Ghisallo - Uma nova solução de comutação urbana, assente num novo conceito de veículo elétrico de próxima geração
O projeto Ghisallo pretende o desenvolvimento de uma nova solução de comutação urbana (desenhada e concretizada em Portugal) baseada num novo conceito de veículo elétrico de próxima geração que garanta uma deslocação segura, confortável, rápida, saudável, ecossustentável, inteligente e multimodal.
Enquadramento
Nas cidades com elevada densidade populacional, a mobilidade e a qualidade do meio-ambiente constituem duas preocupações de acentuada relevância para os cidadãos. Procuram-se cada vez mais alternativas que satisfaçam a necessidade de comutação dos seus habitantes (do inglês “commute”, entendida como a deslocação diária entre casa-trabalho e trabalho-casa), de uma forma sustentável e eficiente, e que levem à redução da utilização do automóvel particular, visando melhorias consequentes a nível do trânsito, da qualidade do ar e da redução do consumo de combustíveis fósseis. Neste sentido, a utilização de bicicletas como meio de transporte dentro das grandes metrópoles tem sido crescentemente valorizada, inclusive pelo cidadão comum, não apenas pelos seus efeitos práticos (e.g. fuga ao congestionamento urbano e menos despesas), mas também pelo seu impacto positivo em termos de saúde e ambientais. Contudo, existem algumas restrições à utilização quotidiana da bicicleta enquanto meio de locomoção e/ou deslocação preferencial para o trabalho, que se prendem essencialmente com o sentimento de insegurança ou problemas evidentes de esforço, conforto e comodidade.
É neste contexto que a Sonae aproveitou a oportunidade para lançar o desafio de (re)imaginar a experiência de deslocação urbana, no que concerne às viagens casa-trabalho-casa, numa lógica de mobilidade suave e pela ótica do utilizador final. O desafio foi proposto, no ano letivo de 2015/2016, a estudantes que frequentavam um programa de inovação produtiva, inserido no âmbito de uma parceria da Universidade de Stanford com um conjunto de universidades internacionais que integram a “Stanford University Global Alliance for Redesign”. Desse desafio nasceu o conceito da “Ghisallo”.
O Projeto
Face à oportunidade identificada, o projeto Ghisallo, promovido pelas empresas Sonae MC, (promotor-líder), VR Motors, Manuel Soares Gonçalves, e pelas entidades do SCTN Universidade de Aveiro e CEIIA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento, tem como objetivo principal o desenvolvimento de uma nova solução de comutação, baseada num novo conceito de veículo elétrico de próxima geração que garanta uma deslocação segura, confortável, rápida, saudável, ecossustentável, inteligente e multimodal.
Recorrendo a competências de diferentes áreas tecnológicas (e.g, Engenharia Mecânica e Automação, Eletrónica e Informática, Design industrial), a concretização do objetivo geral do projeto assentará em 4 blocos principais, que terão como resultado final um protótipo à escala real de um Veículo de três rodas (triciclo) facilmente dobrável e manobrável, estável e muito leve, integrando periféricos de última geração que reforçam os princípios de segurança, confiança do utilizador (Bloco I), que será assistido por um Motor Elétrico de relutância variável, de eficiência superior e capacidade de regeneração (Bloco II). Adicionalmente, uma Interface de utilizador móvel intuitiva permite a interação com o condutor e controlar todas as funcionalidades tecnológicas avançadas do veículo (Bloco III), enquanto uma Plataforma de Conetividade de próxima geração, alinhada com os conceitos de “Smart Cities” e “Smart Velomobility”, aportará, transversalmente, uma mobilidade inteligente (Bloco IV).
- Bloco I: Veículo
O bloco “Veículo” é constituído por dois subconjuntos de componentes inovadores: “Quadro e Esquema de Folding” e “Sistema de Direção e Suspensão”, e um terceiro subconjunto, que engloba os restantes componentes/periféricos.
- Bloco II: Motor elétrico
O motor de assistência elétrica ao veículo da solução Ghisallo será desenvolvido tendo em conta a interação do utilizador com outros transportes públicos, visando assim um desempenho ótimo com autonomia para distâncias curtas (o “commute” médio” é de 12-15 km) e de peso (incluindo baterias), custo e tempos de recarga os mais reduzidos possível. Assim, face às caraterísticas das atuais soluções de mercado, pretende-se a investigação e desenvolvimento de um motor de relutância magnética, que será completamente inovador, com maior eficiência energética, binário, e capacidade de regeneração, permitindo um melhor uso da bateria e aumentando o seu tempo de vida.
- Bloco III: Interface de utilizador
A Interface de utilizador móvel e amigável/intuitiva tem como principal objetivo a gestão das funcionalidades tecnológicas do veículo por parte do condutor, nomeadamente no que diz respeito ao controle ou personalização da assistência elétrica do motor. Nesse sentido, ao invés da tradicional consola acoplada ao veículo, comum em veículos com assistência técnica, a solução Ghisallo permitirá ao utilizador controlar a assistência do motor através do seu dispositivo móvel via uma aplicação dedicada.
- Bloco IV: Plataforma de conetividade e inteligência
Uma verdadeira solução de comutação urbana inovadora deverá estar preparada para funcionar numa lógica de ecossistema digital, captando informação essencial do ambiente em redor e atuando como um multi-sensor móvel nas cidades, de forma alinhada com o conceito “smart velomobility”. Considerado em grande escala, este conceito tem como base a ideia de uma infraestrutura “codificada”/”distribuída” de veículos, smartphones, sensores vários, um servidor remoto, etc.
Segundo Ana Machado Silva, Senior Project Manager na SONAE MC e responsável do projeto Ghisallo “[o] apoio do COMPETE 2020 foi fundamental para o desenvolvimento, ainda em curso, de uma nova solução de mobilidade suave urbana. Permitiu ao consórcio mobilizar os recursos certos para endereçar e ultrapassar os desafios tecnológicos que um projeto desta natureza apresenta.” |
O Apoio do COMPETE 2020
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 812 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de 531 mil euros.