Leia a entrevista com Manuel Serrão, Diretor da Associação Selectiva Moda
Em 2018 "as exportações confirmaram as previsões: a indústria têxtil e do vestuário bateu o seu terceiro recorde consecutivo e cresceu 2%, para 5,3 mil milhões de euros." | |
Como nasceu o projeto From Portugal? |
Até 2002 estava a cargo do (na altura) ICEP a organização destas participações conjuntas em várias feiras. As circunstâncias foram alteradas e pediu-se às associações do sector que chamassem a si esta responsabilidade. Isto porque cada um conhecia melhor o seu sector e as necessidades de cada um. Na altura as associações do sector – ATP e ANIL – viram na Associação Selectiva Moda (ASM) a mão direita e esquerda para levar avante estas novas directivas, uma vez que ela própria (ASM) já organizava de raiz uma feira em Portugal – MODTISSIMO – que já vai hoje na edição 53. |
Quantas edições já foram realizadas e quantas empresas envolveram? | Começamos em 2002 com participações duas feiras em Shanghai com tecidos e outras matérias-primas e em Las Vegas, na MAGIC com moda homem senhora e criança, inicialmente com os apoios do Prime e sob o nome “PORTUGAL”. Em 2003 fizemos mais 4 feiras e fomos crescendo até hoje onde apoiamos mais de 1000 participações de empresas em 85 feiras de 35 países em 4 continentes. Em 2010 adotamos a “marca” FROM PORTUGAL que é aplicada em todas as feiras onde participamos. Ao longo destes 17 anos já trabalhamos com mais de 1000 empresas diferentes de todos os subsectores da têxtil vestuário e moda. |
Este modelo tem apresentado resultados efetivos ao nível da concretização dos negócios e aumento efetivo de exportações? |
Os números falam por si! Bem como a crescente adesão de novas empresas. Em 2017 as exportações de têxteis e vestuário atingiram record absoluto no valor de 5.237 milhões de euros, o valor mais alto de sempre registado até à data nas vendas ao exterior desta indústria, tendo conseguido um crescimento de 4% face a 2016. Mas em 2018 as exportações confirmaram as previsões: a indústria têxtil e do vestuário bateu o seu terceiro recorde consecutivo e cresceu 2%, para 5,3 mil milhões de euros. Em suma, este modelo de intervenção tem apresentado resultados extraordinários, na medida em que as empresas participantes têm a possibilidade de mostrar o que de melhor se faz em Portugal, diferenciarem-se positivamente, concretizarem negócios através do contacto direto com os players de mercado e aumentarem, assim, as suas exportações. |
Ir sozinha ou em conjunto? quando deve uma PME saber que está preparada para uma abordagem de mercados sozinha, uma vez que no contexto de um projeto conjunto existe um trabalho preparatório feito por vocês? |
De facto, este modelo contempla uma vantagem inequívoca, porque a maior parte do tecido empresarial da ITV portuguesa não tem disponibilidade logística e/ou financeira para participar nos certames com grande promoção e em grandes áreas. Assim, é de todo vantajoso que numa fase inicial a empresa vá em conjunto com outras participantes e com a organização do evento, que prestará todo o apoio necessário (antes, durante e depois do evento). A empresa estará preparada para se deslocar sozinha às Feiras, quando, numa fase posterior, tiver a perceção e conhecimento profundo do mercado e da Feira e tenha meios próprios para avançar. Mas, até lá a integração num projeto conjunto é crucial. Por outro lado, em algumas feiras é vantajoso apresentar o savoir faire nacional em imponentes pavilhões por países que causa um impacto maior e dá credibilidade à presença de cada empresa. |
Quais são as grandes ambições e os grandes desafios para este projeto em 2019? |
Destacam-se como os grandes desafios deste projeto: a contínua diversificação da internacionalização das empresas, a melhoria da imagem e notoriedade da indústria têxtil e da Moda nacional nos mercados internacionais, a promoção da inovação e ouvir o que o mercado internacional necessita para que as nossas empresas estejam à altura de oferecer os serviços correspondentes. O FROM PORTUGAL agrega empresas de diversas áreas da indústria têxtil e do Vestuário e da Moda, destacando-se também a área de Têxteis Inovadores. É um projeto que também integra empresas de outros setores de atividade, como por exemplo, relacionados com a Fileira Casa e a Decoração de interiores, e em inúmeras aplicações, como no Automóvel, na Saúde, na Proteção de Pessoas e Bens, etc., que têm em comum o objetivo de reforçar a presença nos mercados externos, com vista ao aumento do volume de exportações. |
Da vossa experiência quais os fatores de sucesso para uma empresa conquistar clientes e mercados no exterior? | Sem dúvida que o sucesso passa pela sua qualificação e capacitação para a internacionalização, através da incorporação de fatores dinâmicos de competitividade, como a qualidade, a inovação e a investigação tecnológica, a criatividade e o design, a constituição de alianças e parcerias, bem como a coordenação de ações entre empresas, como a participação no From Portugal. Só desta forma haverá aumento de valor acrescentado e diferenciação positiva no âmbito dos mercados externos. |
Qual a relevância do COMPETE 2020 para esta abordagem conjunta à conquista de mercados? |
O apoio do programa operacional temático COMPETE 2020 reveste-se de extrema relevância, sobretudo no que diz respeito à qualificação de empresas que ainda não tenham encetado processos de internacionalização ou que os queiram reforçar. O COMPETE 2020 adota estratégias/sistemas que promovem o reforço da competitividade da economia portuguesa e a sua presença internacional, mobilizando e potenciando recursos e competências para a criação de emprego e a retoma da convergência com as economias mais desenvolvidas da União Europeia. No que diz respeito à Internacionalização fomenta o conhecimento dos mercados externos; prospeção e presença em mercados internacionais; marketing internacional; presença na web; desenvolvimento e promoção internacional de marcas; certificações para mercados externos; inovação organizacional nas práticas comerciais e nas relações externas. |