. - Logística - Outra das grandes dificuldades sentidas ao longo do projeto prendeu-se com a transferência da produção da antiga unidade para a nova fábrica. A antiga unidade estava situada em Macedo de Cavaleiros e a nova em Bragança, na zona industrial de Mós. Além da transferência de equipamentos e materiais foi necessário proceder a transferência das equipas de trabalho o que gerou algumas dificuldades logísticas uma vez que a fabrica nunca parou com a produção ao longo do processo de transferência. |
Quais são os vossos objetivos para 2019? |
Com a instalação da empresa na nova unidade industrial temos definido vários objectivos estratégicos que vem de encontro aos objectivos que traçamos para o ano de 2019, dos quais se destacam: - Dotar o nosso departamento produtivo de capacidade de resposta às encomendas dos primeiros clientes internacionais; - Criar um departamento de I&D, de modo a aproveitar o know-how da empresa, bem como do quadro técnico que a empresa foi contratando ao longo destes 13 anos, para potenciar a criação de produtos de marca própria a partir de matérias-primas e essências locais (Trás-os-Montes); - Implementar metodologias e ferramentas de produção inovadoras no sector da criação de essências, que nos permita explorar novas áreas comerciais, de modo a aumentarmos as nossas margens e lucros da empresa; - Maximizar a eficiência e a rentabilidade no uso das infraestruturas, através do desenvolvimento de novos produtos que aproveitem a capacidade produtiva instalada; - Aproveitar a logística inerente ao alargamento dos mercados de exportação, de modo a podermos colocar os produtos de marca própria e de menor reconhecimento social em mercados onde esse reconhecimento não seja um factor fundamental na decisão de compra. |
Qual o contributo do COMPETE 2020 para os objetivos que definiram para o projeto? |
Sem o apoio do Compete 2020 seria impossível a empresa conseguir a construção da nova unidade fabril, transferir a linha de produção num período de tempo tão curto e alavancar a realização do projeto, permitindo adquirir equipamentos mais avançados e com maior capacidade de produção. Desta forma posso afirmar que o programa Compete 2020 veio contribuir não só para o crescimento da empresa assim como para o crescimento de toda a região através do desenvolvimento tecnológico e industrial, visando o contributo da geração de riqueza através da criação de emprego na região interior do nosso país, tendo em conta que se trata de uma das maiores empregadoras da região. |
Apoio do COMPETE 2020
O projeto "Criação de unidade industrial de fabricação do perfumes e cosméticos" conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Inovação, envolvendo um investimento elegível de 2,7 milhões de euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 2 milhões de euros.