FLOWARE - Investigação e desenvolvimento de uma linha de produtos de Grés de Chama (flameware)
Enquadramento e Síntese do Projeto
A louça cerâmica é cada vez mais usada em circunstâncias que põem à prova a sua resistência ao choque térmico: transferência direta do congelador para o forno (elétrico, de micro-ondas ou a gás), confeção direta sobre placa de indução, placa elétrica, ou queimador a gás. Quaisquer destas utilizações sujeitam a louça a situações de choque térmico, que é moderado no caso dos fornos, violento no caso do aquecimento direto sobre placa de indução e placa elétrica e muito violento no queimador a gás. Estes três graus de violência de choque térmico deram origem a uma classificação de produto que os mercados aceitam e reconhecem: ovenproof (louça de forno) para os produtos que resistem ao choque térmico moderado e flameproof (louça de chama) para os produtos que resistem ao choque térmico violento e muito violento.
Com o projeto FLOWARE, foram desenvolvidas duas pastas (plástica e barbotina) e três vidrados (transparente, opaco e mate), para com eles fabricar um produto capaz de suportar as tensões termomecânicas resultantes da ação direta da chama dos queimadores dos fogões domésticos e industriais (flameproof).
A Entrevista
Entrevistamos Carlos Pinto, Diretor Fabril da Grestel e responsável do projeto, que nos falou do FLOWARE, dos seus objetivos, desafios e resultados: | |
Considera que foram alcançados os objetivos definidos para o projeto? | Podemos considerar o projeto FLOWARE um sucesso, com todos os seus objetivos a serem alcançados. Estava proposto o desenvolvimento de uma pasta de grés capaz de aguentar a chama direta de um fogão, com baixa absorção de água (<0,5%) e com a possibilidade de serem aplicados diferentes vidrados (opaco, transparente e mate). No final do projeto foi possível apresentar um conjunto variado de peças de grés capazes de aguentarem a chama direta de fogões domésticos e industriais (4,4 MW) e que mantêm a identidade estética e apelativa dos produtos Grestel. |
Quais são os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto? |
O projeto FLOWARE deparou-se com uma serie de desafios, de entre os quais destacam-se: - A formação de fases cristalinas de baixo coeficiente de expansão térmica no vidrado e na pasta, durante o arrefecimento, consumindo assim pouca energia (método petrúrgico); Este processo exigiu o desenvolvimento de uma curva de cozedura inovadora, que necessita que os fornos tenham que voltar a ligar os queimadores durante o arrefecimento. - A densificação da pasta através da utilização de fritas de boro, facilitando a cinética de densificação por mecanismos de rearranjo e de solução precipitação, a temperaturas baixas; - O controlo rigoroso da temperatura e de todo o processo produtivo de forma a evitar deformações nas peças. |
De entre os resultados alcançados, há algum que gostaria de destacar? | Para além do desenvolvimento de um produto em grés monocozedura, capaz de aguentar a chama direta de fogões a gás (domésticos e industriais), destaca-se o desenvolvimento de uma nova curva de cozedura, com a introdução de um patamar durante a fase de arrefecimento, que permitiu a criação das estruturas cristalinas responsáveis pelo aumento de resiliência das peças. Esta nova curva de cozedura representa uma inovação na indústria de grés e requereu alterações aos fornos utilizados. |
O Consórcio
O projeto FLOWARE contou com uma colaboração eficaz entre as empresas produtoras das matérias-primas fundamentais para a produção de peças em grés - pasta e vidrado - (copromotor Mota II - Soluções Cerâmicas, S.A.) e os produtores de peças em grés (Grestel - Produtos Cerâmicos, S.A.), ambas com apoio cientifico especializado e pontual da comunidade do sistema de investigação cientifica nacional no âmbito dos materiais cerâmicos e compósitos (Universidade de Aveiro).
O Apoio do COMPETE 2020
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica (I&DT Empresarial) em Co-promoção, envolvendo um investimento elegível de um milhão de euros o que resultou num incentivo FEDER de 586 mil euros.