BIOFLEXPOR Desenvolvimento de uma tecnologia para produção de Bioetanol 2G a partir de resíduos de biomassa florestal e agrícola
Anabela Antunes | Diretora de fábrica da Prio Bio
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Enquadramento
O setor dos transportes em Portugal é um dos setores de atividade com maior consumo de energia. Para além disso, o setor continua muito dependente dos combustíveis produzidos a partir do petróleo, e como tal, este é um dos principais emissores nacionais de gases de efeito de estufa (GEE), sendo também, o setor com maior crescimento de emissões nas últimas décadas.
Deste modo, é no setor dos transportes que urge inverter a tendência crescente de emissões rumo à sua quase total descarbonização até 2050. Alinhado com a estratégia europeia de reduzir em 40% as emissões de GEE até 2030 (em relação aos níveis de 1990), o Governo português elaborou, em 2018, o Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC-2030), bem como o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050), com o objetivo de explorar a viabilidade de trajetórias que conduzam à neutralidade carbónica, a atingir em 2050, bem como identificar os principais vetores de descarbonização e estimar o potencial de redução dos vários setores da economia nacional, como sejam a energia e indústria, a mobilidade e os transportes, a agricultura, florestas e outros usos de solo, e os resíduos e águas residuais.
O RNC2050 apresenta os principais drivers de descarbonização do setor dos transportes, dos quais se destacam a maior eficiência e reforço dos sistemas de transporte público e o recurso aos biocombustíveis e hidrogénio. Posto isto, o recurso aos biocombustíveis, enquanto fonte de energia para o setor dos transportes, pode contribuir para a tão desejada descarbonização, cumprindo as metas, quer do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, quer do Acordo de Paris.
O setor dos transportes não aposta unicamente na mobilidade elétrica, mas pelo contrário, considera a aposta nos biocombustíveis avançados num nível equivalente de ambição. E a razão para esta opção europeia é fácil de entender - os biocombustíveis avançados, produzidos a partir de matérias-primas residuais, são aqueles que estão já disponíveis e que podem apresentar elevadas reduções de emissões de gases com efeito de estufa através da otimização do processamento e conversão bioquímica da biomassa e, no caso dos biocombustíveis líquidos, podem utilizar a infraestrutura atual dos combustíveis fósseis para chegarem ao consumidor. São a forma mais imediata de sustentarem este período de transição energética para a neutralidade carbónica, que deverá ocorrer nas próximas duas décadas.
O Projeto
O projeto BIOFLEXPOR visa desenvolver ações de I&D para desenvolver uma tecnologia de pequena escala para produção de Bioetanol 2G (2ª geração), que permita pré-tratar de forma eficiente e flexível diversas biomassas, agrícolas e florestais. Esta nova tecnologia a desenvolver destina-se a ser instalada em biorrefinarias que processem entre 200 e 700 toneladas por dia (tpd) de biomassa, peso verde residual, quer agrícola ou florestal ou ambas.
A tecnologia de produção de Bioetanol 2G BIOFLEXPOR, que será inicialmente estudada à escala laboratorial através de diversas ações de I&D, deverá permitir processar de forma flexível e eficiente diferentes biomassas residuais, quer agrícolas quer florestais. As soluções tecnológicas serão de seguida implementadas em ambiente relevante (escala piloto - TRL5) com o objetivo de obter novos dados operacionais para validação da informação obtida à escala laboratorial. Esta fase do estudo permitirá planear a configuração final do protótipo e validar a tecnologia BIOFLEXPOR, através da montagem e operação de um protótipo, com a integração de todas as operações unitárias (pré-tratamento, liquefação, hidrólise enzimática e fermentação) envolvidas na tecnologia de produção do Bioetanol 2G, que simule toda uma biorrefinaria de Bioetanol 2G em escala 1:15 (em relação às operações unitárias comerciais). Toda a tecnologia a desenvolver será ambientalmente sustentável quer ao nível das emissões de gases com efeito de estufa quer ao nível de produção zero de resíduos (líquidos ou sólidos).
O projeto contempla ainda um estudo do potencial das biomassas residuais agrícolas e florestais selecionadas e do seu potencial efetivamente disponível para uma futura unidade industrial, através do mapeamento destas biomassas na região CENTRO (NUTS-II), Lezíria do Tejo e Alto Alentejo, bem como um estudo completo de sustentabilidade ambiental, incluindo o nível máximo de emissões de gases com efeito de estufa de toda a tecnologia BIOFLEXPOR.
O Apoio do COMPETE 2020
O projeto BIOFLEXPOR é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 784 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 402 mil euros.
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