Indústria nacional de calçado quer investir 160 milhões de euros em inovação, internacionalização e qualificação
Até 2020, a indústria portuguesa de calçado propõe-se investir cerca de 160 milhões de euros e pretende fazer do setor «a referência internacional da indústria de calçado pela sofisticação e pela criatividade».
Foi na Micam, a maior e mais prestigiada feira mundial de calçado, que decorre de 1 a 4 de Setembro em Milão que a APICCAPS (Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Pele e seus Sucedâneos) informou que prevê investir nos próximos cinco anos cerca de 160 milhões de euros na inovação, qualificação e internacionalização do sector, com o apoio de fundos europeus.
Do valor total, 50 milhões de euros serão canalizados para a área da inovação, 70 milhões para o reforço da internacionalização, e 36 milhões para a qualificação de recursos deste importante sector nacional. Pela primeira vez, esta indústria candidatou-se formalmente com um cluster do calçado e da moda no âmbito do Portugal 2020, o novo ciclo de fundos comunitários.
Na verdade, a Associação já agia desde a sua fundação como um cluster, grupo dos vários tipos de empresas do sector e componentes de produtos associados, mas agora a candidatura é formal. «Não é coisa pouca. É ambicioso. Mas a ambição do sector tem sido concretizada em metas importantes como a afirmação no mundo e a presença nos mercados», afirmou Manuel Carlos, Diretor-Geral da APICCAPS.
Para a próxima década, a Associação assume como objetivo fazer do sector «a referência internacional da indústria de calçado pela sofisticação e pela criatividade, reforçando as exportações portuguesas alicerçadas numa base produtiva nacional sustentável e altamente competitiva, fundada no conhecimento e na inovação». Portugal voltou a levar uma comitiva recorde de 93 empresas à Micam, destacando-se como a segunda maior delegação estrangeira presente na feira, anunciou a organização.
Também presente na feira, o Ministro da Economia sublinhou que o apoio dos fundos comunitários a atribuir deverá cifrar-se em cerca de 30%.
António Pires de Lima crê que será “natural” a aprovação desta candidatura face à «qualidade das empresas», mas salientou que os «fundos não são automáticos» nem a «fundo perdido», são antes «reembolsáveis para poderem ser investidos na economia e terem um efeito multiplicador».
Reforçando a importância da iniciativa privada, considerou que seria muito negativo que os 160 milhões «só fossem investidos se existissem fundos comunitários».
De acordo com a APICCAPS, as exportações do sector de calçado aumentaram 49% na última década e em 2014 atingiram o valor máximo de 1978 milhões de euros. Esta indústria exportou já na primeira metade deste ano 39 milhões de pares de sapatos, no valor de 887 milhões de euros.
António Pires de Lima acrescentou que em 2,3 mil milhões de euros de produção nesta indústria, mais de dois mil milhões são para exportação e «com o segundo maior preço do mundo».
Efetivamente, Portugal exporta anualmente mais de 95% da sua produção de calçado para mais de centena e meia de países.
Fontes: Agência Lusa e Público.